água (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2014 às 08h09.
Embora tenha lançado campanha pela economia de água até com desconto para quem reduzir o consumo, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) não cumpriu suas metas e desperdiçou mais água durante a sua distribuição do que os 25% que tem divulgado. Na prática, o índice real de perdas no trajeto entre a represa e a caixa dágua dos consumidores cresceu entre 2011 e 2012, atingindo 32,1% do volume produzido.
Os dados constam de um relatório técnico divulgado neste mês pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp), que fiscaliza a Sabesp. Pelos cálculos, o volume anual de água perdida aumentou em 85,7 bilhões de litros em vez de diminuir. A quantidade é suficiente para abastecer uma cidade com mais de 1,1 milhão de habitantes como Campinas. A meta, contudo, era reduzir esse índice para 30,6%, ante os 30,7% de 2011.
Segundo a Sabesp, contudo, o nível de perda entre esses dois anos ficou praticamente estável em 25,7%. A diferença ocorre porque o índice divulgado pela companhia compara o volume disponível para distribuição com o volume de água que é pago pelos consumidores. Na situação atual, este conceito não reflete adequadamente as perdas que ocorrem no sistema de abastecimento, afirma o relatório da Arsesp.
A agência alega que o índice da Sabesp não é o real porque considera um volume de água faturado pela empresa mas que não foi consumido pelas pessoas. Isso ocorre porque a empresa cobra uma tarifa mínima de R$ 16,82 por mês de quem consome até 10 metros cúbicos, mesmo se o consumo for menor. Somente acima desse índice é que a tarifa é cobrada por metro cúbico utilizado.
A alteração ou eliminação desse consumo mínimo, que deverá ser analisada na proposta da nova estrutura (revisão tarifária), provocará significativa alteração no nível das perdas de faturamento e manterá inalterado o nível de perdas efetivas, aponta a Arsesp. A revisão da tarifa está sendo discutida neste momento e os novos valores entrarão em vigor em abril. A Sabesp queria reajuste de 13%, mas a agência o limitou a 4,66%.
Com as perdas efetivas de água, a diferença entre o índice da Sabesp e a média nacional fica menor. Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades, a perda média em todo o País foi de 38,8% em 2011, último dado disponível. O novo índice da companhia paulista surpreendeu até quem atua no setor, como o engenheiro hidráulico e professor da Escola Politécnica da USP Rubem La Laina Porto.
Isso é novidade para mim, mas mostra a importância de se ter uma agência reguladora para um serviço que é um monopólio natural, que é o abastecimento de água. A maior parte das perdas ocorre nos ramais, que fazem a ligação dos dutos até as residências. Eles ficam enterrados, são muito antigos e têm um diagnóstico e um reparo mais difícil, disse Porto.
Tendência
Em nota, a Sabesp informou que não há índice certo ou errado para calcular as perdas no sistema de abastecimento e que cada indicador tem uma finalidade e deve ser usado de acordo com a necessidade para avaliar o sistema.
Segundo a companhia, o índice de perdas efetivas em 2013 foi de 31,2%. É importante ressaltar que cada ponto porcentual reduzido em perdas significa uma sobra de água para abastecer 300 mil pessoas. Em qualquer critério. Assim, a queda de dez pontos porcentuais ocorrida entre 2004 e 2013 resulta em uma sobra de água suficiente para abastecer 3 milhões de moradores, informou a Sabesp. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.