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Diego Ramos, presidente da ACATE, apresenta a proposta de aceleração para empresas já estruturadas
Editor da Região Sul
Publicado em 13 de agosto de 2025 às 14h49.
Última atualização em 13 de agosto de 2025 às 16h02.
Em um movimento ousado para estimular o fortalecimento do ecossistema de inovação, a Associação Catarinense de Tecnologia acaba de lançar o Acate 1 bi. O programa é voltado exclusivamente para empresas de tecnologia que já superaram a marca de R$ 30 milhões em faturamento anual.
A ideia é estimular o crescimento dos participantes a patamares de R$ 100 milhões e R$ 500 milhões, tendo como foco a meta para que mais companhias passem a integrar o seleto clube do R$ 1 bilhão de receita anual. "Nosso ecossistema é uma máquina de criar novas empresas, agora queremos tornar esses negócios com faturamentos bilionários, oferecendo eventos para networking, mentorias e conteúdo especializado”, diz Diego Ramos, presidente da Acate. Duas empresas de softwares corporativos, a Senior Sistemas, de Blumenau, e a Softplan, de Florianópolis, vão receber a carteirinha de sócias no clube do R$ 1 bilhão ainda neste ano.
A iniciativa reúne representantes de 80 companhias com sede em diferentes regiões do estado, como a RD Station e a Softplan, da Grande Florianópolis; Hiper, do Vale do Itajaí; NDD Tech, da região serrana; Nord Electric, no oeste; e Procer, no sul. Juntas, essas lideranças buscarão manter o ritmo de expansão do setor dos últimos anos, gerando impacto para todo o ecossistema catarinense e ampliando sua competitividade nacional e internacional.
No estado como um todo, o segmento representa 7,5% do PIB, a terceira maior participação estadual do país, e emprega quase 90 mil pessoas em 27,6 mil empresas, com faturamento total de R$ 38,3 bilhões, conforme dados do Observatório Acate. Atualmente, das cinco maiores empresas na área de softwares corporativos do país, três são catarinenses: em terceiro lugar está a Senior Sistemas, seguida pela Softplan e pela Neogrid.
Segundo Everton Gubert, CEO da Agriness e diretor do programa, o Acate 1 bi nasceu da identificação de desafios de companhias que já superaram a fase de aceleração inicial e, agora, demandam estruturas mais sofisticadas de apoio. “Essas empresas buscam espaços de troca entre pares, acesso a conhecimento de ponta e articulação com o mercado, fundos e governo”, explica. O programa foi estruturado com base em três pilares centrais: networking qualificado entre líderes com desafios semelhantes; conteúdo de alto nível direcionado a temas como governança, sucessão, expansão internacional e ESG; e conexões estratégicas que fomentem sinergias, parcerias comerciais, mentorias e até processos de fusão e aquisição.
Os encontros do grupo serão realizados de forma bimestral, sempre de maneira presencial e com curadoria especializada. As atividades incluirão palestras com executivos de referência nacional e global, estudos de caso com membros do próprio grupo, dinâmicas de mentoria e momentos de convivência informais, como almoços de negócios e missões internacionais. O primeiro encontro, realizado sexta-feira, 8, contou com a participação e a palestra de Farlei Kothe, CEO do Grupo Stefanini para América do Norte, Europa, África, Ásia e Oriente Médio, além da presença de cerca de 50 empresários.
Entre os exemplos de expansão acelerada está a Audaces, multinacional ítalo-brasileira especializada em soluções tecnológicas para a indústria da moda. A empresa acaba de inaugurar sua nova sede em Florianópolis. O espaço faz parte plano de expansão da fashiontech até 2030, que prevê dobrar o seu faturamento ano a ano e atingir 70% de market share global em soluções tecnológicas para o setor.
Com 1, 8 mil metros quadrados de área construída e investimento total de mais de R$ 10 milhões, o local foi projetado para operar como um hub de tecnologia e inovação, que conecte toda a cadeia produtiva da moda, unindo designers, acadêmicos, marcas e profissionais do segmento. A nova sede conta com um estúdio para experimentação de processos em tempo real e um ambiente voltado para a inovação aberta e a integração de startups, universidades, franqueados e distribuidores.
“Nossa nova sede representa um marco para a Audaces e para o ecossistema de moda e tecnologia. Criamos um ambiente que vai além do tradicional espaço corporativo, fomentando a criatividade, a colaboração e a busca por soluções inovadoras. Queremos que este local se torne um ponto de encontro para aqueles que desejam transformar a indústria da moda”, afirma Matheus Fagundes, CEO da Audaces nas Américas. A Audaces é uma multinacional ítalo-brasileira, referência global em tecnologia para a indústria da moda e têxtil. Com mais de 30 anos de experiência, a empresa está presente em mais de 100 países, atendendo a 70 mil profissionais.
Fábrica de agentes de IA
Atenta às transformações corporativas e comprometida com a inovação, a Senior Sistemas anunciou a criação de uma espécie de “fábrica” de agentes de IA. Desenvolvidos com um propósito claro — simplificar o dia a dia das organizações —, esses agentes auxiliam na superação de entraves comuns à gestão, como o excesso de dados, a escassez de tempo para análises estratégicas e a dependência de equipes técnicas para acessar informações. A tecnologia já está sendo aplicada em áreas como ERP, HCM, Finanças, Indústria, Logística, Agro e Construção.
Uma das inovações dos agentes inteligentes da Senior está na capacidade de colocar o poder da IA nas mãos do cliente. Após fases estruturadas de desenvolvimento interno e validação com usuários reais, o projeto projeta seu ponto mais transformador: o empoderamento do cliente. A ideia é oportunizar que cada empresa possa treinar seus próprios agentes com base em seus dados, regras e necessidades específicas — sem depender de áreas técnicas ou desenvolvedores.
Essa autonomia irá representar uma mudança de paradigma na forma como as organizações se relacionam com a tecnologia: o cliente deixa de ser apenas usuário e passa a ser cocriador de soluções personalizadas — com segurança, escalabilidade, controle e sem necessidade de conhecimento em programação. Apenas neste ano, a multinacional disponibiliza mais de 50 agentes de IA voltados à gestão empresarial. Além de responder perguntas, esses assistentes são capazes de gerar análises e executar ações automaticamente, eliminando gargalos na tomada de decisão e impulsionando a produtividade em diferentes áreas.
“Essa arquitetura permite consultas em linguagem natural sobre dados organizacionais de forma rápida e contextualizada. Cada agente é modular e oferece análises, recomendações e ações automatizadas. A estrutura robusta garante segurança, escalabilidade e controle por tenant, em conformidade com a LGPD e com o Manifesto de IA da empresa”, explica Carlos Valle, diretor-executivo de Pesquisa e Desenvolvimento na Senior.
Esta semana a Senior Sistemas anunciou crescimento de 21,7% em receita líquida no segundo trimestre de 2025 no comparativo com o mesmo período do ano passado, totalizando R$ 287,7 milhões. “Esse crescimento foi impulsionado principalmente pela Receita Cloud, que cresceu 27%, encerrando o trimestre em R$ 150,2 milhões e representando 58,1% da Receita Recorrente Bruta do trimestre”, diz Carlênio Castelo Branco, CEO da Senior.
Da medicina à ciência de dados
Médico radiologista, Ademar Paes Junior começou a se interessar por tecnologia no início dos anos 2000. Na época, ficava surpreso ao ver que muitos executivos tomavam decisões de gestão de forma intuitiva, sem apoio de dados. Desde então estuda o assunto e busca soluções que possam gerar conhecimento - e ganhos de eficiência - a partir de informações da operação de empresas. O passo seguinte, dado em 2020, foi a criação de uma startup que usa big data, inteligência artificial e interoperabilidade para hierarquizar, analisar e enriquecer dados de mercado que ajudam empresas a aperfeiçoarem suas estratégias comerciais.
Prestes a completar cinco anos, a LifesHub avançou de forma sólida no período. Hoje atende grandes clientes nacionais – nomes como Siemens, DASA, Fleury e Unicred, entre outras - mantém uma sede em Florianópolis e escritório em São Paulo, aberto no primeiro semestre, e desenvolve projetos de mapeamento de mercados na Argentina e na Colômbia. Os produtos da empresa que planeja alcançar receita de R$ 100 milhões em 2027 também ganharam em complexidade.
No início, o foco era a inteligência de mercado, com foco na área de Growth e de apoio à área comercial. Ao longo do tempo foram incluídos serviços que vão desde análises de redes sociais até estruturação de data lakes avançados, criados graças à capacidade da equipe de trabalhar com interoperabilidade. A partir daí, houve avanços com hiper automações e a criação de agentes de IA para otimização de rotinas e ganhos de eficiência.
“No dia a dia, as empresas acumulam um volume gigantesco de dados sobre o mercado e seus clientes. A tecnologia possibilita o cruzamento dessas e de outras informações, obtidas em fontes públicas, para a geração de conhecimento que serve de base para decisões estratégicas”, diz Ademar. "A tecnologia permite que esse conhecimento seja usado em diferentes áreas das organizações e gerem redução de custos com ganho de eficiência".
Nos primeiros anos, a LifesHub não tinha como preocupação central a geração de negócios. Na época, em plena pandemia da Covid 19, a plataforma foi usada para analisar inúmeras variáveis e apoiar gestores públicos, empresários e profissionais de saúde no planejamento de ações de enfrentamento da doença. Superado o momento mais crítico da crise sanitária, Ademar e outros especialistas envolvidos no projeto perceberam que as milhares de informações públicas organizadas com auxílio da ciência de dados poderiam ser usadas para ajudar empresas a vender mais. Os primeiros passos da empresa foram na área de saúde, com clientes regionais. Hoje a empresa avançou para outros segmentos – passou a atender os mercados financeiro, de energia, de varejo e de construção civil.