Automação: empregos mais impactados serão os com baixos salários (Jeff J. Mitchell/Getty Images)
Victor Caputo
Publicado em 28 de dezembro de 2017 às 16h16.
A automação não provocará desemprego em massa, mas pode exacerbar a desigualdade ao transferir o trabalho para ocupações criativas e de tomada de decisão, afirmou um think tank do Reino Unido.
O Institute for Public Policy Research estima que a tomada do controle por computadores e robôs poderá elevar a produção econômica do Reino Unido em 10 por cento até 2030, graças aos ganhos de produtividade, mas que o impacto da mudança provavelmente será sentido no segmento de baixa qualificação, cujo salário anual equivale a 290 bilhões de libras (US$ 390 bilhões) por ano. Os empregos com baixos salários têm probabilidade cinco vezes maior de serem eliminados em comparação com as funções mais bem pagas, e, sem políticas governamentais corretivas, o resultado provável para a sociedade é a distribuição menos equitativa de riqueza, renda e poder.
“A maioria dos empregos provavelmente será realocada, e não eliminada, a produção econômica aumentará e serão criadas novas fontes de riqueza”, afirmou o relatório. “Por isso, o maior desafio da automação será a distribuição justa de suas recompensas.”
A automação pode ajudar a resolver o quebra-cabeça da produtividade do Reino Unido após anos de ganhos fracos de produção por trabalhador. Devido ao investimento fraco do passado, o Reino Unido tem espaço para alcançar seus pares na adoção de novas tecnologias, segundo o IPPR. O Banco da Inglaterra calcula que produtividade começará a acelerar no ano que vem.
Muitos empregos já podem ser repassados a computadores e robôs com a tecnologia atual, segundo o IPPR. Os setores de transporte, manufatura e comércio atacadista e varejista estão entre os prováveis afetados. E como os homens superam as mulheres em número em áreas de qualificação elevada, a automação também poderia aumentar a desigualdade de gênero.
Para reduzir o ônus social dessa mudança, o governo precisa oferecer mais apoio às pessoas e empresas para ajudá-las a se posicionarem no novo ambiente econômico, afirmou o instituto. O IPPR também defendeu a criação de um órgão para regular a automação e as novas formas de propriedade do capital para evitar a concentração indevida de riqueza.
“Isso poderia incluir também a criação de fundos de propriedade de funcionários para conceder aos trabalhadores uma fatia maior das empresas para as quais trabalham e uma declaração de titularidade sobre o valor que eles ajudam a criar”, afirmou.