Tecnologia

Robôs tornarão empresas mais produtivas, diz Microsoft

Paula Bellizia vê o tempo como um recurso que pode ser economizado pelas empresas com o uso de inteligência artificial

A Revolução do Novo: Paula Bellizia, Cristina Junqueira e Romero Rodrigues debatem inovação com André Petri (Maurício Grego/Site Exame)

A Revolução do Novo: Paula Bellizia, Cristina Junqueira e Romero Rodrigues debatem inovação com André Petri (Maurício Grego/Site Exame)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 21 de março de 2017 às 11h38.

Última atualização em 21 de março de 2017 às 14h46.

São Paulo – Para Paula Bellizia, presidente da Microsoft Brasil, a inteligência artificial vai tornar as empresas mais produtivas, realizando tarefas repetitivas de maneira mais eficiente do que os humanos. A declaração foi dada durante o primeiro debate sobre tecnologia do fórum A Revolução do Novo, que contou com a participação de Cristina Junqueira, cofundadora e vice-presidente do Nubank, e Romero Rodrigues, fundador e ex-CEO do Buscapé. A mediação foi feita pelo diretor de redação de VEJA, André Petry.

“Talvez não percebamos ainda, mas a inteligência artificial já é realidade, e não mais uma tendência. Ela está nos motores de automações de processos do Nubank e nas empresas financiadas pelo Romero na Redpoint ventures”, declarou Bellizia.

Para a presidente da Microsoft Brasil, a tecnologia pode ajudar empresas a aumentar a produtividade devido à velocidade dos processos automatizados.

“Um princípio da inteligência artificial é que o tempo é o único recurso igualmente escasso para todos. A tecnologia pode resolver a produtividade em tarefas repetitivas. Elas tiram o ‘peso’ das realizações da empresa”, afirmou Bellizia, que citou ainda bots e aplicativos como exemplos para a nova realidade empresarial – sempre acompanhados de uma infraestrutura de nuvem que atenda plenamente a companhia.

Ao falar sobre a baixa produtividade dos trabalhadores brasileiros, Rodrigues disse acreditar que a inteligência artificial vai “roubar empregos” dos humanos. “Tarefas cognitivas muito complexas que sejam repetitivas estão condenadas. O IBM Watson já é usado para o diagnóstico de câncer é um exemplo disso. A eficiência do trabalhador brasileiro vai melhorar com a inteligência artificial porque essas funções simplesmente não vão mais existir”, de acordo com o fundador do Buscapé, que também é sócio do fundo de investimentos Redpoint ventures.

Todos os executivos concordaram que haverá, de fato, uma ruptura nos empregos no futuro que poderá ser solucionada com a educação. Bellizia citou como exemplo de profissão para humanos para os próximos anos a do cientista de dados, que busca extrair valor da vasta gama de dados coletados atualmente.

Com isso, Junqueira vê que os “robôs” irão impor novas metas para as empresas. “O grande desafio passa a ser na educação. Se as pessoas não forem treinadas a executar outras tarefas, vai ficar complicado para elas no futuro”, declarou a vice-presidente do Nubank, empresa que ela define como uma companhia de tecnologia que atua no ramo de cartões de crédito.

Disrupção na Garagem

Os executivos disseram que ficar para trás em alguns setores, como infraestrutura e serviços, não chega a prejudicar a adoção de tecnologias novas.  A tecnologia hoje está disponível de forma que é acessível a qualquer empresa. Não só um grande banco tem acesso ao que é mais moderno. Uma empresa em uma garagem pode ter acesso a tecnologia para desafiar uma empresa estabelecida”, disse Bellizia. “O Brasil não precisa passar por passos de desenvolvimento tecnológico que outros países passaram. Mas é claro que vai dar trabalho para chegarmos ao patamar que almejamos.”

Rodrigues citou, como exemplo disso, o alto uso de celulares em países da África do Sul, que têm desenvolvimento tecnológico atrasado. “As pessoas se adaptaram mais rapidamente ao celular por falta de investimento de infraestrutura para as etapas tecnológicas anteriores”, declarou o fundador do Buscapé.

Já Junqueira lembrou que o Brasil ainda precisa de um ambiente e de infraestrutura mais favoráveis para a atuação de empresas de tecnologia, que podem receber aportes internacionais.

Próximo Uber

Ao serem perguntados por André Petry sobre qual será a próxima empresa a inovar a um ponto similar ao da Uber, os executivos deram suas visões atreladas aos seus segmentos.

“É difícil prever qual será o próximo Uber. No estágio em que investimos nas startups é praticamente impossível. Boa parte do trabalho do investidor de risco é identificar padrões. Você sabe as coisas que podem dar errado. O ser humano tem a tendência de se ater a exceções. O fato de dar certo uma vez não quer dizer nada”, disse Rodrigues, ressaltando que é preciso apostar em modelos de sucesso de várias empresas, não de uma só.

Já Junqueira lembrou que o Brasil ainda tem muito a melhorar em seu segmento. “O que fizemos no Nubank pode nos ajuda a encontrar oportunidades. Falando em serviços financeiros, brasileiros pagam as maiores taxas do mundo e têm uma das piores experiências do mundo. Essa é uma área para inovar”, afirmou a vice-presidente do Nubank.

Já Bellizia compartilhou a experiência de sua companhia na adaptação para a dominância dos smartphones. “Tivemos que nos canibalizar. Nos destruímos para nos reconstruirmos em um novo modelo de negócios. Se vocês não pensaram na disrrupção dos seus negócios, alguém está pensando. É importante que você saiba que existem anticorpos da sua empresa e é preciso destruí-los para inovar. Toda empresa é uma empresa de tecnologia, não dá para escapar”, finaliza Bellizia.

A Revolução do Novo é parte de uma série de três encontros que têm o objetivo de discutir inovação nas empresas. O evento aborda assuntos como gestão, tecnologia e sustentabilidade.

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