Tecnologia

Robôs surgem como solução para falta de enfermeiros

Robôs estão em desenvolvimento para cuidar de pacientes diante do envelhecimento mundial da população

Enfermeiros: robôs podem ser aliados diante do envelhecimento da população mundial (Bartek Sadowski/Bloomberg/Bloomberg)

Enfermeiros: robôs podem ser aliados diante do envelhecimento da população mundial (Bartek Sadowski/Bloomberg/Bloomberg)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 22 de agosto de 2019 às 13h33.

Em meio à escassez cada vez maior de enfermeiros qualificados no Reino Unido, alunos e professores da Imperial College London estão desenvolvendo um robô com habilidosos dedos produzidos por impressão 3D para dar assistência a idosos e pessoas com limitações físicas.
A atual versão do robô, chamado carinhosamente de Baxter, tem dois braços mecânicos, um rosto animado e sensores para analisar padrões e perceber se um usuário está com dificuldade para levantar ou mover pernas e braços.

“Há uma necessidade crescente de tecnologias que permitam que as pessoas mantenham sua independência e, assim, satisfaçam o desejo humano fundamental de privacidade e dignidade”, disse Yiannis Demiris, diretor do laboratório de robótica pessoal da instituição londrina, em entrevista.

O Baxter foi originalmente criado em 2011 por uma startup dos EUA e, desde então, se tornou um dos principais robôs na pesquisa acadêmica, apoiando o aprendizado de robótica por estudantes mais avançados. O aparelho já foi testado em ajuda humanitária na África e em linhas de produção industriais.

Robo Baxter De Niro – London Imperial College

(London Imperial College/Divulgação)

Na Imperial College, o objetivo é melhorar sua capacidade de perceber movimentos e refinar habilidades para que cumpra tarefas como vestir alguém. Os cientistas também estão imprimindo “dedos” em 3D, aumentando sua destreza.

O Baxter analisa os movimentos que observa ao longo do tempo, permitindo que profissionais de saúde entendam se a mobilidade do usuário do robô está se alterando. O Baxter consegue, por exemplo, ajustar sua própria posição para ajudar uma pessoa a vestir uma camisa.

Segundo Demiris, a inteligência artificial é crucial para que assistentes robóticos aprendam sobre as preferências e habilidades dos usuários, de modo a “personalizar sua assistência e maximizar seus benefícios”.

Os pesquisadores da Imperial College viram a necessidade de criar uma versão do Baxter quando contrastaram a escassez de enfermeiros com o envelhecimento populacional.

Nos 12 meses até março, estavam vagas pouco mais de 10% das posições de enfermagem no Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido, segundo o próprio órgão.

Nos EUA, também faltam enfermeiros e um relatório da Health Affairs prevê agravamento do quadro por causa das polêmicas em torno da imigração. Mais de um quarto dos enfermeiros que oferecem cuidado direto no país não nasceu lá.

O Japão lançou sistema de cuidado de idosos por robôs.

A SoftBank Robotics opera um humanoide chamado Pepper que está trabalhando em casas de repouso da Silver Wing Social Welfare em Tóquio. A queda da taxa de natalidade e o aumento da expectativa de vida ampliaram a parcela de idosos na população. Hoje mais de 27% dos japoneses têm acima de 65 anos de idade, segundo estatísticas oficiais.

Na Califórnia, a Intuition Robotics, criou um robô de companhia chamado ElliQ para ajudar idosos a combater a solidão.

O robô da Imperial College está em fase de pesquisa e ainda não há nenhum teste comercial acertado. De acordo com Demiris, um protótipo está sendo testado para garantir sua total segurança na interação com seres humanos.

Seus engenheiros também estão aprimorando os dedos impressos em 3D para o Baxter completar tarefas mais complicadas.

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