(André Giorge/Casas Bahia/Divulgação)
Agência
Publicado em 29 de setembro de 2025 às 15h51.
Última atualização em 29 de setembro de 2025 às 15h58.
Robôs humanoides que preparam café ou interagem em atividades de educação infantil estão deixando os laboratórios e chegando ao dia a dia das famílias chinesas. Com o avanço da inteligência artificial (IA), essas máquinas passam a atuar em comunidades e residências, oferecendo assistência em tarefas domésticas, cuidados com idosos e companhia social.
No Centro de Cuidados Inteligentes Wuxin Xiaorong, em Baotou (Mongólia Interior), robôs de reabilitação orientam idosos em exercícios de movimento e registram dados; robôs de transporte auxiliam na locomoção; e robôs de companhia interagem por voz. Wei Wei, presidente do grupo, afirma que “os robôs inteligentes aumentam a eficiência do treinamento de reabilitação dos idosos e reduzem a carga de trabalho de terapeutas e cuidadores”.
Robôs já estão presentes em residências chinesas. O Xinghai R1 Lite, por exemplo, responde a comandos como “arrume a cama”. Zhao Xing, cientista-chefe da Xinghai AI (Beijing) Technology, explica que o robô utiliza o modelo Xinghai G-0, que permite o controle de 23 articulações do corpo, integrando percepção visual e execução motora.
O Conselho de Estado da China publicou o documento Opinião sobre a Implementação Profunda da Ação ‘Inteligência Artificial+, que estimula a criação de novos cenários de consumo, a adoção de aplicações inteligentes e o desenvolvimento de assistentes domésticos. Chen Peng, vice-diretor do Departamento de Gestão de Pesquisa da China Women’s University, destaca que a cooperação entre empresas de serviços domésticos e empresas de IA deve ampliar a frequência e a qualidade do consumo, reduzir custos e atualizar o setor.
Wang Zhiwei, diretor do Departamento de Consultoria Estratégica da China International Engineering Consulting Corporation, observa que a população chinesa acima de 60 anos supera 300 milhões e que a demanda por cuidados domiciliares cresce rapidamente. Ele acrescenta que, no início do ano, a Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC) publicou o padrão internacional para robôs de cuidados a idosos, liderado pela China.
No primeiro trimestre de 2025, a produção chinesa de robôs de serviço atingiu 2,604 milhões de unidades, um aumento de 20% em relação ao ano anterior. Wang Zhiwei afirma que os robôs humanoides estão em fase crucial de avanço técnico e exploração comercial, e que a adoção em larga escala terá impacto transformador no setor de serviços.
A receita da indústria de serviços domésticos na China atingiu RMB 1,23 trilhão em 2024, segundo associações do setor. O Ministério do Comércio e outros oito órgãos emitiram em abril o Comunicado sobre Medidas para Expandir e Atualizar o Consumo de Serviços Domésticos, que incentiva o uso de big data e IA para perfis de usuários e serviços personalizados, além de integrar robôs e novos equipamentos.
Wu Yuetao, diretor do Departamento de Emprego, Renda e Consumo da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), afirma que a comissão promove a integração entre educação e indústria, incentivando a profissionalização e padronização dos serviços domésticos.
Han Wei, pesquisador associado do Instituto de Ciências do Trabalho e da Seguridade Social da China, aponta três impactos da IA no setor: substituição de tarefas padronizadas, colaboração humano-máquina e avanço em áreas de difícil substituição por máquinas. Gao Haiyan, trabalhadora doméstica em Pequim, relata que os empregadores agora exigem conhecimentos em educação infantil, nutrição, cuidados domiciliares e operação de eletrodomésticos inteligentes.
Zhu Haiyan, presidente da Yuanyuan Diandian Network Technology, diz que a empresa usa IA e realidade virtual em treinamentos profissionais, simulando culinária, cuidados infantis e idiomas. Segundo ela, a IA aumenta a eficiência e permite serviços mais precisos.
Apesar do avanço, robôs ainda enfrentam limitações. Han Wei afirma que as necessidades dos clientes são subjetivas, exigindo treinamentos constantes e melhorias nos modelos. Wang Zhiwei destaca riscos de privacidade e ética, já que robôs coletam dados de voz, imagens, hábitos e saúde, sem padrões claros de responsabilidade.
Wei Wei observa falta de profissionais híbridos que compreendam tecnologia e cuidados, além de ausência de padrões técnicos unificados. Chen Peng sugere desenvolvimento de robôs modulares e evolução gradual, começando por tarefas simples até funções complexas. Ele recomenda controle colaborativo humano-máquina em ações de risco e definição clara de coleta e armazenamento de dados.
Modelos de negócio sugerem estações comunitárias de robôs com aluguel por uso ou pacotes “robô + humano”, combinando tarefas básicas do robô com companhia emocional e manutenção por profissionais. Chen Peng prevê investimentos em equipamentos, softwares e ecossistemas inteligentes, com projetos-piloto em cidades e comunidades e adaptação de experiências internacionais.