Tecnologia

Rejeitados, relógios inteligentes se voltam às crianças

Companhias estão desenvolvendo relógios com tecnologia de ponta para crianças, sem desanimar ante o lento progresso realizado pelo setor

Atendente mostra o uso do Galaxy Gear, o smartwatch da Samsung  (Kiyoshi Ota/Bloomberg)

Atendente mostra o uso do Galaxy Gear, o smartwatch da Samsung (Kiyoshi Ota/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 14 de julho de 2014 às 22h50.

Nova York - Como os relógios inteligentes estão atraindo pouco interesse da maioria dos consumidores, algumas empresas de tecnologia estão buscando uma nova abordagem: comercializá-los para crianças.

A LG Electronics, a VTech Holdings e a Filip Technologies desenvolveram relógios com tecnologia de ponta para crianças, sem desanimar ante o lento progresso realizado pelo setor ao tentar vender os aparelhos para os adultos.

Elas apostam que as crianças possam ser o mercado ideal para os dispositivos, que servem tanto para entreter os pequenos quanto acompanhar os passos deles.

Os relógios podem até ensinar uma habilidade antiga: dizer as horas.

Embora aproximadamente apenas um de cada cinco adultos tenha interesse em comprar um relógio inteligente, os modelos para crianças podem ser vendidos mais facilmente, disse Benjamin Arnold, analista da NPD Group.

Primeiro, porque eles costumam ser mais baratos. Além disso, as versões que possibilitam rastrear as crianças têm um atrativo evidente para os pais, que têm medo de perder seus filhos pequenos na rua ou num shopping.

Ao mesmo tempo, a tecnologia foi criticada por adicionar mais uma distração eletrônica.

“Está no corpo delas – é como se as crianças não pudessem escapar”, disse Tovah Klein, diretora do Centro de Desenvolvimento Infantil da Barnard College. “Será muito mais difícil para os pais definir limites”.

O relógio inteligente Kidizoom, da VTech, que sai à venda nos EUA neste mês, foi projetado para entreter as crianças sem ser excessivo. O aparelho, que custa US$ 60, não se conecta a redes Wi-Fi ou celulares e oferece uma quantidade limitada de aplicativos.

Isso o coloca numa categoria diferente dos aparelhos da Samsung Electronics ou da Apple, que supostamente estão desenvolvendo relógios inteligentes.

Crianças e idosos

Outras empresas enfocam mais os recursos de comunicação e localização do que o entretenimento. A LG está lançando neste mês na Coreia do Sul, seu país natal, um relógio chamado KizOn.

Pensado para crianças em idade pré-escolar e escolar, o aparelho utiliza GPS e Wi-Fi para identificar o paradeiro dos usuários. Ele deve ser lançado nos EUA e na Europa ainda neste ano, sem preço definido.

“As crianças, assim como os idosos, são os consumidores ideais para a tecnologia de vestir”, disse Jong-seok Park, diretor da Mobile Communications da LG, em comunicado.

“Os aparelhos de vestir possibilitam que estejamos conectados sem a preocupação de perder o dispositivo ou o incômodo de carregar um item grande no bolso”.

Até o mês passado, a receita proveniente dos relógios inteligentes totalizou menos de US$ 100 milhões desde outubro de 2013, embora espera-se que o mercado aumente neste ano, de acordo com a NPD, com sede em Port Washington, Nova York.

O desenvolvimento de novos produtos pode ajudar a popularizar esta tecnologia, disse Arnold. Nessa linha, a Google revelou novos relógios inteligentes durante um evento no mês passado, em conjunto com fabricantes de dispositivos como a Samsung e a LG.

A Apple, fabricante do iPhone, também está explorando um relógio inteligente, disseram fontes do setor. Trudy Miller, porta-voz da Apple, não respondeu a um pedido de comentários.

Aceitação no futuro

Embora uma minoria do total de consumidores esteja interessada em um relógio inteligente, um maior entusiasmo está surgindo entre os mais jovens, de acordo com uma pesquisa da NPD sobre tecnologia de vestir.

Na faixa etária de 16 a 24 anos, 30 por cento dos participantes disseram que estão interessados em comprar um produto assim, enquanto 25 por cento das pessoas na faixa de 25 a 34 anos manifestaram esse interesse.

Isso sugere que pode haver menos resistência aos relógios inteligentes no futuro, o que passará ao mercado das crianças, disse Jonathan Peachey, CEO da Filip, com sede em Nova York.

Para os pais, o desafio é conseguir um equilíbrio entre o apetite insaciável pela tecnologia e a necessidade de que as crianças pensem por conta própria, disse Deborah Linebarger, professora adjunta de pedagogia na Universidade de Iowa.

Um relógio inteligente que funcione exclusivamente como um aparelho de rastreamento poderia ser útil ao dar tranquilidade aos pais e estimular as crianças a brincar na rua, disse ela.

“Não acho que devamos entreter as crianças constantemente”, disse Linebarger, “Há um benefício real para as crianças em entediar-se e descobrir coisas por conta própria”.

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