Tecnologia

Reino Unido atrai startups brasileiras em busca de expansão

Com carga tributária baixa e incentivos fiscais, Londres é alternativa ao Vale do Silício norte-americano para startups brasileiras

Londres: capital da Inglaterra é o terceiro maior polo de tecnologia do mundo  (Chris Jackson/ Getty Images)

Londres: capital da Inglaterra é o terceiro maior polo de tecnologia do mundo (Chris Jackson/ Getty Images)

RK

Rafael Kato

Publicado em 21 de setembro de 2015 às 17h37.

São Paulo — O Reino Unido quer atrair empreendedores digitais brasileiros, incluindo startups, para abrir escritórios no país. “Para ser uma empresa mais competitiva, é preciso se internacionalizar. Então, por que não Londres?” diz Joanna Crellin, cônsul-geral britânica de São Paulo e diretora-geral do UK Trade & Investment no Brasil. 

A cidade de Londres é o terceiro maior polo de tecnologia do mundo — atrás apenas do Vale do Silício e de Nova York. A região conhecida como Silicon Roundabout, por exemplo, concentra sedes europeias de gigantes de tecnologia, como Google, Cisco e Facebook, além de startups, aceleradoras e espaços de coworking. 

Apesar do crescente mercado de tecnologia — só os investimentos de fundos de venture capital em startups com escritórios britânicos somaram 2,2 bilhões de dólares no primeiro semestre deste ano, segundo pesquisa da CB Insight e KPMG —, o Reino Unido ainda não aparece como destino preferencial de empreendedores digitais brasileiros. 

“Quando se fala em Reino Unido, todo mundo pensa na família real, na história, em Shakespeare e coisas mais tradicionais. O que está faltando nessa perspectiva dos brasileiros é a realidade. Somos um país moderno. E com uma força enorme em indústrias criativas”, diz Joanna.

Pensando em incentivar os brasileiros a fazerem negócios na Grã-Bretanha, o escritório de negócios do consulado traz esta semana ao país o especialista em tecnologia do UK Trade & Investment Chris Moore para uma rodada de palestras e visitas a empresas com potencial de expansão internacional.

“A cidade de Londres tem um custo similar ao de São Paulo, mas é possível encontrar outras cidades, como Manchester e Bristol, que são mais baratas e oferecem uma forte infraestrutura de TI, uma rede de universidades próximas e mão de obra qualificada”, afirmou Moore em encontro com empresários na sede paulistana do Banco Santander nesta segunda-feira, 21.

A carga tributária no Reino Unido é menor que no Brasil (o imposto de renda de pessoas jurídicas, por exemplo, é de 20% contra 35% por aqui) e empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento recebem incentivos na forma de renúncias fiscais. Outra vantagem de uma expansão em solo britânico é facilitar a entrada na Europa continental, um mercado consumidor maior do que o norte-americano.

Os brasileiro Rafael Libardi e Edgard Jr., em sociedade com um britânico, pensaram nesses benefícios ao iniciar um escritório da startup de segurança da informação UkkoBox na Inglaterra. O mercado britânico fornece clientes de peso para o portfólio, além da possibilidade futura de receber um investimento de algum fundo. “O mercado de lá está na nossa frente em tecnologia e incentivo”, diz Libardi. “É um movimento importante para nossa empresa que está precisando de uma aceleração.”

A UkkoBox se juntará a outras empresas digitais de brasileiros no Reino Unido, como a Bossa Studios, produtora de games sociais, e a produtora de software Pandorga. 

"A tecnologia permite a troca de ideias. Quando colocamos na mesma sala pessoas diferentes, mas que atuam nos mesmos campos, soluções inovadoras surgem", diz Joanna. “Podemos trabalhar juntos no setor de tecnologia. Temos uma força nesse setor, que, apesar da crise, também está crescendo no Brasil", afirma a cônsul-geral. 

5 dicas para abrir o escritório de sua startup no Reino Unido

- Apesar de ser fácil abrir uma empresa no Reino Unido, reserve um tempo para levantar todos os documentos necessários. É importante seguir uma ordem de pedidos. Comece avaliando qual tipo de visto será necessário para você.

- Por conta das regulações contra lavagem de dinheiro, um estrangeiro sem histórico de crédito pode ter dificuldades para abrir uma conta bancária no Reino Unido. Dê preferência por um banco com presença nos dois países e que pode atestar seu histórico financeiro.

- Participe de grupos e de eventos, pois são as melhores maneiras de conhecer potenciais clientes no país.

- Londres nem sempre é a melhor opção. Veja se outra cidade possui uma rede melhor para o tipo de atividade da sua empresa. A cidade de Manchester, por exemplo, é ótima para empresas de mídia; se precisar de apoio de uma universidade para desenvolver um produto, talvez Cambridge seja o melhor lugar.

- Antes de tomar uma decisão, escute um consultor do UK Trade & Investment. A ajuda para a abertura de empresas é gratuita. E, uma vez com sua empresa aberta no Reino Unido, eles podem colaborar com expansão para outros territórios.

Acompanhe tudo sobre:EmpreendedoresEmpreendedorismoEuropaInglaterraPaíses ricosPequenas empresasReino UnidoStartups

Mais de Tecnologia

Segurança de dados pessoais 'não é negociável', diz CEO do TikTok

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble