Tecnologia

Que empresas o Facebook pode atrapalhar com suas buscas

Concorrer com o Google é algo que nem o Facebook sonha, no momento, mas outras companhias podem sofrer desde já

Facebook conta com imenso banco de dados para embasar resultados do seu novo mecanismo de buscas, batizado de Graph Search  (REUTERS/Robert Galbraith)

Facebook conta com imenso banco de dados para embasar resultados do seu novo mecanismo de buscas, batizado de Graph Search (REUTERS/Robert Galbraith)

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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2013 às 18h41.

São Paulo - Na tarde de ontem, o Facebook anunciou com pompa e circunstância uma nova ferramenta de buscas, capaz de vasculhar resultados com base nos milhões de dados submetidos pelos usuários. Por trás da chamada Graph Search e da possibilidade de receber respostas para indagações como "as pizzarias que meus amigos visitaram no último mês", está a aposta do time de Mark Zuckerberg em um mercado bilionário, no qual a empresa mantém uma presença tímida.

Para se ter uma ideia, a maior fonte de renda do Google vem do seu sistema de buscas. De acordo com a consultoria eMarketer Inc, a empresa deverá receber 13 bilhões de dólares com publicidade nesse segmento apenas nos Estados Unidos, abocanhando sozinha cerca de 75% desse mercado no acumulado de 2012.

Destronar um gigante desse porte não é tarefa fácil. O próprio Facebook admitiu na coletiva de ontem que a ideia, a princípio, será incrementar a experiência para o usuário antes de transformá-la em um potencial negócio. Hoje, os ganhos do Facebook com publicidade devem-se, em sua maioria, à venda de espaços para anunciantes no site.

Seja como for, os impactos da Graph Search para outras empresas deverão se fazer sentir, ainda que aos poucos. Por ora, a ferramenta segue com acesso limitado e sem previsão para se tornar um recurso universal. Mas o Facebook, com mais de 1 bilhão de usuários e 1 trilhão de conexões existentes, parece ter poder de fogo para oferecer resultados cada vez mais precisos para as tais buscas personalizadas, aumentando seu apelo e relevância com o tempo.

Veja as companhias que podem ser ameaçadas primeiro:

Yelp

Na apresentação do novo mecanismo, Zuckerberg discorreu sobre as possibilidades de receber avaliações dos amigos a respeito de inúmeros estabelecimentos - ponto nevrálgico para o Yelp. Com ações negociadas em bolsa, o Yelp fornece justamente resenhas de serviços em cidades nos Estados Unidos e na Europa a partir da visão de usuários sobre restaurantes, bares, boates e lojas.

Caso a adesão à Graph Search se confirme, a companhia seria ameaçada pela preferência que as pessoas poderiam dar à recomendação dos conhecidos ao invés da de internautas em geral. Não por menos, as ações da empresa caíram mais de 7% ontem. E abriram a bolsa também no vermelho.


Peixe Urbano

No ano passado, o site que se consagrou pelos cupons de compras coletivas decidiu diversificar os negócios. Uma das apostas foi em um guia de estabelecimentos de 100 cidades, nos moldes do que faz o Yelp no exterior. Por consequência, o Peixe também poderia sofrer com a investida do Facebook.

OkCupid e Match.com

"Amigos de amigos formados em Engenharia", "amigos solteiros que gostam de seriados" e "amigos que praticam yoga" são apenas alguns dos inúmeros resultados de busca com potencial de serem entregues pela Graph Search. São, sobretudo, formas de encontrar pessoas com interesses em comum. E poderiam, com isso, diminuir o acesso a sites de relacionamento como o OkCupid, que já foi classificado como uma espécie de "Google do namoro virtual", e o Match.com, que também mantém atividades no Brasil.

LinkedIn

Tom Stocky, egresso do Google e um dos líderes no projeto da Graph Search, pontuou que a novidade pode ser uma "poderosa ferramenta de recrutamento". Como será possível refinar a busca com critérios como formação, empresa atual e proficiência em línguas, por exemplo, o Facebook ganhará mais atributos para invadir a praia do LinkedIn (os papéis deste último caíram ligeiramente depois do anúncio, mas fecharam o pregão em leve alta).

É inegável que o LinkedIn sai na frente por oferecer uma série de outras possibilidades aos usuários, voltadas unicamente para as relações de trabalho. Mas o Facebook, que já é abertamente usado por recrutadores na avaliação dos candidatos, poderá, com o tempo, ofuscar a dominância do novo rival nesse quesito.

Google

Os anúncios que aparecem nas buscas do Google foram a grande tacada da companhia para ganhar dinheiro. Caso as consultas feitas pelo Facebook se popularizem, também é provável a companhia enverede pelo mesmo caminho. Da mesma forma que uma empresa de e-commerce paga para aparecer primeiro entre os resultados do Google, será possível repetir a dose para ficar acima dos resultados referendados pelos amigos no Facebook.

Em suma, a Graph Search confere um verniz mais comercial à gigantesca base de dados reunida pela rede social e espontaneamente engordada pelos seus usuários. Como o Bing, buscador da Microsoft, será usado para as perguntas que ficarem sem resposta dentro do Facebook, o Google também poderá ser marginalmente afetado. Analistas do setor, por outro lado, reforçam que tudo isso depende do sucesso da empreitada de Zuckerberg. E ainda é cedo para avaliar seu fôlego. 

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