Tecnologia

PS Vita

Depois de experimentar o mercado de games para smartphones com o Xperia Play, a Sony investiu novamente contra seus concorrentes do cenário mobile ao reformular o PSP. O resultado, batizado de PS Vita, é uma mistura entre as novas tendências do mercado de jogos portáteis e a tradição estabelecida ao longo de quase duas décadas […]

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Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2012 às 10h00.

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Depois de experimentar o mercado de games para smartphones com o Xperia Play, a Sony investiu novamente contra seus concorrentes do cenário mobile ao reformular o PSP. O resultado, batizado de PS Vita, é uma mistura entre as novas tendências do mercado de jogos portáteis e a tradição estabelecida ao longo de quase duas décadas no mundo dos consoles. Será que a gigante japonesa encontrou a medida certa entre passado e futuro? A resposta curta é: “em grande medida, sim”. A resposta longa você confere a seguir.

Começando com as novidades, o PS Vita representa um deslocamento da Sony no campo do hardware interno. Em vez dos usuais processadores desenvolvidos pela própria Sony (encontrados no PS3 e no PS2, por exemplo), o silício subjacente ao PS Vita pertence à mesma arquitetura ARM utilizada em smartphones e tablets. Não que a maioria desses eletrônicos consiga competir com o novo console. O PS Vita é um pequeno monstro em termos de processamento, empacotando quatro núcleos Cortex A9. Ao lado desse quarteto opera a GPU PowerVR SGX543MP4+, uma versão customizada do poderoso circuito gráfico presente no novo iPad.

Não seria exagero dizer que o PS Vita é o console portátil mais poderoso do mercado. Na prática, o conjunto do hardware é perfeitamente capaz de lidar com gráficos que não ficam muito atrás do próprio PS3. Exploramos os cenários selvagens de Uncharted: Golden Abyss, repletos de texturas complexas, sem nenhuma queda perceptível de frame rate. Eis aí uma plataforma que pode sobreviver por longos anos à evolução dos jogos portáteis. Apesar de toda essa potência, a duração da bateria não caiu a níveis inaceitáveis. Aqui no INFOlab, conseguimos jogar Uncharted sem parar por 3 horas e 56 minutos.

Se por um lado a Sony perde com essa mudança a chance de construir um sistema perfeitamente otimizado, por outro, o uso de chips ARM dá margem para um corte no preço final do console. Outra vantagem se encontra no fato de que desenvolvedores de jogos para smartphones e tablets têm menos dificuldades para adaptar seus games ao PS Vita. Ou seja, no longo prazo, quem comprar o PS Vita também pode se beneficiar de uma biblioteca de aplicativos potencialmente maior.

A Sony transformou o PS Vita em um smartphone sob o efeito de esteroides no que concerne o hardware, portanto, nada mais justo do que animá-lo com um sistema operacional inspirado no desses celulares. O novo console abandonou os menus em cruz do XBM em favor de uma nova interface baseada em grades, como a do iOS ou a do Android. Claro, os ícones que lembram enfeites de árvore de natal podem desagradar algumas pessoas. O fato, no entanto, é que esse tipo de organização se adequa muito bem à interface de toque.

O PS Vita sai da caixa com uma séria de aplicativos que não podem ser desinstalados. Há pelo menos um de utilidade duvidosa e interface labiríntica: o Near, que vasculha as redondezas por outros usuários do console. Ignorando essa exceção, os programas são bem implementados e úteis. Um exemplo é o cliente de conversação Party, que torna possível a troca de mensagens entre usuários que estão jogando games diferentes. Ainda assim, é preciso fazer uma ressalva a respeito do navegador de internet.. Embora ele seja bem projetado no que concerne a interface e a apresentação, a velocidade de renderização das páginas deixa muito a desejar. É muito pouco provável que esse seja um problema de hardware, então esperamos que a Sony resolva essa questão com um update de firmware.

Infelizmente, a preocupação da Sony com a interface de toque parece ter ofuscado os outros controles do PS Vita. Há pouca utilidade para os botões físicos na interface geral e em boa parte dos aplicativos. Outro problema é o teclado virtual. A mesma tela de 5 polegadas que evita a aglomeração das teclas também torna os botões do centro mais difíceis de alcançar para quem digita com os polegares.

Já fora do contexto do software, a interface de toque sofre um pouco com a escolha dos materiais de construção. Ao contrário do vidro que cobre a tela dos smartphones avançados, a Sony optou por uma cobertura de plástico, que oferece mais resistência aos dedos. Mas esse conflito é um dos poucos pontos negativos do acabamento do PS Vita. Basta pegá-lo em mãos para perceber que um bocado de trabalho foi dedicado à sua forma. As diferenças com relação ao PSP original devem-se à tela maior, que o torna um pouco mais longo, espesso e pesado que seu antepassado. Apesar das mudanças, ele se encaixa muito bem nas mãos e aparenta ser excepcionalmente resistente para um portátil.

Nessa mesma linha, e agora tratamos do apelo tradicional do PS Vita, os controles são muito bem projetados. O layout lembra um pouco o controle do PS3, com o direcional, os botões de ação, as teclas L/R e duas alavancas analógicas. Todos eles oferecem um nível agradável de resistência à pressão. A mudança mais notável com relação ao PSP é o acréscimo muito bem vindo de mais uma alavanca analógica. A principal crítica que pode ser feita aos controles físicos se fundamenta na proximidade dos mesmos. A princípio, não são raras as situações em que se esbarra em um deles ao tentar acionar outro. Nossa experiência, entretanto, foi a de que essa é mais uma questão de costume do jogador do que um problema de layout.

Mas há mais o que comentar sobre os controles do PS Vita. O principal sustentáculo desse console é a quantidade enorme de formas de controle que a Sony conseguiu implementar nele. Além dos vários botões já mencionados, há duas interfaces de toque (tela e traseira), um acelerômetro, um giroscópio e um compasso digital. Ainda podemos contar entre os sensores duas câmeras que podem ser utilizadas em games de realidade aumentada. As possibilidades que todas essas formas de interação conferem aos desenvolvedores de jogos é enorme, o que torna o PS Vita extremamente versátil.

Em última instância, os gráficos e o enredo de qualquer jogo são elementos importantes, mas que sempre ficam em segundo plano. O gameplay, ou seja, a maneira como o jogador interage com o software é a verdadeira essência dessa indústria. Nesse sentido, o PS Vita é bem sucedido ao servir de plataforma para todas as invenções que possam surgir da cabeça dos desenvolvedores.

Enquanto os controles do PS Vita demonstram uma preocupação com a liberdade do desenvolvedor e do jogador, a Sony foi fiel ao seu histórico de defensora do DRM e optou pelo uso de cartões de memória proprietários. Estes servem como um meio de distribuição física dos jogos e como memória interna para o console. De uma forma ou de outra, os donos do PS Vita serão obrigados a comprar pelo menos a segunda variação. O formato UMD foi abandonado de uma maneira drástica: fora do Japão, não há planos de compensar os colecionadores daqueles discos com descontos nos downloads das versões de cada jogo para o PS Vita. É preciso reconhecer, no entanto, que a Sony se esforçou para adaptar a biblioteca do PSP ao PS Vita. Além de amenizar as diferenças de interface, resolução e gama de cores entre os dois consoles, a Sony oferece um gerenciador de conteúdo que transfere save states do PSP para seu sucessor.

Como deixamos implícito acima, há uma diferença substancial entre a tela do PSP e a do PS Vita. Em uma palavra, podemos dizer que o novo display é exuberante. Trata-se da mesma tecnologia Super AMOLED que a Samsung utiliza nos melhores smartphones da linha Galaxy. O PS Vita apresenta nível profundos de preto e cores soberbas. A densidade de pixels (960 x 544 para um tela de 5 polegadas) não é tão alta quanto a que encontramos em alguns celulares, mas isto não impede o console de apresentar linhas bem definidas.

Esse video game tem um tremendo potencial como reprodutor portátil de mídia. Talvez pensando nisso, a Sony se esmerou ao desenvolver seu media player, que tem uma excelente interface. Infelizmente, o número de formatos suportados é bem baixo. No INFOlab conseguimos reproduzir AAC, MP3, WAV, MP4e JPG. As caixas de som do console não produzem um som ruim, mas trata-se de um áudio baixo o suficiente para recomendarmos o uso de fones de ouvido.

Existem dois modelos de PS Vita:  um com e outro sem 3G. Testamos o primeiro e, pelo menos por enquanto, a seleção de conexões que ele oferece é o suficiente. Pode-se aproveitar todos os recursos do console utilizando apenas Wi-Fi, Bluetooth e P2. Quanto ao 3G, uma opção melhor seria fazer tethering da conexão de um smartphone para o PS Vita, mas não há motivo para estar sempre conectado à internet.

Ficha técnica

Tela5"
ProcessadorCortex A9 (4 núcleos)
GPUPowerVR SGX543MP4+ (customizada)
ArmazenamentoVita card (memória flash proprietária)
ConexõesWi-Fi, Bluetooth 2.1 + EDR, USB (entrada proprietária) e P2

Avaliação técnica

PrósConfiguração forte; tela excelente; grande variedade de controles; bom acabamento;
ContrasUso de cartão de memória proprietário; largura da tela pode prejudicar a interface de toque;
ConclusãoA configuração e a variedade de controles do PS Vita prometem longevidade à plataforma e diversão ao usuário;
Configuração9,2
Usabilidade9
Design7,6
Bateria7,2
Média8.5
PreçoR$ 1600
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