Gigantes da tecnologia, como Oracle, Amazon e Microsoft, enfrentam incertezas com a possível proibição do TikTok nos EUA. (CFOTO/Future /Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 9 de dezembro de 2024 às 06h06.
A recente decisão judicial que mantém em vigor a lei exigindo à venda do TikTok nos Estados Unidos pode gerar prejuízos milionários para algumas das maiores empresas de tecnologia do país, como Oracle, Amazon e Microsoft. Essas gigantes, que possuem contratos significativos de hospedagem em nuvem com o TikTok e sua controladora chinesa ByteDance, terão de encerrar os serviços até 19 de janeiro de 2025, caso não haja intervenção legislativa ou judicial.
De acordo com a Forbes, a lei, que visa proteger os dados de usuários americanos contra possíveis acessos do governo da China, proíbe serviços de hospedagem que permitam a manutenção ou atualização dos aplicativos da ByteDance. Multas podem ser aplicadas com base no número de usuários que continuarem a utilizar o TikTok após o prazo estipulado, multiplicado por US$ 5.000 (R$ 30.250). Essa fórmula pode gerar penalidades que chegam a centenas de bilhões de dólares.
O maior contrato impactado é o acordo de US$ 1 bilhão (R$ 6,05 bilhões) entre o TikTok e a Oracle, que hospeda informações privadas de usuários americanos. O objetivo do contrato é proteger esses dados de qualquer interferência do governo chinês. Ken Glueck, vice-presidente executivo da Oracle, afirmou que a empresa cessará os serviços em 19 de janeiro, a menos que o legislativo ou o judiciário interfiram.
“O que a lei determina, cumpriremos,” declarou Glueck, destacando a possibilidade de mudanças na legislação, prorrogações concedidas pelo presidente Joe Biden ou suspensão da aplicação da lei enquanto o TikTok recorre judicialmente. “Somos apenas um fornecedor; seguiremos o que o estatuto diz.”
Outras empresas também podem ser afetadas. A Microsoft possui um contrato avaliado em mais de US$ 20 milhões (R$ 121 milhões) por mês com a ByteDance, permitindo o acesso da empresa chinesa a modelos avançados de linguagem da OpenAI por meio da plataforma Azure. Esses serviços também sustentam outros aplicativos da ByteDance, como Cici, ChitChop e Gauth, um app de ajuda com tarefas escolares.
Além disso, a ByteDance utiliza o serviço de hospedagem AWS da Amazon, cujo vínculo recente com o TikTok despertou atenção do Congresso americano. A Amazon foi questionada por legisladores sobre sua parceria com a empresa chinesa. O Google, por sua vez, também forneceu serviços de nuvem ao TikTok no passado. Em 2019, a plataforma comprometeu-se a gastar mais de US$ 800 milhões (R$ 4,84 bilhões) em serviços de hospedagem do Google.
Com a data-limite de 19 de janeiro se aproximando, várias possibilidades ainda estão em jogo. O Congresso pode revisar ou alterar a lei, o presidente Biden pode conceder um prazo adicional, ou os tribunais podem emitir uma suspensão temporária enquanto o TikTok continua suas apelações legais.
Por outro lado, o impacto financeiro dessa decisão não se limita apenas aos gigantes de tecnologia, mas também reflete nas operações da ByteDance nos Estados Unidos, ameaçando sua capacidade de manter serviços essenciais em funcionamento.
Essa medida faz parte de um contexto mais amplo de tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e a China, que incluem preocupações com a segurança nacional e a proteção de dados. A proibição do TikTok é vista como um esforço para limitar a influência de empresas chinesas em mercados ocidentais, embora os impactos econômicos dessa decisão possam ser profundos.
Enquanto o desfecho ainda é incerto, o mercado aguarda ansiosamente por respostas, tanto do legislativo quanto do judiciário, que definirão o futuro do TikTok nos Estados Unidos e das empresas que dependem de contratos milionários com a plataforma chinesa.