Siim Sikkut: CIO da Estônia fala sobre expansão da e-Residency (e-Residency/Divulgação)
Lucas Agrela
Publicado em 21 de junho de 2021 às 14h10.
Última atualização em 21 de junho de 2021 às 20h28.
A Estônia é conhecida como o país mais digitalizado do mundo e tem um programa de residência digital que chegou ao Brasil em maio. A iniciativa visa facilitar a abertura de empresas por brasileiros por meio da e-Residency. A aplicação poderá ser feita na cidade de São Paulo. Antes, os brasileiros precisavam ir a Nova York, Madrid ou Lisboa para solicitar a residência digital.
A e-Residency funciona como uma identidade digital que prova sua autenticidade em operações digitais e facilita negócios de empreendedores com países europeus. A aplicação é parecida com a de um visto e o processo leva até seis meses.
Em entrevista para a Exame, Siim Sikkut, CIO (diretor de informações) da Estônia, conta que o programa ajudou o país de 1,3 milhão de habitantes a fomentar seu ecossistema de startups e viabilizar negócios internacionais que podem ser geridos de qualquer lugar do mundo. “O programa é muito procurado por pessoas que querem gerir seus negócios a partir de qualquer lugar no planeta. São nômades digitais, mas também podem ser pessoas que vivem no Brasil e querem ter um negócio na União Europeia”, diz. Leia, a seguir, a entrevista.
Por que a Estônia optou por trazer a e-Residency ao Brasil em 2021?
Já era hora, não? O programa existe há mais de seis anos.Temos expandido o e-Residency para mais países e já tínhamos muitos pedidos de empreendedores brasileiros. Queríamos oferecer essa facilidade a eles e agora isso foi possível.
Quais são os principais benefícios para brasileiros que têm residência digital na Estônia?
Há brasileiros em todos os lugares do mundo, o que é ótimo. A residência digital permite a gestão dos negócios à distância e com custo que não é muito elevado. Você pode continuar a viver no Brasil e ter uma empresa que atua na Europa.
Qual é o perfil mais comum entre quem possui hoje a residência digital da Estônia?
O programa é muito procurado por pessoas que querem gerir seus negócios a partir de qualquer lugar no planeta. São nômades digitais, mas também podem ser pessoas que vivem no Brasil e querem ter um negócio na União Europeia. O e-commerce ou comércio em geral com a União Europeia é comum. Isso ajuda a facilitar a atuação no bloco e a serem empresas nas quais a população pode confiar. Em geral, o e-residency ajuda a gerir negócios internacionais.
Qual foi o impacto da e-Residency para a Estônia desde que foi criada?
A residência digital viabilizou mais negócios com empresas de todo o mundo. Basicamente, o programa deixou a economia mais rica, em todos os sentidos. Nos tornamos mais conectados com a economia global.
Como a digitalização de sistemas do governo pode ajudar no crescimento econômico de um país?
A digitalização permite a criação de um bom ambiente de negócios. A e-Residency funciona porque já existem serviços governamentais digitalizados. E isso ajuda a fomentar a criação de startups.
A digitalização coloca a importância da privacidade no holofote. Como a Estônia lida com a proteção de dados na internet?
Temos um robusto sistema de proteção de dados pessoais, mesmo antes da regulação do tema na União Europeia. Construímos nossos sistemas com foco em privacidade, mas sem que a privacidade inviabilize a digitalização. As pessoas podem ver quais dados foram acessados por empresas ou governos e por quais motivos. Somos muito transparentes sobre o acesso a dados pessoais.
O que esperar da e-Residency para o futuro?
Estamos em fase de crescimento. Entregamos valor ao empreendedor hoje e queremos continuar a melhorar nessa frente.
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