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Sabonete e outros bactericidas podem trazer risco à saúde

Estudo indica que triclosan e triclocarban podem interferir no sistema endócrino e afetar desenvolvimento de fetos. Grávidas e crianças são mais vulneráveis

Mão cheia de sabonete líquido (Creative Commons/ Michela Mongardi)

Mão cheia de sabonete líquido (Creative Commons/ Michela Mongardi)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 11 de agosto de 2014 às 19h14.

São Paulo – Um novo estudo divulgado pela Sociedade Americana de Química (ACS, na sigla em inglês) indica que o triclosan e o triclocarban, dois assassinos de germe comumente empregados em sabonetes, detergentes e outros produtos antibacterianos de uso diário, representam um sério risco à saúde.

Fórmulas com essas substâncias podem interferir no sistema endócrino dos seres humanos e afetar o desenvolvimento de fetos, aponta o  relatório que será apresentado na próxima quinta (14) durante evento nacional da Associação sobre temas emergentes na ciência.

Grávidas e crianças são os grupos mais vulneráveis. Os pesquisadores detectaram triclosan em todas as amostras de urina de mulheres grávidas que analisaram e em cerca de metade das amostras de sangue do cordão umbilical. Isso significa que a substância é transferida das mães para os fetos. Triclocarban também apareceu em muitas das amostras.

"Se você cortar a fonte de exposição, eventualmente, o triclosan e triclocarban seriam rapidamente eliminados pelo corpo humano, mas a verdade é que fazemos uso universal destes produtos químicos, e, portanto, também sofremos uma exposição universal", diz o doutor Rolf Halden, principal investigador do estudo pela Universidade Estadual do Arizona.

Perigo oculto

Há um crescente corpo de evidências que mostram que os compostos podem levar a problemas de desenvolvimento e reprodutivos em animais e, potencialmente, em humanos.

Em estudos com animais foi demonstrado que essas substâncias atrapalham a regulação dos hormônios da tireóide (que afetam o metabolismo e o desenvolvimento do cérebro), a síntese de testosterona (diminuindo a contagem de espermatozóides) e ação do estrógeno (causando início precoce da puberdade).

A exposição ao triclosan também é associada ao enfraquecimento de músculo do coração e dos músculo esqueléticos. Em pesquisa da Universidade da Califórnia em Davis, peixes expostos ao triclosan no ambiente aquático eram incapazes de nadar corretamente. E ratos tiveram redução de 25% nas contrações dos músculos do coração 20 minutos após terem sido expostos a uma pequena dose.

Além disso, algumas pesquisas sugerem que os aditivos podem contribuir para a resistência aos antibióticos, um problema crescente de saúde pública.

Para piorar,  a maioria destes produtos vai parar no esgoto, atingindo cursos de água e sendo transportados amplamente por todo o ambiente.

Triclosan é um dos produtos químicos mais frequentemente detectados em riachos em todo os EUA e ambos, triclosan e triclocarban, são encontrados em altas concentrações nos sedimentos de lodo de esgoto, onde podem persistir por décadas.

Regulação

Nos Estados Unidos, o Food and Drug Administration (FDA) e a Agência de Proteção Ambiental (EPA) estão revendo o uso e os efeitos desses compostos.

Recentemente, Minnesota se tornou o primeiro estado americano a aprovar uma proibição sobre o uso de triclosan em determinados produtos; a lei entrará em vigor em janeiro de 2017.

Algumas empresas, como a Johnson & Johnson e Procter & Gamble anunciaram que estão retirando o composto de alguns produtos.

No Brasil, o triclosan é regulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A concentração máxima permitida é de 0,3% em produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Não há, contudo, qualquer tipo de recomendação de limitação ou condições de uso.

Já o triclocarban consta na lista de substâncias que os produtos de higiene pessoal e cosméticos não devem ter, salvo algumas exceções - ele pode aparecer em produtos destinados a serem enxaguados em uma concentração máxima no produto final de 1,5%.


 

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