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Problemas para Musk: IA treinada com rosto de funcionários gera protestos na xAI

Funcionários da xAI gravaram expressões faciais para ensinar emoções ao Grok e deixá-lo mais humano, mas projeto gerou desconforto na equipe

Elon Musk: CEO da xAI obrigou funcionários a baixarem um software de vigilância em seus notebooks pessoais. (VINCENT FEURAY/Hans Lucas/AFP/Getty Images)

Elon Musk: CEO da xAI obrigou funcionários a baixarem um software de vigilância em seus notebooks pessoais. (VINCENT FEURAY/Hans Lucas/AFP/Getty Images)

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 23 de julho de 2025 às 12h53.

Elon Musk, fundador da plataforma de inteligência artificial xAI, pediu a mais de 200 funcionários que gravassem vídeos de si mesmos como parte de um projeto interno para treinar a IA Grok. A iniciativa, chamada 'Skippy', tinha como objetivo ensinar o sistema a interpretar emoções humanas por meio de expressões faciais e conversas simuladas. Entretanto, o pedido causou preocupação entre os colaboradores.

De acordo com documentos internos e mensagens obtidas pelo Business Insider, muitos trabalhadores se sentiram desconfortáveis com a proposta. Alguns se recusaram a participar, enquanto outros questionaram como sua imagem poderia ser utilizada no futuro.

“Se vocês podem usar minha aparência e criar algo parecido, meu rosto poderia ser usado para dizer algo que eu nunca disse?”, disse um funcionário durante uma reunião de apresentação do projeto.

"Seu rosto nunca irá para produção", afirma engenheiro

No treinamento, os tutores de IA - profissionais responsáveis por aprimorar o modelo de linguagem - foram orientados a gravarem vídeos de 15 a 30 minutos conversando com colegas. 

Um deles interpretava o assistente virtual, enquanto o outro fazia o papel de usuário. A ideia seria simular interações naturais, com movimentos espontâneos, ruídos de fundo e situações informais.

Segundo a liderança do projeto, o objetivo era "ensinar ao Grok o que é um rosto" e construir bases para a criação de futuros avatares. Os vídeos, segundo promessas feitas aos funcionários, não seriam utilizados fora da empresa nem exibidos publicamente.

Apesar disso, os colaboradores precisaram assinar um termo de consentimento concedendo à xAI acesso “perpétuo” aos dados gravados, incluindo sua imagem, para fins de treinamento e promoção de produtos comerciais. O documento dizia que o material não seria usado para criar uma versão digital da pessoa, mas a cláusula levantou suspeitas entre parte da equipe.

Na última semana, outra polêmica gerou desconforto nos funcionários após Musk obrigar que os trabalhadores baixassem um software de vigilância, chamado Hubstaff, em seus notebooks pessoais. A medida gerou preocupações com a privacidade dos colaboradores e resultou até em uma demissão em forma de protesto.

Avatares polêmicos reacendem o debate

A controvérsia se intensificou após o lançamento dos avatares Ani e Rudi, que respondem a comandos com fala e gestos realistas. Usuários mostraram que a IA é capaz de induzir Ani a conversas sexualmente explícitas e Rudi a fazer ameaças violentas, incluindo bombardeios e assassinatos de bilionários.

Embora não esteja claro se os dados do projeto Skippy foram usados nesses avatares, a semelhança gerou mais dúvidas entre os funcionários. Dias antes, o Grok havia sido criticado por declarações antissemitas, levando a empresa a pedir desculpas publicamente.

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