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Primeiro-ministro turco relança guerra contra redes sociais

Recep Tayyp Erdogan relançou guerra contra redes sociais, criticando decisão da Corte Constitucional que considerou ilegal o bloqueio do Twitter

Recep Tayyp Erdogan, primeiro-ministro da Turquia: "devemos aplicar, é claro, a decisão da Corte Constitucional, mas não a respeito. Não respeito este veredicto" (Adem Altan/AFP)

Recep Tayyp Erdogan, primeiro-ministro da Turquia: "devemos aplicar, é claro, a decisão da Corte Constitucional, mas não a respeito. Não respeito este veredicto" (Adem Altan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2014 às 11h19.

Ancara - O primeiro-ministro turco, Recep Tayyp Erdogan, relançou nesta sexta-feira sua guerra contra as redes sociais, criticando a decisão da Corte Constitucional que, na quinta-feira, considerou ilegal o polêmico bloqueio da rede Twitter e obrigou o governo a levantar esta medida.

Enquanto fazia estas declarações, uma Corte de menor escalão ditou contra o bloqueio de outra rede social, a plataforma de vídeos YouTube.

Menos de 24 horas após a restauração do acesso à popular rede de microblogs na Turquia, Erdogan criticou publicamente a decisão da Corte, que considera contrária aos "valores nacionais".

"Devemos aplicar, é claro, a decisão da Corte Constitucional, mas não a respeito. Não respeito este veredicto", declarou Erdogan à imprensa antes de embarcar em um avião rumo ao Azerbaijão.

A mais alta instância judicial turca considerou ilegal a proibição do Twitter ordenada há duas semanas pelo governo islamita conservador turco, ao estimar que violava o direito à liberdade de expressão e ordenou sua suspensão imediata.

Neste mesmo sentido, um tribunal de Ancara ordenou nesta sexta-feira o levantamento do bloqueio do YouTube, decretado na semana passada pelo governo turco após a difusão do conteúdo de uma reunião confidencial.

Apesar desta decisão, sujeita à apelação, a plataforma de vídeos permanecia inacessível ao meio-dia desta sexta-feira na Turquia.

Alvo de graves acusações de corrupção, o primeiro-ministro turco declarou guerra às redes sociais ordenando o bloqueio sucessivo do Twitter no dia 20 de março e do YouTube no dia 27 de março para impedir a difusão de escutas telefônicas comprometedoras.

A mais comprometedora, e que justificou o bloqueio do YouTube, foi a gravação de uma reunião confidencial na qual quatro funcionários turcos de alto escalão, entre eles o ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, e o chefe dos serviços secretos (MIT), Hakan Fidan, falavam da possibilidade de uma intervenção militar na Síria.

Estas decisões provocaram uma avalanche de críticas, tanto na Turquia quanto no exterior, denunciando o autoritarismo do governo islamita conservador, no poder desde 2002.


A caminho das presidenciais

Grande vencedor das eleições municipais de domingo passado, Erdogan minimizou nesta sexta-feira as críticas e lançou novamente sua batalha contra as redes sociais.

"Nossos valores nacionais, morais, foram ridicularizados. Tudo, incluindo os insultos contra um primeiro-ministro e vários ministros eram, no entanto, evidentes", lamentou Erdogan.

"Isso não tem nada a ver com as liberdades", declarou. Twitter, YouTube e Facebook "são empresas comerciais que vendem um produto (...) é o direito de cada um comprar ou não seus produtos", acrescentou.

Fortalecido pela vitória de seu partido no domingo, Erdogan, que dirige o país desde 2003, avalia se apresentar às eleições presidenciais de agosto, disputadas pela primeira vez por sufrágio universal direto.

O primeiro-ministro deu um novo sinal de suas intenções nesta sexta-feira, declarando-se contra qualquer mudança da regra de seu partido que o obriga a abandonar suas funções após as eleições legislativas de 2015.

"Sou a favor da regra de três mandatos máximos", declarou.

No entanto, Erdogan considerou muito cedo para anunciar uma decisão e disse que conversará primeiro com o atual presidente, Abdullah Gul.

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