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Primeira pesquisa brasileira com magnésio e inositol revela efeitos no sono, ansiedade e na mente

Estudo da Universidade do Sul de Santa Catarina testou a combinação em forma de suplemento e encontrou efeitos que vão além do descanso noturno: mais disposição, menos ansiedade e aumento no fluxo sanguíneo cerebral

Os efeitos da suplementação de magnésio e inositol: 24% relataram menos limitações físicas nas atividades diárias, e 47% disseram estar mais dispostos emocionalmente para interações sociais. (Getty Images)

Os efeitos da suplementação de magnésio e inositol: 24% relataram menos limitações físicas nas atividades diárias, e 47% disseram estar mais dispostos emocionalmente para interações sociais. (Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 4 de setembro de 2025 às 11h18.

Última atualização em 4 de setembro de 2025 às 11h59.

O Brasil vive hoje duas epidemias silenciosas: a do sono e a da ansiedade. Segundo a Fiocruz, 72% da população apresenta algum tipo de alteração no sono. E, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, somos o país mais ansioso do planeta, com 56 milhões de pessoas afetadas pelo transtorno.

O reflexo está nas prateleiras das farmácias: as vendas de medicamentos para dormir cresceram 30% entre 2019 e 2023. Ao mesmo tempo, cresce a preocupação com os efeitos colaterais desses fármacos — incluindo estudos que sugerem maior risco de demência em usuários frequentes de pílulas para dormir.

Nesse contexto, suplementos e nutracêuticos começam a ganhar espaço como alternativas menos agressivas para o organismo. Foi nesse cenário que um grupo de pesquisadores da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) decidiu investigar cientificamente os efeitos de um composto de magnésio e inositol.

O estudo, realizado pelo Laboratório de Neurociência Experimental (LaNex) e liderado pelo professor Daniel Fernandes Martins, é o primeiro do gênero conduzido no Brasil. Durante 30 dias, 60 estudantes da área da saúde — grupo marcado por rotinas intensas e altos níveis de estresse — participaram de um ensaio clínico duplo-cego, controlado por placebo e em modelo crossover.

Parte deles recebeu o suplemento Magnésio + Inositol Relief 3.0, desenvolvido pela empresa brasileira True; a outra parte recebeu um placebo. Após um mês, os grupos inverteram os papéis. Nenhum dos participantes sabia o que estava consumindo.

Além de entrevistas e questionários qualitativos, foram feitos exames de sangue e monitoramento cerebral. O rigor metodológico, segundo o professor Martins, buscou eliminar vieses e oferecer dados confiáveis sobre os efeitos do suplemento.

Os resultados apontam benefícios que vão além da melhora do sono:

  • Mais disposição – 24% relataram menos limitações físicas nas atividades diárias, e 47% disseram estar mais dispostos emocionalmente para interações sociais.
  • Aumento do fluxo sanguíneo cerebral – houve elevação de 17% no consumo de oxigênio no córtex pré-frontal e aumento de 12% no fluxo sanguíneo geral do cérebro. A melhora da irrigação cerebral está associada a menor risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
  • Redução da ansiedade – queda média de 10% nos níveis de ansiedade entre os participantes, tanto nos que já apresentavam tendência ansiosa quanto nos que estavam ansiosos momentaneamente.
  • Sono mais estável – 27% relataram melhora da qualidade do sono e 32% afirmaram ter menos dificuldade para se manter despertos em atividades do cotidiano.

“Encontrar um blend capaz de atuar ao mesmo tempo sobre sono, ansiedade e disposição abre uma frente promissora para a saúde pública”, explica Martins.

Por dentro da fórmula

O suplemento estudado combina magnésio, essencial em mais de 600 reações enzimáticas do organismo; inositol, uma vitamina do complexo B envolvida no metabolismo de gorduras e na sinalização da insulina; taurina, aminoácido com ação antioxidante; glicina, associada à saúde cardiovascular e à firmeza da pele; e pequenas doses de melatonina, o hormônio regulador do sono.

O diferencial da pesquisa foi avaliar o efeito desse conjunto não apenas no descanso noturno, mas também na disposição emocional e nos parâmetros fisiológicos ligados à saúde cerebral.

Embora os resultados sejam animadores, especialistas lembram que suplementos não substituem hábitos de vida saudáveis. Estudos de longevidade mostram que a genética responde por apenas 20% da expectativa de vida, enquanto os outros 80% dependem de fatores como alimentação equilibrada, atividade física, qualidade do sono e vínculos sociais.

A pesquisa da Unisul se soma a um movimento global que busca validar cientificamente os efeitos de suplementos nutricionais, separando promessas de marketing de evidências reais. Ao demonstrar impacto positivo em múltiplos aspectos — sono, disposição, ansiedade e fluxo cerebral —, o estudo abre espaço para novas investigações e reforça a importância da ciência aplicada ao cotidiano.

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