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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h28.
As empresas que prestam serviços de implantação e manutenção de redes e sistemas para as operadoras de telecomunicações fecharão 2004 com um faturamento de 3,7 bilhões de reais. A cifra é 12% maior que os 3,3 bilhões do ano passado, mas o desempenho foi considerado estável pelo setor. "Não crescemos muito. A oscilação está dentro da margem de variação da pesquisa", afirma Herold Weiss, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Soluções de Telecomunicações e Informática (Abeprest). A pesquisa da Abeprest baseou-se em entrevistas com 80 executivos de grandes operadoras, fornecedores de equipamentos e demais empresas do setor, a fim de identificar quanto as empresas investiram em serviços de telecomunicações.
Segundo Weiss, o resultado poderia ser melhor, se as operadoras não estivessem pressionando os prestadores de serviço a reduzirem os preços a cada contrato. "Nossa rentabilidade está cada vez menor e as exigências, cada vez maiores", diz. Os 3,7 bilhões de reais faturados pelo setor neste ano são uma parcela dos 11 bilhões desembolsados pelas operadoras para investimentos diversos. Em 2003, os investimentos atingiram 10,2 bilhões, segundo a Abeprest.
As operadoras de telefonia fixa são as maiores clientes dos prestadores de serviço, respondendo por 63% dos 3,7 bilhões de reais que o setor deve faturar neste ano, o equivalente a 2,3 bilhões de reais. Com uma rede mais consolidada, o foco dessas operadoras é a contratação de serviços de manutenção e operação do sistema, que devem absorver 1,5 bilhão de reais neste ano (65% do total dos gastos). A implantação de novas linhas ficará com 800 milhões de reais.
As operadoras de telefonia móvel representam 37% do faturamento dos prestadores de serviços, o equivalente a 1,4 bilhão de reais. Ao contrário das companhias de linhas fixas, a expansão acelerada da base de usuários de celulares leva as operadoras a investir 66% dessa quantia em implantação de novas redes (cerca de 920 milhões de reais). A manutenção e operação do sistema receberá 480 milhões neste ano.
Segundo Weiss, com o mercado de celulares atingindo praticamente 60 milhões de linhas ativas neste ano, a tendência dessas operadoras é deslocar os gastos para a manutenção da rede, reduzindo os recursos para a expansão. "A tendência é que a base de usuários apresente um crescimento mais vegetativo", diz.
Perspectivas
Os associados da Abeprest preparam-se para um novo ano de duras negociações com as operadoras. A pressão dessas companhias e a concorrência entre os prestadores de serviços, aliadas à queda do preço médio dos equipamentos para manutenção do sistema, devem estabilizar as receitas dos prestadores no mesmo nível deste ano ou, até, derrubá-las ligeiramente. "Devemos faturar entre 3,5 bilhões e 3,7 bilhões de reais em 2005", diz Weiss.
Outro motivo para a estabilização das receitas é a tendência de mudança no perfil dos serviços prestados. Com as operadoras de telefonia fixa e móvel buscando mais a manutenção do sistema, os prestadores passarão a atender uma demanda crescente de tarefas cujo preço médio está em queda. Segundo a Abeprest, desde 2001, o preço médio dos contratos de manutenção de sistemas caiu 16,5%. Já os de expansão de redes ficaram 11% maiores no mesmo período.
Como a mão-de-obra representa 70% dos custos das prestadoras, a saída tem sido reduzir os níveis salariais pagos pelo setor, conforme Weiss. Os dados mais recentes, de 2002, indicam que 41% dos 30 568 empregados do setor recebiam até dois salários mínimos por mês. Em 2001, a taxa era de 32%. Nas operadoras, a proporção também cresceu, mas em ritmo menor: passou de 11% para 14%. "Esta não é a melhor solução, porque compromete a qualidade de nossa mão-de-obra", diz Weiss
Outras empresas não resistem e deixam o setor. Segundo Weiss, a cada ano, cerca de 15% dos 110 associados da Abeprest são renovados, isto é, novas empresas que se associam no lugar de outras que fecharam.