Marc Benioff: fundador e CEO da Salesforce acredita que o Facebook deveria ser desmembrado (NBCUniversal/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 17 de outubro de 2019 às 05h55.
Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 05h55.
São Paulo – A Salesforce declarou guerra ao Facebook. Nesta quarta-feira (16), o CEO da empresa, Marc Benioff, não economizou críticas à gigante das redes sociais comandada por Mark Zuckerberg. Segundo o homem-forte da desenvolvedora de softwares, o melhor a fazer seria deixar a plataforma.
“É viciante, não é bom para você, eles estão atrás de seus filhos e estão divulgando propagandas políticas que não são verdadeiras”, escreveu o executivo em sua conta no Twitter.
Declarações ácidas de Benioff já fazem parte do repertório do fundador da Salesforce. O empresário é conhecido no Vale do Silício por ser um duro crítico de empresas de tecnologia que não contribuem adequadamente para um mundo melhor e mais sustentável.
Ao jornal britânico The Guardian, em 2018, ele criticou outros líderes da indústria que, em sua visão, estavam acumulando dinheiro em vez de ajudar pessoas sem-teto região da Baía de São Francisco, nos Estados Unidos. Meses depois, em maio deste ano, o executivo doou 30 milhões de dólares para uma iniciativa com este fim.
Para Benioff, contudo, esse império precisa ser desmantelado por conta da influência social que essas plataformas, que operam sob o mesmo grupo, têm na vida das pessoas. “Eles estão adquirindo outras empresas e compartilhando esses dados para obterem mais poder”, afirmou. A posição é defendida por alguns críticos internacionais, como mostra o jornal The New York Times.
Outro ponto atacado foi a veiculação de anúncios políticos que nem sempre trazem informações verídicas. A crítica é contundente. Recentemente, a companhia da Califórnia tomou uma medida bastante contraditória: não vai remover propagandas de cunho político que contenham fake news.
Além disso, segundo o MIT Technology Review, a rede social não irá realizar a checagem de fatos sobre conteúdos pagos veículos por políticos. Ficará a cargo dos próprios usuários investigarem e checarem se as informações veiculadas de forma não-orgânica na rede social correspondem são verdadeiras ou não.
De acordo com a National Bureau of Economic Research, somente nos três meses que antecederam o plebiscito, notícias falsas favorecendo o candidato republicano foram compartilhadas 30 milhões de vezes no Facebook contra 8 milhões de compartilhamentos em prol da candidata rival, a democrata Hillary Clinton.
Vale lembrar ainda do escândalo do uso indevido de dados da rede social pela consultoria britânica Cambridge Analytica. Em 2018, foi revelado que a companhia utilizou informações de mais de 78 milhões de usuários da plataforma de Zuckerberg em uma tentativa de manipular as eleições americanas e o referendo do Brexit.