Abastecimento: postos de combustível do futuro carregarão a bateria de carros em 10 minutos (Noppawan Laisuan/Thinkstock)
Victor Caputo
Publicado em 6 de novembro de 2017 às 17h15.
Uma parada em uma rodovia norueguesa em meio a campos entre Oslo e a cidade olímpica de Lillehammer em breve dará uma ideia do futuro da indústria global de postos de gasolina.
No Circle K de Dal, a 55 quilômetros ao norte da capital, os proprietários da próxima geração de carros elétricos poderão, dentro de alguns meses, recarregar a bateria em apenas 10 minutos -- cerca de um terço do tempo atual. Enquanto esperam, os motoristas poderão entrar e devorar um burrito feito sob encomenda e outros itens de alimentação normalmente não encontrados em lojas de conveniência de postos de gasolina.
Os novos serviços de energia e alimentação são dois dentre os vários projetos-piloto na Noruega da proprietária da Circle K, a Alimentation Couche-Tard, uma empresa canadense de lojas de conveniência que ganhou uma base europeia em 2012 com a aquisição do braço de varejo da Statoil. A Couche-Tard está usando o país nórdico como campo de teste para definir a resposta à expansão dos veículos elétricos.
“Esta é uma tendência que continuará crescendo, por isso o importante para nós é transformar-nos com o mercado, como fizemos muitas e muitas vezes ao longo dos últimos 100 anos”, disse Jacob Schram, chefe das operações europeias da Couche-Tard, em entrevista.
A crescente popularidade global dos carros elétricos ecológicos, estimulada por incentivos governamentais e pela queda dos preços, ameaça a relação básica entre os postos de gasolina e os motoristas, que agora têm várias opções para recarregar baterias. Para manter a fidelidade dos clientes na Noruega, onde os veículos elétricos atualmente representam quase 30 por cento das novas vendas, a Circle K planeja até mesmo uma incursão nas estações de recarga residenciais em 2018.
“Devemos transformar muito mais, a começar pela expectativa de que o cliente venha até nós, ao posto”, disse Schram. “Talvez devêssemos começar a ir até ele.”
Segundo Schram, 60 por cento a 70 por cento das recargas de modelos plug-in ocorrem em casa, 20 por cento a 30 por cento no trabalho e em espaços públicos e apenas 10 por cento em postos de gasolina. O fenômeno está forçando os varejistas a melhorarem seu jogo.
Na unidade da Circle K em Dal, o novo supercarregador faz parte do impulso europeu financiado por um grupo de fabricantes de veículos que inclui a BMW e a Ford Motor. A Circle K é a parceira do norte da Europa, com 60 postos planejados para sete países -- 20 só na Noruega -- e espaços para seis carros por estação de recarga. A empresa de varejo receberá aluguel das fabricantes de veículos e uma participação na receita, segundo Schram.
A experiência da Noruega está sendo acompanhada de perto pela Couche-Tard, que tem sede em Quebec. A empresa, que começou com uma loja de conveniência nos arredores de Montreal, em 1980, engoliu as rivais e construiu uma rede de mais de 12.000 lojas ao redor do globo, da Flórida à Letônia, e a maioria delas oferece combustível. O desempenho anêmico das ações da empresa neste ano -- acumula alta de menos de 1 por cento após mais do que dobrar de valor desde o início de 2014 -- reflete em parte os questionamentos dos investidores em relação às perspectivas de crescimento a longo prazo.