Internet: a expansão da web no Brasil nos últimos dez anos explica em grande parte essa posição de destaque da língua portuguesa (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2013 às 09h49.
Genebra - A língua portuguesa já é o quinto idioma mais "falado" na internet. Dados divulgados pela União Internacional de Telecomunicações apontam que o português já superou o árabe, francês e o alemão entre as línguas com o maior número de usuários navegando pela web.
Para a entidade, a expansão da web no Brasil nos últimos dez anos explica em grande parte essa posição de destaque da língua. Seriam pelo menos 83 milhões de pessoas no mundo usando o português na rede.
Na avaliação dos especialistas, em poucos anos o português poderá superar o japonês - hoje com 99 milhões de usuários na rede - e ocupar a quarta colocação.
Isso porque a expansão da rede no Brasil, em Angola e em Moçambique, ainda teria um amplo caminho a percorrer até atingir os mesmos níveis de penetração dos países ricos, enquanto no Japão a realidade é de uma "maturidade" da tecnologia.
Prova disso é que já há mais lusófonos na web que os 75 milhões de alemães e 60 milhões de usuários que usam o francês. O árabe, apesar de espalhada por diversas regiões do mundo, tem hoje uma população de usuários da internet inferior ao português, com 65 milhões.
A língua preponderante da internet continua sendo o inglês, com uma população de usuários de 565 milhões. Mas, se esse domínio era total há dez anos, hoje ele já enfrenta a ameaça da China.
O número de pessoas que usam prioritariamente o chinês na web já chega a 510 milhões de pessoas. A terceira colocação é do espanhol, com 165 milhões de usuários. Para especialistas, parte da influência de uma língua será medida em alguns anos no mundo justamente pelo seu uso na internet.
Política
A contabilidade do número de usuários em cada língua não serve apenas como indicador da influência de uma cultura.
Governos de países emergentes vêm pressionando a União Internacional de Telecomunicações a adotar uma posição mais forte em relação à defesa de que haja um controle maior por parte de governos sobre uma rede que hoje é amplamente dominada por empresas de tecnologia de países ricos.
Nesta semana, em Genebra, a UIT realiza outro debate sobre o assunto e, uma vez mais, países emergentes pressionarão por uma ingerência maior dos Estados sobre o futuro da rede.
Existem pelo menos três grupos de países que não disfarçam o choque de opiniões. De um lado, americanos e europeus insistem que a internet precisa continuar sua trajetória semiprivada, sem um maior envolvimento do Estado.
Países emergentes acusam essa posição de ser "cínica", já que a própria empresa que estabelece os domínios de sites teve sua origem por um projeto do governo americano. "O que os EUA querem é o não envolvimento de outros governos na web. Mas eles continuariam com sua influência clara", apontou um conselheiro de uma agência reguladora sul-americana.
Controle
No outro extremo estão países como a Rússia, que defendem controle estatal total sobre a web. Em uma posição intermediária está o Brasil, ainda que Brasília insista que uma de suas metas é garantir maior "democratização" na gestão mundial da internet.