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Porta dos Fundos não vai sair do YouTube, diz Fábio Porchat

Fábio Porchat, do Porta dos Fundos, falou a EXAME.com sobre humor na web e ponderou: “A TV aberta está tão fechada que a liberdade é gritante na internet”

Equipe do Porta dos Fundos: em menos de doze meses de existência, programa se tornou um dos mais populares da internet  (Jorge Bispo)

Equipe do Porta dos Fundos: em menos de doze meses de existência, programa se tornou um dos mais populares da internet (Jorge Bispo)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 27 de agosto de 2013 às 06h00.

São Paulo – Há cerca de um ano, surgia na internet um dos programas de humor mais bem sucedidos da história do YouTube, o Porta dos Fundos. Em poucos meses de existência, o programa bateu recordes e se consolidou como preferência nacional: cada vídeo tem hoje cerca de 3,5 milhões de visualizações e a média mensal do canal é de 55 milhões de views.

“Estávamos insatisfeitos com o humor que se via na televisão e queríamos fazer aquilo que achávamos engraçado”, contou a EXAME.com o humorista Fábio Porchat, um dos sócios da produtora que também é formada por João Vicente Castro, Gregorio Duvivier, Ian SBF e Antonio Pedro Tabet (na imagem). 

“Mas muitas pessoas nos disseram que o nosso humor não era popular. Ainda sim resolvemos fazer do nosso jeito e usar a internet como plataforma”. A estratégia deu certo e os números expressivos comprovam que existe sim espaço no Brasil para um programa de humor ácido e crítico.

Porchat falou a EXAME.com sobre o nascimento do Porta dos Fundos, a fama alcançada pela equipe e enfatizou que o Porta dos Fundos não vai abandonar a internet em nome da televisão. “Ganhamos dinheiro, temos repercussão e temos um público. Por que levar para outro lugar?” Veja os melhores trechos abaixo:

EXAME.com – Por que vocês escolheram lançar o Porta dos Fundos na internet?

Fábio Porchat - Desde o início, a ideia era ser um programa de internet e usá-la como plataforma. Tem gente que diz que a internet é o futuro. Nós dizemos diz que ela é o presente e já está acontecendo.


EXAME.com – Mas não estudam levar o programa para alguma emissora de TV?

Porchat - Porque levar para outra plataforma se na internet o Porta dos Fundos está dando certo? Ganhamos dinheiro, repercussão, temos um público. É que nem falar para o McDonald’s parar de vender sanduíche e começar a vender pastel na feira. Mas espera aí, o sanduíche está indo tão bem.

Essa é um pouco a nossa mentalidade. Podemos até pensar em fazer alguma coisa, mas hoje não temos planos para levar o programa para a televisão.

EXAME.com – Em que medida o humor da internet é diferente do da televisão?

Porchat - Existe diferença entre tudo e no Brasil esta diferença é ainda maior. Nos Estados Unidos, por exemplo, você tem o South Park e o Family Guy, que são seriados ácidos, críticos e de humor mais pesado.

Mas por aqui, ainda temos um humor de bordão, antigo. Claro que estou generalizando, mas, de modo geral, é assim. Na internet, temos mais liberdade. A televisão aberta hoje está tão fechada que a liberdade está muito gritante na internet.

EXAME.com – Vocês esperavam essa fama imensa que alcançaram no último ano?

Porchat - Torcíamos muito para que isso acontecesse e imaginávamos que daria certo, mas não da forma como aconteceu. Virou um fenômeno: as pessoas começaram a retuitar, compartilhar e em menos de um ano nos tornamos o canal que mais cresceu na história do YouTube.

EXAME.com – Como encaram o feedback praticamente imediato que recebem do público no momento em que o programa vai ao ar?

Porchat - É muito bom. Nós somos para todo mundo: tem gente que vai gostar, que vai amar, que vai mandar pra outras pessoas. E nós ficamos muito atentos para ver se será bem recebido ou não. Mas sempre vamos pelo nosso crivo. É muito difícil ficar nas mãos dos outros. Nós fazemos o que achamos engraçado. Então, se for assim, está ótimo.


EXAME.com – E as críticas negativas?

Porchat - Como tudo e todas as coisas da vida, existem as críticas positivas e negativas. E com a gente não é diferente.

Às vezes é o deputado que não gosta e outras vezes é o engenheiro. Cada um gosta de um tipo de humor. E o Porta dos Fundos é legal porque tem vários: tem nonsense, tem diálogo, tem palavrão, tem tapa na cara.

Mas não adianta ficar preocupado com o que o público vai pensar, senão vira televisão. Começaríamos a fazer um humor popular, querendo agradar a todos e esqueceríamos, artisticamente, o que fazemos.

EXAME.com – Em relação a faturamento de vocês, como é possível ganhar dinheiro com vídeos na internet?

Porchat – Existe uma série de fatores: temos um acordo com o YouTube que paga um determinado valor a cada mil visualizações, temos publicidade e fazemos merchandising. As pessoas ainda acham que, na internet, ganhamos dez reais e estamos felizes. Mas a realidade é que hoje ganhamos dinheiro como um programa de televisão de verdade.

EXAME.com – Alguns dos programas de vocês acabam levantando polêmicas. Vocês não têm medo de afastar anunciantes?

Porchat - Nossa preocupação é sermos engraçados e pensar em vídeos engraçados. Não vamos fazer porque é polêmico, mas sim porque é engraçado e vamos rir. Não vamos pensar que há a possibilidade de o anunciante não gostar. Se não gostar, não anuncia neste e anuncia no próximo. Mas mais do que anunciar no Porta dos Fundos, eles querem cooptar o público que assiste ao programa. Afinal, somos o maior canal de humor do mundo. 

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