Tecnologia

Porque a debandada do Windows na Europa sinaliza uma nova era para o Linux

Adoção de sistemas de código aberto avança na Europa com Alemanha, Dinamarca e França migrando seus órgãos públicos para Linux e alternativas ao Office

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 16 de junho de 2025 às 11h19.

Última atualização em 25 de junho de 2025 às 09h06.

Com a aproximação do fim do suporte ao Windows 10, governos europeus estão acelerando a substituição de ferramentas da Microsoft por soluções de código aberto, indicando uma possível virada de paradigma digital. Nos últimos meses, estados como Eslésvico-Holsácia, na Alemanha, e o governo dinamarquês deram início a uma transição ampla para abandonar o Windows, o pacote Office e o Microsoft Teams.

A iniciativa, que afeta mais de 60 mil servidores públicos apenas no estado alemão, se baseia em argumentos como soberania digital, controle de dados e redução de dependência das big techs dos EUA. A medida prevê a substituição progressiva dos produtos Microsoft por softwares como o LibreOffice, o cliente de e-mail Open-Xchange e, em etapas posteriores, o sistema operacional Linux.

O movimento é parte de uma resposta geopolítica e econômica mais ampla. Segundo Dirk Schrödter, ministro de digitalização de Eslésvico-Holsácia, “a guerra na Ucrânia revelou nossas dependências energéticas — agora estamos lidando com as dependências digitais”. Ele afirma que a adoção do código aberto é uma forma de “retomar o controle” sobre dados públicos e fortalecer a infraestrutura digital com base local.

Além da Alemanha, a Dinamarca iniciou um plano semelhante, com implementação total prevista até o fim de 2025. A decisão busca reduzir custos com licenças e evitar gastos extras com atualizações compulsórias, um problema recorrente entre clientes da Microsoft.

Linux e software livre ganham força como alternativa estatal

A tendência de migração para o Linux e soluções de código aberto não é nova, mas ganha tração diante de incentivos institucionais, como o Interoperable Europe Act, aprovado pela União Europeia. O regulamento estimula o uso de ferramentas interoperáveis e abertas por órgãos públicos, promovendo maior independência tecnológica entre os países-membros.

Casos anteriores, como o da cidade de Munique — que adotou e depois abandonou o Linux por pressões internas e dificuldades de interoperabilidade — mostram que a transição exige suporte político contínuo e treinamento eficaz. Mas há exemplos de sucesso: a polícia civil francesa, com 100 mil agentes, usa Linux desde os anos 2000, e o Ministério da Defesa da Índia anunciou em 2023 seu próprio sistema operacional, o Maya OS.

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