. (Reprodução/Thinkstock)
Lucas Agrela
Publicado em 27 de maio de 2018 às 05h55.
Última atualização em 4 de junho de 2018 às 16h35.
Se você esteve conectado à internet nas últimas semanas certamente já notou que muitas empresas que você interage têm enviado uma enxurrada de e-mails sobre mudanças em suas políticas de privacidade.
A razão para todo esse movimento, é algo chamado GDPR, um novo conjunto de regulamentações europeias que regem como as empresas gerenciam nossos dados pessoais. Essas regras entraram na última sexta-feira (25) e fazem com que muitas companhias ao redor do mundo corram para se adaptar às novas regas.
Mais do que apenas ajustar políticas de privacidade, o GDPR força mudanças em praticamente todos os setores, não apenas na tecnologia. E, embora, recentes leis contemplem apenas os cidadãos da União Europeia, as transformações, provavelmente, podem ir muito além das fronteiras do Velho Continente.
Para entender melhor o que é, como funcionará e o que pode resultar o GDPR confira abaixo algumas dicas publicadas por Karissa Bell no portal Mashable.
A sigla siginifca Regulamentação Geral de Proteção de Dados e nada mais é do que um conjunto de regras que criam novas restrições de como as empresas têm que tratar os dados de seus usuários. Embora não haja muitos requisitos específicos, o objetivo geral da sanção é aumentar o controle do público sobre quem tem acesso as suas informações e como elas são usadas.
As mudanças se aplicam a todas as organizações. Desse modo, restaurantes, varejistas, companhias aéreas e outras empresas que normalmente não consideramos que tenham grandes quantidades de dados precisam cumprir a nova lei.
Em linhas gerais, os principais termos do pacote são:
Direito de saber quais dados uma determinada empresa tem sobre você e para que ele são usados;
Direito de ser informado se os dados são compartilhados com grupos externos;
Direito para acessar os dados e levá-los para outro lugar, função também conhecida como portabilidade de dados;
Direito de, em algumas ocasiões, ter seus dados apagados;
Além disso, uma liminar estipula que as empresas têm que notificar os usuários sobre a violação de dados dentro de 72 horas após a descoberto do problema;
É necessário que algumas companhias nomeiam quem será o diretor de proteção de dados;
As penalidades contemplam desde advertências escritas até multas milionárias, dependendo da infração cometida. Para as ofensas mais graves, as organizações podem ser obrigadas a pagar até 20 milhões de euros ou 4% de sua receita total, o que for maior.
Para uma empresa multibilionário como o Facebook ou o Google, isso soma centenas de milhões. Porém, nem todas as infrações garante multas tão grandes. Isso é apenas destinado para as contravenções mais sérias. Na maioria dos casos serão advertências mais leves, que também podem potencialmente fazer uma empresa menor fechar as portas.
Mesmo que as empresas tenham tido dois anos para elevar seus padrões ao nível da GPDR, a transição ocorreu sem problemas para todas. Embora muitas delas tenham informado sua comunidade algumas tiveram que alcançar outros níveis para estarem de acordo com a nova lei.
O Instapaper (app que agora pertence à Pinterest), por exemplo, avisou a todos os usuários na Europa que pausava, temporariamente, o serviço oferecido ao continente devido os problemas com as sanções. A mesma saída também encontrou o aplicativo de limpeza de caixa de Unroll.me.
Enquanto isso, alguns sites como jornais e até redes de TV a cabo como A&E bloqueiam todo o seu tráfego. Diante deste cenário, mesmo que a maioria dessas interrupções seja temporária, não está claro quanto tempo levará até voltem todos os serviços voltem a funcionar normalmente.
Mesmo se você não mora nos países onde a lei será sancionada, tudo isso pode afetar você também. Se você administra uma empresa com clientes na Europa, ainda será necessário cumprir os regulamentos da GDPR, mesmo que esteja nos EUA.
Contudo, caso a pessoa não seja proprietária de uma empresa, provavelmente, ela ainda sentirá os efeitos das sanções de alguma forma. Além dos avisos na caixa de entrada transbordando, algumas companhias optam por disponibilizar novos controles de privacidade para todos, não apenas para os europeus. Um bom exemplo que fez isso, é a própria página da Apple.
Outras reações de longo prazo são menos claros. Críticos argumentam que as medidas dificultarão os negócios empresariais. Outros especulam que as políticas podem muitar a economia das empresas focada em digtal que dependem de verbas publicitárias. Outros, por outro lado, esperam que essa mudança barre casos como o do Cambridge Analytica.
Até o momento, o maior impacto da GDPR talvez seja ela servir como um lembrete oportuno do quanto as empresas dominam nossas vidas atualmente. E, embora, seja improvável que a política mude nos EUA, a transformação ajuda todos a realmente pararem para pensar sobre o que estão fazendo com sua privacidade on-line
E, embora seja improvável que essa prática mude drasticamente nos EUA, pelo menos no curto prazo, o GDPR pode simplesmente ajudar todos a realmente pararem e pensarem sobre sua privacidade on-line em primeiro lugar.
*Este conteúdo foi originalmente publicado no AdNews
Nota de EXAME (4/jun; 16h30): O texto original do AdNews afirmava que o Pinterest havia suspendido seus serviços na Europa. Na verdade, o serviço suspenso é o do aplicativo Instapaper, que pertence ao Pinterest. Corrigimos isso.