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Por que o Facebook perdeu sua relevância cultural, segundo Mark Zuckerberg, fundador da rede social

Em e-mails internos revelados durante julgamento antitruste, Mark Zuckerberg admite temer pelo futuro do Facebook diante da perda de apelo entre os usuários

Mark Zuckerberg:  (Justin Sullivan/Getty Images)

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 19 de abril de 2025 às 11h21.

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Mesmo com níveis estáveis de engajamento, o Facebook enfrenta uma queda acelerada em sua relevância cultural. A avaliação foi feita pelo próprio Mark Zuckerberg, CEO e fundador da Meta, em uma troca de e-mails com Tom Alison, chefe da plataforma, em abril de 2022.

As mensagens, apresentadas nesta semana no processo antitruste movido pela Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC), expõem a tentativa da empresa de reverter um cenário que ameaça a longevidade da rede social, segundo o Business Insider.

Nos bastidores, a preocupação era clara: se o Facebook falhar, não há caminho de sucesso para a Meta, mesmo com o bom desempenho de outras plataformas do grupo, como Instagram e WhatsApp. Por isso, Zuckerberg destacou a urgência de um plano com “visão única” para manter o aplicativo relevante.

Entre os fatores apontados como responsáveis pela perda de tração cultural da rede estão:

  • A dinâmica de “amizade” tradicional da plataforma, que já não atrai como antes. Zuckerberg classificou o ato de adicionar amigos como algo "pesado demais" e sugeriu até a ideia de zerar as conexões existentes dos usuários;

  • A preferência crescente por redes baseadas em following, como Instagram, Twitter e TikTok. Segundo o CEO, esse modelo se tornou a "inovação fundamental" que o Facebook não conseguiu adotar;

  • O foco em grupos e comunidades, que embora promissor no início, não alcançou a escala desejada. O comportamento de usuários migrou para os aplicativos de mensagens privadas;

  • O formato de vídeos curtos (reels), embora eficiente para manter usuários na plataforma, ainda não entrega a sensação de conexão pessoal — um dos pilares da proposta social do Facebook.

Até o Instagram, também da Meta, aparece como concorrente direto na disputa por atenção e relevância. A dualidade entre os produtos da empresa foi tema sensível nas mensagens, com Zuckerberg defendendo que “uma plataforma não deveria se contentar com as sobras da outra”.

Além das grandes redes, apps menores como BeReal e Poparazzi também foram citados como ameaças por operarem em lógicas mais espontâneas e sociais. A concorrência intensa aumenta a pressão sobre o Facebook, que precisa se reinventar para sobreviver num ecossistema onde ser apenas “útil” já não basta.

Disputa por atenção no centro da estratégia

A busca por soluções levou Zuckerberg a considerar mudanças radicais. Uma das ideias mencionadas foi reconfigurar o modelo de conexões sociais da plataforma para algo mais leve, menos formal que o “adicionar amigo”. A intenção seria tornar o Facebook mais compatível com os hábitos digitais da nova geração, que preza pela fluidez nas interações e pela curadoria pessoal de conteúdo.

A constatação geral nas mensagens é que o Facebook parou no tempo. Ao priorizar notícias e vídeos de produtores profissionais, perdeu espaço para plataformas onde o conteúdo público também é socialmente relevante. Como reconheceu Alison: “Não temos um ecossistema culturalmente relevante de conteúdo público”.

Para tentar mudar esse quadro, a Meta precisa, segundo seu CEO, não apenas copiar formatos bem-sucedidos como o TikTok, mas propor algo autêntico. “O importante é que façamos isso com uma visão que seja nossa”, escreveu Zuckerberg.

O futuro da rede social criada em 2004 pode depender dessa missão: reconstruir sua identidade em uma era dominada por algoritmos, vídeos curtos e redes mais dinâmicas.

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