Tecnologia

O Vale virou quartel: por que executivos de big techs se tornaram oficiais do Exército dos EUA

Líderes da OpenAI, Meta e Palantir viram tenentes-coronéis do Exército dos EUA em nova iniciativa que mistura tecnologia, segurança e poder político

Andrew Bosworth, diretor de tecnologia da Meta, durante evento da empresa na Califórnia: agora, ele também é tenente-coronel do Exército dos EUA em programa que aproxima big techs do setor militar. (JOSH EDELSON/Getty Images)

Andrew Bosworth, diretor de tecnologia da Meta, durante evento da empresa na Califórnia: agora, ele também é tenente-coronel do Exército dos EUA em programa que aproxima big techs do setor militar. (JOSH EDELSON/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 22 de junho de 2025 às 14h42.

Última atualização em 22 de junho de 2025 às 14h45.

Quatro executivos de grandes empresas de tecnologia do Vale do Silício foram oficialmente incorporados ao Exército de Reserva dos Estados Unidos, com patentes de tenente-coronel, em uma unidade batizada de Corpo Executivo de Inovação.

Entre os nomeados estão Andrew “Boz” Bosworth, diretor de tecnologia da Meta, Kevin Weil, chefe de produto da OpenAI, Bob McGrew, ex-diretor de pesquisa da mesma empresa, e Shyam Sankar, diretor de tecnologia da Palantir.

Kevin Weil, chefe de produto da OpenAI, durante conferência sobre inteligência artificial em Las Vegas, em março de 2025: executivo também foi nomeado tenente-coronel da reserva do Exército dos EUA. (Big Event Media/Getty Images)

O grupo passa a integrar o Destacamento 201, criado para aproximar o setor de defesa da inovação produzida nas gigantes de tecnologia. Eles continuarão atuando em seus cargos privados e, simultaneamente, serão oficiais do Exército americano, sem precisar passar pelo treinamento básico obrigatório dos demais reservistas.

Missão: IA mais letal

Segundo comunicado do Exército dos EUA, o objetivo da iniciativa é tornar as Forças Armadas “mais inteligentes e letais”, aproveitando os conhecimentos desses executivos em inteligência artificial, sistemas preditivos e visualização de dados.

A ideia foi articulada por Brynt Parmeter, chefe de gestão de talentos do Pentágono, ex-combatente e ex-executivo do Walmart. Ele conheceu Sankar em uma conferência em 2023 e vislumbrou “uma situação à la Oppenheimer”, na qual civis com conhecimento estratégico seriam convocados a servir diretamente, sem abandonar seus postos nas empresas privadas.[/grifar]

Apesar da justificativa oficial, a nomeação levantou suspeitas sobre possíveis conflitos éticos e comerciais. Meta, OpenAI e Palantir têm contratos milionários com o governo dos EUA. No caso da OpenAI, um acordo recente de US$ 200 milhões envolve justamente o desenvolvimento de sistemas de defesa aérea com a empresa Anduril, fundada por um ex-funcionário demitido do Facebook.

A relação entre esses novos oficiais e suas respectivas empresas não foi formalmente desligada. Ao contrário: os quatro atuarão simultaneamente em suas funções civis e militares, com parte do tempo de serviço podendo ser realizado de forma remota - algo inédito para oficiais da reserva.

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