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Polônio, a substância radioativa que matou o ex-espião russo

"É uma substância muito rara", afirma o relatório do juiz Robert Owen. "Também vi provas de que o isótopo é difícil de produzir e perigoso de manipular"


	Polônio: ele é utilizado normalmente como fonte de raios alfa para a pesquisa e a medicina
 (Johannes Eisele/AFP)

Polônio: ele é utilizado normalmente como fonte de raios alfa para a pesquisa e a medicina (Johannes Eisele/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2016 às 13h56.

Segundo o relatório da justiça britânica divulgado nesta quinta-feira, que afirmou que o presidente russo Vladimir Putin provavelmente aprovou o assassinato de Litvinenko, "as agências de segurança russas tinham acesso ao polônio, e experiência em seu uso".

"É uma substância muito rara", afirma o relatório do juiz Robert Owen. "Também vi provas de que o isótopo é difícil de produzir e perigoso de manipular. Além disso, embora o polônio 210 seja produzido e vendido comercialmente, está disponível apenas em quantidades minúsculas enviadas em contêineres selados".

"Uma remessa de polônio 210 que continha muitas vezes a quantidade ingerida por Litvinenko foi vendida em 2006 por 20.000 dólares", prosseguiu o relatório.

O polônio é utilizado normalmente como fonte de raios alfa para a pesquisa e a medicina, mas também, entre outras coisas, como fonte de calor nos veículos espaciais.

É um semimetal cinza prateado, de massa atômica 210 (símbolo 210Po), o número 84 na tabela periódica dos elementos de Mendeleev, que se sublima (passa diretamente do estado sólido ao gasoso) com rapidez, a partir dos 50 graus centígrados.

Sua vida média (prazo no qual perde a metade de sua atividade) é de 138 dias.

Solúvel, muito tóxico em doses ínfimas por inalação ou ingestão, o polônio está presente na fumaça dos cigarros. Sozinho pode provocar câncer por inalação nos animais de laboratório.

O polônio foi o primeiro elemento descoberto, em 1898, pela física francesa de origem polonesa Marie Sklodowska-Curie, em colaboração com seu marido, Pierre Curie. Em homenagem ao seu país natal, deu a este elemento o nome de polônio.

Marie Curie realizava, após a descoberta de "raios urânicos" por Antoine Becquerel, pesquisas sobre a radioatividade de pechblenda procedente das minas de prata de Boêmia.

A pechblenda, que contém essencialmente polônio, é um óxido de urânio utilizado há vários séculos como aglutinador nos vernizes para cerâmicas.

No entanto, em 10 gramas de urânio há, no máximo, um bilionésimo de grão de polônio (0,000000001), o mais raro dos elementos naturais.

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