Pílulas anticoncepcionais: bebês cujas mães continuaram a tomar pílula na gravidez não tinham maior risco de malformações do que aqueles nascidos de mulheres que nunca tomaram pílula (Philippe Huguen/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2016 às 05h50.
Tomar uma pílula anticoncepcional antes ou no início de uma gravidez não aumenta o risco de problemas congênitos graves no bebê - é o que diz um estudo britânico publicado nesta quinta-feira numa revista médica britânica.
Pesquisadores dinamarqueses e norte-americanos chegaram a esta conclusão - que contradiz os resultados de alguns estudos publicados no passado - depois de estudarem cerca de 900 mil nascidos vivos listados na Dinamarca entre 1997 e 2011.
Cerca de 2,5% das crianças sofriam de problemas congênitos tais como como malformações do sistema nervoso (espinha bífida), do coração, do trato respiratório ou urinário, cabeça ou membros.
Questões relacionadas a causas conhecidas, como a síndrome alcoólica fetal ou aberrações cromossômicas (incluindo originalmente trissomia 21) foram excluídos do estudo.
Os pesquisadores descobriram que crianças nascidas de mulheres que continuaram a tomar a pílula após o início da gravidez não tinham maior risco de malformações do que aquelas nascidos de mulheres que nunca tomaram a pílula ou tinham parado antes de engravidar.
A maioria das mães estudadas (68%) tinham parado de tomar contraceptivos orais mais de três meses antes da concepção, enquanto 21% nunca tinham tomado a pílula.
Apenas 8% tinham parado a contracepção oral menos de três meses antes da gravidez enquanto 1% continuou a tomar mesmo que já estivessem grávidas.
Mas, em última análise, a taxa de malformações foi praticamente a mesma: cerca de 2,5% após o ajuste para fatores de risco como idade materna, nível de escolaridade ou renda, ou tabagismo durante a gravidez.
Estes resultados devem "tranquilizar as mulheres que engravidaram enquanto tomavam contraceptivos orais ou apenas alguns meses depois de pararem de tomá-los", dizem os autores.
Segundo Brittany Charlton, da Harvard T.H. Chan School of Public Health, eles são ainda mais tranquilizadores já que são baseados em prescrições médicas e não nas declarações das mulheres, que podem ser menos confiáveis.
Nos anos 70 e 80, vários estudos em pequenos grupos de mulheres encontraram uma associação entre os contraceptivos orais (estrogênio ou progestina) e malformações cardíacas e dos membros.
Esta associação, no entanto, não foi encontrada em estudos mais recentes.
Hereditariedade, pesticidas, tabaco, álcool, radiação ionizante, obesidade, aberrações cromossômicas e agentes infecciosos são atualmente considerados os principais fatores de risco para defeitos congênitos.
Tomar certos medicamentos também é tido como um fator de risco, o mais infame deles sendo a talidomida. Prescrito para mulheres grávidas contra a náusea nos anos 50 e início dos anos 60, a droga fez entre 10.000 e 20.000 vítimas, em sua maioria nascidas com membros amputados.