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PF cria banco de dados que identifica origem e rota do tráfico pela droga

Brasília - A Polícia Federal (PF) está criando um banco de dados para identificar o perfil químico das drogas apreendidas no país e, assim, apontar sua origem e a rota pela qual passaram até chegar no local onde são comercializadas. A vantagem ao identificar as semelhanças químicas entre uma droga apreendida numa região e outra, apreendida […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Brasília - A Polícia Federal (PF) está criando um banco de dados para identificar o perfil químico das drogas apreendidas no país e, assim, apontar sua origem e a rota pela qual passaram até chegar no local onde são comercializadas. A vantagem ao identificar as semelhanças químicas entre uma droga apreendida numa região e outra, apreendida em local totalmente diferente, é que os investigadores podem indicar se há formação de quadrilha, o que pode resultar no aumento da pena caso os traficantes sejam condenados.

À Agência Brasil, o chefe do setor de Perícias de Química Forense, Adriano Maldaner, disse que, além disso, as informações que são obtidas por meio dessa técnica podem contribuir para a melhor aplicação dos recursos destinados às politicas de enfrentamento às drogas. “Dependendo da situação, isso [a semelhança química na composição de drogas oriundas de diferentes apreensões] pode indicar que se trata de uma quadrilha, como foi em um caso envolvendo parentes presos em diferentes estados, que armazenavam drogas bastante similares em suas casas”, explicou.

Denominado Projeto Pequi – uma abreviação para perfil químico da droga – o banco de dados agrupa informações sobre as características de drogas apreendidas em diferentes localidades. Em função dos aspectos químicos das substâncias, os peritos criminais poderão afirmar “com alto nível de acerto” o país de origem e, em função das misturas acrescidas à droga, indicar possíveis rotas utilizadas pelos traficantes.

"Ao contrário do que muitas pessoas pensam, drogas de um mesmo tipo são muito diferentes entre si, quando produzidas em diferentes regiões. E, quando são parecidas, são realmente muito parecidas. Isso nos permite afirmar, com um alto nível de acerto, se elas são de uma mesma origem", disse Maldaner.

De acordo com o perito da PF, essas características abrangem pequenos resíduos de substâncias que vêm da planta e que não são retirados durante o refino. "Assim como a cultura de café ou a de uva influencia nos cafezinhos ou nos vinhos que são consumidos, diferentes culturas da planta de coca produzem diferentes quantidades de determinadas substâncias e elas podem ser identificadas por meio de exames laboratoriais", acrescentou.

Com análises assim, foi possível para a PF concluir, por exemplo, que três apreensões realizadas em diferentes regiões do país tinham a mesma origem, numa operação deflagrada no ano passado. "Em 2009, ligamos uma apreensão de 200 quilos de cocaína, feita em Fortaleza, com uma de 50 quilos em Marabá [no Pará] e, ainda, com outra apreensão de 1 quilo em Goiânia", relatou.

"Além de apontarmos conexões por meio de telefonemas, extratos bancários ou por negócios, e de provarmos que há ligações pessoais entre acusados, podemos acrescentar que existe, entre essas pessoas, também uma conexão de drogas [objeto de tráfico], caso elas [as drogas] apresentem um mesmo perfil químico."

Com o Projeto Pequi, a expectativa da PF é implementar – de forma descentralizada e paralelamente ao Instituto Nacional de Criminalística – metodologias de identificação da origem geográfica das drogas nas capitais de todos os estados.

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