(Peugeot/Divulgação)
Lucas Agrela
Publicado em 1 de outubro de 2018 às 14h38.
As fabricantes de automóveis do mercado de massa como a Peugeot têm um pesadelo recorrente: seus veículos são relegados para hardwares de transporte enquanto aplicativos oferecem o valor que os consumidores querem.
Para impedir esse cenário, a Peugeot está tentando provar que o estilo ainda terá importância apresentando um carro que lembra o clássico 504 Coupé de 1969. Apesar do estilo retrô, a tecnologia é futurista, com 16 telas, dois motores elétricos e um volante que se retrai durante a direção autônoma.
O conceito e-Legend, que estreará no Salão do Automóvel de Paris nesta semana, apresenta um interior de veludo azul e madeira no qual o motorista pode optar por relaxar e assistir a um filme enquanto o carro opera de forma autônoma. O veículo elétrico tem autonomia de até 600 quilômetros e suas baterias podem ser quase completamente recarregadas em 25 minutos. Ele é capaz de acelerar para 100 quilômetros por hora em menos de quatro segundos e tem velocidade máxima de 220 km/h.
A francesa PSA Group -- fabricante dos carros Peugeot, Citroën e DS -- não é a única fabricante a recorrer à nostalgia em meio à desconcertante mudança tecnológica. A Mercedes-Benz, da Daimler, a Infiniti, da Nissan Motor, e a Jaguar, da Tata Motors, usaram designs clássicos em protótipos recentes. No caso das marcas de alto nível, esses esforços reforçam a imagem para os amantes de carros, mas os benefícios são menos óbvios para marcas do mercado de massa, que são mais propensas a fornecer veículos para serviços de carona compartilhada que acabam sendo intercambiáveis para os clientes.
Mesmo assim, a maioria das fabricantes não depende apenas do design para capturar valor em uma era de táxis-robôs. As informações geradas pelo carro, como a localização, a programação e as preferências de compra do motorista, são vistas como uma nova fonte de receita. Além disso, elas estão desafiando empresas como a Uber Technologies. A Volkswagen está desenvolvendo o serviço de carona compartilhada Moia e a PSA criou seu próprio aplicativo de transporte, chamado Free2Move.
Um modelo que se juntará ao e-Legend no Salão de Paris é o X E-Tense, da DS, a marca de luxo da fabricante francesa. O conceito elétrico, uma visão para o transporte da década de 2030, apresenta uma linha de teto assimétrica e inclui uma máquina de café expresso em um compartimento fechado para os passageiros e cabine aberta para um motorista humano ou robô.
A Citroën, a marca do grupo voltada ao mercado de massa conhecida por seus designs peculiares, apresentará um veículo muito mais realista em Paris, uma versão híbrida do SUV C5 Aircross. O veículo estará disponível no mercado europeu no ano que vem e faz parte dos planos da empresa de oferecer versões elétricas ou híbridas de todos os seus modelos até 2025.