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Petrobrás admitiu ser vulnerável à espionagem

A Petrobrás foi um dos alvos da agência americana NSA, fator que estremeceu, em 2013, as relações do governo Dilma Rousseff com a Casa Branca

petrobras (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2015 às 06h58.

A Petrobrás admitiu este ano, numa das reuniões de seu Conselho de Administração, ser incapaz de proteger seus projetos da espionagem de outros países. No dia 26 de março, ao apresentar medidas segurança da informação ao Conselho, técnicos da estatal informaram não ter condições de criar sistemas para evitar que Estados Unidos, Rússia e China roubem segredos da empresa.

A Petrobrás foi um dos alvos da agência americana NSA, fator que estremeceu, em 2013, as relações do governo Dilma Rousseff com a Casa Branca. A revelação apareceu em documento vazado pelo ex-analista de inteligência Edward Snowden. Trata-se de uma apresentação, de 2012, feita para ensinar agentes a espionar redes privadas de computador. O nome da estatal, maior empresa brasileira, figurava entre os "alvos" de supostas invasões cibernéticas.

A crise provocada pela divulgação do documento levou a presidente Dilma a cancelar, naquele ano, visita de Estado aos Estados Unidos e a criticar duramente o governo de Barack Obama na Organização das Nações Unidas (ONU). Apesar da crise, os técnicos da Petrobrás deixaram claro ao Conselho de Administração que, passados dois anos, a estatal continua vulnerável. "Não podemos garantir sigilo em relação aos estados, especialmente Estados Unidos, pela NSA, Rússia, China, porque eles têm sistemas muito poderosos, capazes de 'by-passar' qualquer medida de segurança que nós adotemos", afirmou um deles, destacando que até instalações nucleares do Irã foram atacadas pelos americanos. "Infelizmente, NSA, nem pensar. Têm tudo o que querem", reagiu um dos conselheiros.

No áudio da reunião, obtido pelo Estado, não fica claro de quem são os comentários. A gravação é uma das 12, feitas nos últimos oito meses, que a Petrobrás preservou. A estatal alega que registros anteriores foram destruídos.

A apresentação dos técnicos expôs a paranoia da cúpula da empresa com vazamentos de informação. Os técnicos descreveram a rotina de criptografar videoconferências e apresentaram equipamentos para fazer varreduras na sala de reuniões, checando se há gravadores atrás de paredes e sob móveis. Numa delas, foi encontrado um buraco para a instalação de escuta numa das cadeira, mas, segundo os técnicos, o autor não foi descoberto.

Ele contou que, em sua gestão, o ex-presidente da companhia José Sérgio Gabrielli chegou a monitorar e-mails dos conselheiros para tentar descobrir quem vazava informações da empresa. "Fizemos um monitoramento do serviço de mensageria que estava sendo usado na sala. Detectamos que um diretor abasteceu um repórter", contou o técnico, sem informar o nome do "vazador" e as providências tomadas a respeito.

A preocupação da Petrobrás é de proteger informações estratégicas da cobiça dos concorrentes, como as áreas de potencial exploração de petróleo. Nos áudios, conselheiros indicados pelo governo também deixam clara a intenção de manter nas sombras a interferência política do Planalto no dia a dia da estatal, além de episódios de resistência a investigações.

Numa das gravações obtidas pelo Estado, de 13 de janeiro, a ex-presidente da Petrobrás Graça Foster pede que a ata da reunião omita, por exemplo, que dirigentes do Petros, o fundo de pensões de funcionários da companhia, foram nomeados por indicação governo, a pedido do ex-ministro Guido Mantega.

Outros conselheiros reclamaram que a prática é contra as regras de governança da instituição. Graça ainda disse que a cúpula do Petros tentou evitar a investigação de escritórios independentes contratados pela estatal sobre possíveis irregularidades na gestão do fundo. "Fizemos todo um jogo de xadrez para cair dentro do Petros. O presidente (do fundo) gritava que isso não poderia acontecer, que essa investigação da Petrobrás não poderia se estender até a Petros. Foi um 'retetéu do rototó'", contou a executiva, pedindo que suas declarações ficassem fora da ata. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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