Metástase (Divulgação/John Hopkins)
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2014 às 12h47.
Dois pesquisadores da universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, desenvolveram uma veia artificial que permite uma visão em tempo real de como as células cancerígenas entram em metástase.
A metástase é o processo pelo qual as células cancerígenas se espalham pelo corpo, aumentando a dificuldade do tratamento do câncer.
Assim que entra na corrente sanguínea, as células cancerígenas podem formar tumores em outros órgãos.
Noventa por cento dos pacientes vitimados pelo câncer sofreram processo de metástase, que ainda não é totalmente conhecido dos médicos - não se sabe como as células cancerígenas conseguem se mover dentro do sistema vascular e se espalhar pelo corpo.
Entender melhor como isso acontece pode levar a novos métodos de tratamento para a doença. "Nossa nova ferramenta nos dá uma visão mais clara e detalhada desse processo", afirma Andrew Wong, um dos autores da pesquisa.
"Existe muita coisa que não sabemos sobre como as células de tumor viajam pelo corpo, porque, mesmo usando nossa melhor tecnologia de imagem, não conseguimos enxergar como elas se locomovem pelo sistema sanguíneo", diz Wong.
Os pesquisadores da universidade Johns Hopkins testaram a viabilidade da veia artificial em células de câncer de mama marcadas com uma tinta fluorescente. Elas foram inseridas em uma matriz de colágeno, que replicava o tecido dos seios humanos.
A vascularidade do aparelho foi feita com material transparente, com as mesmas propriedades das veias naturais, por onde circulava um líquido rico em nutrientes, fazendo as vezes do sangue.
Por meio da fluorescência das células, a equipe foi capaz de filmar e monitorar aquelas com câncer, enquanto andavam pelo tecido e pela veia artificial.
"No passado, era virtualmente impossível observar os passos envolvidos nesse processo com esse nível de clareza", afirmou Peter Searson, coautor do estudo.
A dupla de pesquisadores conseguiu perceber que o tecido tentava cercar e conter as células cancerígenas. Mas algumas delas escapavam e se agrupavam em outro ponto da veia artificial.
Depois de um tempo, a força do fluxo sanguíneo artificial era suficiente para puxar a célula cancerígena para dentro da veia e bombeá-la para outros lugares.
"As células cancerígenas teriam dificuldade em deixar o local original do tumor, não fosse a habilidade delas em entrar em nosso fluxo sanguíneo e ganhar acesso a locais distantes", afirma Wong.
"Então, descobrimos que é a entrada das células cancerígenas no fluxo sanguíneo que permite ao câncer se espalhar tão rápido", diz.
Os pesquisadores agora esperam utilizar o aparelho para testar remédios contra a doença, para perceber se eles podem afetar a metástase.
"Se nós pudermos encontrar uma maneira de parar um desses passos na escalada da metástase, poderemos ser capazes de encontrar uma nova estratégia para retardar ou até parar a propagação do câncer", afirma Wong.