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Pesquisadores brasileiros avaliarão bioenergia para a Unesco

Pesquisadores dos programas FAPESP vão realizar um Processo Rápido de Avaliação sobre biocombustíveis e sustentabilidade


	Avaliação deverá resultar em um “Resumo de políticas” contendo uma série de recomendações da academia, indústrias, instituições governamentais e não governamentais (ONGs)
 (Miguel Medina/AFP)

Avaliação deverá resultar em um “Resumo de políticas” contendo uma série de recomendações da academia, indústrias, instituições governamentais e não governamentais (ONGs) (Miguel Medina/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de março de 2013 às 11h12.

São Paulo– Pesquisadores dos programas FAPESP de pesquisa em Bioenergia (BIOEN), Biodiversidade (BIOTA) e Mudanças Climáticas foram convidados pela Secretaria do Comitê Científico para Problemas do Ambiente (Scope), sediado na Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a realizar um Processo Rápido de Avaliação (Rapid Assessment Process, em inglês) sobre biocombustíveis e sustentabilidade.

A avaliação deverá resultar em um “Resumo de políticas” contendo uma série de recomendações da academia, indústrias, instituições governamentais e não governamentais (ONGs) para apoiar a tomada de decisões relacionadas a biocombustíveis e sustentabilidade por parte de empresas, governos e instituições internacionais associadas à Organização das Nações Unidas (ONU).

“O documento deverá ter um grande impacto e ser consultado por governos de diversos países interessados em produzir e utilizar biocombustíveis para abastecer suas frotas de veículos”, disse Glaucia Mendes Souza, professora do Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo (USP) e membro da coordenação do BIOEN, à Agência FAPESP.

Segundo Souza, que é a primeira mulher a dirigir um Rapid Assessment Process na história do Scope, esta será a segunda avaliação sobre biocombustíveis e sustentabilidade realizada pelo comitê, que já produziu relatórios sobre outros temas, como mudanças ambientais globais, segurança alimentar e biodiversidade.

A primeira avaliação, liderada por pesquisadores da Universidade de Cornell, dos Estados Unidos, no entanto, foi publicada em junho de 2009, com base em dados reunidos até 2007.

“Pretendemos fazer agora nesta nova avaliação uma atualização do estado da arte das pesquisas sobre biocombustíveis, porque já se passaram seis anos desde que o primeiro relatório foi publicado e muita coisa mudou”, avaliou Souza.

O primeiro relatório contou com a colaboração de Luiz Antonio Martinelli e Reynaldo Victoria – ambos do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da USP.


Martinelli tem diversos projetos de pesquisa apoiados pela FAPESP e Victoria é membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais.

“Em poucos anos, em função da qualidade da ciência que temos demonstrado, passamos de espectadores a líderes no debate global sobre a sustentabilidade de biocombustíveis”, avaliou Souza.

Processo de avaliação

De modo a iniciar o processo de avaliação, pesquisadores dos três programas de pesquisa da FAPESP e do Scope realizaram, no dia 26 de fevereiro, na FAPESP, um workshop conjunto para descrever e identificar problemas, desafios e compartilhar perspectivas sobre a sustentabilidade dos biocombustíveis.

Além de pesquisadores participantes do BIOEN, BIOTA e Mudanças Climáticas, que lideram a produção do relatório, o evento contou com a participação de especialistas em diferentes aspectos da produção de biocombustíveis e bioenergia, provenientes de diversos países.


Entre eles, José Goldemberg, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, Lee Lynd, professor da Dartmouth University, Chris Sommerville, da Universidade de Berkeley, e Helena Chum, do Laboratório Nacional de Energias Renováveis, dos Estados Unidos.

Jeremy Woods, do Imperial College, do Reino Unido, Jack Saddler, da University of British Columbia, do Canadá, Andre Faaij, da Utrecht University, Patricia Osseweijer, da Delft University, da Holanda, e Jon Samseth, da Hogskolen I Oslo Og Akershus, da Noruega, também participaram do evento.

Completaram a lista de participantes Brian Huntley, da Universidade de Stellenbosh, da África do Sul, e Stephen Karekezi, da African Energy Policy Research Network, do Quênia – países que representam a nova fronteira de expansão de biocombustíveis no mundo.

“Esse grupo de especialistas de diferentes regiões do mundo, que representam instituições de pesquisa com grandes projetos na área de bioenergia, vai nos ajudar a guiar a elaboração das recomendações que integrarão o documento e a propagá-las”, afirmou Souza.

“Para que as recomendações possam realmente surtir o efeito esperado, é preciso falar sobre elas por anos, de modo que sejam propagadas e implementadas”, avaliou.


Volume final

Os pesquisadores participantes do evento, que integram o comitê científico da iniciativa, realizaram uma série de reuniões a fim de discutir sobre políticas para expansão sustentável da produção de biocombustíveis no mundo e o exemplo dado pelo Brasil nessa área, entre outras questões.

As ideias surgidas durante as reuniões, além de informações, materiais e avaliações obtidas pelo comitê científico com pesquisadores e organizações de diferentes países, embasarão capítulos preparatórios, que serão produzidos ao longo dos próximos meses, para elaboração das recomendações.

Na primeira semana de dezembro de 2013, o comitê científico do projeto se vai se reunir na sede da Unesco, em Paris, na França, para escrever os capítulos em que serão abordados os aspectos econômicos e sociais mais transversais da produção de biocombustíveis.

“Passaremos uma semana debruçados sobre as questões mais complexas relacionadas à produção de biocombustíveis, para elaborar propostas de implementação práticas e objetivas, que realmente sejam úteis para quem toma decisões de políticas públicas”, disse Souza.

Os capítulos gerais escritos pelos pesquisadores passarão por revisão, adaptação e edição antes de serem publicados em um volume final, com a síntese das recomendações, previsto para ser divulgado em 2014.

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