Tecnologia

Pesquisa indica relação entre inclusão digital e felicidade

A cada 10 pontos percentuais de penetração de Internet, telefonia fixa e móvel há aumento de 2.2 pontos percentuais no índice de felicidade, indica levantamento da FGV


	"A plataforma celular pode promover a inclusão digital pois hoje dois terços dos pobres no Brasil têm um telefone móvel", diz pesquisador
 (Getty Images)

"A plataforma celular pode promover a inclusão digital pois hoje dois terços dos pobres no Brasil têm um telefone móvel", diz pesquisador (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2012 às 11h40.

São Paulo - Alguns anos atrás, foi muito divulgado um estudo que mostrava uma relação direta entre penetração de telefonia móvel e crescimento de Produto Interno Bruto (PIB) de um país. Agora, uma pesquisa realizada pela FGV indica uma correlação entre acesso a meios de comunicação (Internet, telefonias fixa e móvel) e felicidade. O estudo reuniu dados globais do Gallup e, no caso brasileiro, do IBGE, e descobriu que, em média, a cada 10 pontos percentuais de penetração de Internet, telefonia fixa e/ou móvel há um aumento de 2.2 pontos percentuais na felicidade de um país.

"Entretanto, não se pode dizer que inclusão digital traz felicidade ou vice-versa", ressalta Marcelo Neri, pesquisador da FGV que conduziu o estudo e apresentou os dados durante o painel "O crescimento do Brasil e as TICs", durante o 56º Painel Telebrasil, nesta quinta-feira, 30, em Brasília. Neri alertou também que no Brasil, especificamente, a correlação não se apresentou tão claramente. Nos próximos dias, Neri deve tomar posse como presidente do Ipea.

Para esse levantamento, Neri e sua equipe criou um indicador, chamado ITIC (Indicador de Telefonia, Internet e Celular), que mescla as penetrações dos três referidos serviços. Em uma lista de 158 países, o Brasil ocupa a 72a posição, com ITIC de 51,25%. A média mundial é de 49,1%. O ranking é liderado por Suécia (95.8%), Cingapura (95.5%) e Islândia (95.5%). Nos últimos lugares estão República Centro Africana (5.5%), Burundi (5.75%) e Etiópia (8.25%). Se retirada a penetração de telefonia celular, o ITIC dos países africanos cai drasticamente. No caso da República Centro Africana, passa a ser de 0.7%.

Em sua palestra, Neri apresentou mapas do Brasil mostrando a evolução da penetração dos três serviços ao longo da última década, com destaque para a telefonia celular, cujos resultados chamam mais a atenção. "A plataforma celular pode promover a inclusão digital pois hoje dois terços dos pobres no Brasil têm um telefone móvel", disse o pesquisador. Nesse dado, é considerado pobre quem vive com renda mensal familiar per capita abaixo de R$ 150.


No caso dos PCs, Hélio Rotenberg, presidente do grupo Positivo, disse que a revolução no Brasil aconteceu nos últimos sete anos, período em que o país subiu para a terceira colocação entre os maiores mercados de computadores pessoais no mundo. A razão para isso foi não apenas o barateamento do equipamento em função de políticas de desoneração, mas o acesso a financiamento, explicou.

"A grande virada aconteceu com o PC das Casas Bahia, vendido em 10 ou mais vezes", afirmou. O mesmo Rotenberg, contudo, pontuou que a tecnologia não é a salvação para a educação no Brasil. "Temos problemas estruturais a serem resolvidos. Enquanto o professor não estiver preparado, não tem tecnologia que vá ajudar", comentou.

Desigualdade

A diretora da LCA Consultores, Cláudia Viegas, alertou para o risco de o avanço tecnológico no Brasil agravar a desigualdade social, caso seja feito de maneira desordenada. "É claro que o número de acessos vai crescer. A questão é como isso vai acontecer ao longo de todo o País. Pode ocorrer um efeito perverso, agravando a desigualdade social em vez de reduzi-la", disse.

Ela se refere ao risco de parte da população brasileira não acompanhar o avanço tecnológico e ficar ainda mais alijada do desenvolvimento econômico do País. Célio Bozola, presidente do Prodesp, responsável pelo projeto Poupa Tempo, confirma que nem mesmo no estado de São Paulo o acesso à tecnologia está distribuído de forma homogênea.

Para Cláudia, da LCA, é fundamental que haja uma política pública direcionadora do processo de inclusão digital no Brasil. Sobre a possibilidade de ajuda estatal para esse fim, o presidente da Telebrasil e da Telefônica/Vivo, Antônio Carlos Valente, comentou: "não tenho nada contra apoio estatal. Mas há diversas formas de apoio estatal. Uma delas é a disponibilidade de fundos públicos".

Acompanhe tudo sobre:FelicidadeInclusão digital

Mais de Tecnologia

China Lança 2ª Expo Internacional da Cadeia de Suprimentos com Aumento de Expositores Estrangeiros

Xpeng da China avança na mobilidade aérea com fábrica de carros voadores

Por que a Apple foi banida de vender iPhones na Indonésia?

Reddit desafia Google como principal ferramenta de buscas online