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Pesquisa de NYU não encontra evidências de preconceito contra conservadores nas redes sociais

No estudo, os pesquisadores afirmam que "a narrativa falsa de preconceito é um exemplo de desinformação política"; isso não significa, no entanto, que as redes sociais não cometeram erros

Comunicação empresarial: profissionais revelam necessidades e desafios em estudo da Aberje  (Bernhard Lang/Getty Images)

Comunicação empresarial: profissionais revelam necessidades e desafios em estudo da Aberje (Bernhard Lang/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 2 de fevereiro de 2021 às 10h47.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2021 às 10h49.

Pesquisadores da New York University (NYU) não encontraram evidências de que existe preconceito na internet contra conservadores. Segundo o relatório, as redes sociais não reprimem pessoas com visões mais conservadoras e, na verdade, tentam ao máximo apaziguar os comentários das pessoas.

Para chegar a essa conclusão, foram analisados dados do CrowdTangle e da NewsWhip, sites que monitoram os conteúdos com mais interação nas redes sociais, e outros relatórios já existentes sobre o tema – todos eles mostram que contas conservadoras, na realidade, dominam a internet.

A nível de comparação, enquanto o democrata Joe Biden tinha um engajamento de apenas 13% em sua página no Facebook, o republicano Donald Trump chegava na casa dos 87% – um número muito alto em termos de redes sociais. Também em 2020, Trump liderou a lista de interações no Facebook em relação aos outros americanos, com 654 milhões de interações. O segundo na lista, Bernie Sanders, teve 33 milhões.

No Brasil, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro é um dos políticos mais seguidos nas redes. Somente no Twitter, Bolsonaro tem 6,6 milhões de seguidores. No Instagram, são 18,1 milhões.

No estudo, os pesquisadores afirmam que "a narrativa falsa de preconceito é um exemplo de desinformação política, significando uma frase não-verdadeira que é espalhada para enganar". Para os pesquisadores, o discurso de que o conservadorismo era suprimido nas redes sociais surgiu principalmente depois da eleição de Biden e dos ataques dos apoiadores de Trump ao Capitólio – que, mais tarde, culminaram no banimento do ex-presidente do YouTube, Twitter e Facebook.

"A afirmação de que as redes sociais, como uma indústria, censuram os conservadores estão, agora, se tornando uma parte de uma campanha muito maior de desinformação da direita, a de que o conservadorismo está sendo silenciado na sociedade americana. Esse é, obviamente, um tema pós-Trump, estamos vendo na Fox News, ouvindo dos defensores de Trump, e acredito que isso vai continuar. Em vez de acabar com Trump deixando Washington, só vai ficar cada vez mais intenso", afirmou Paul Berret, autor do estudo, ao site americano The Verge.

Para Berret, isso não significa que as redes sociais não cometeram erros. "Elas tendem a reagir a crises e a ajustar suas políticas de última hora, o que leva a situações problemáticas sobre como as políticas são aplicadas", disse.

O especialista entende que o Twitter, apesar de sua história de ter uma boa moderação de conteúdo e de se sentir orgulhoso em relação a sua posição como "protetor da liberdade de expressão", acabou deixando muita gente com a pulga atrás da orelha em 2020, com a resposta à pandemia do novo coronavírus e a antecipação das eleições presidenciais americanas.

"O Twitter mudou a sua política e começou a policiar de forma muito mais vigorosa os conteúdos sobre a pandemia e as eleições. O Twitter tomou a liderança – e outras redes sociais seguiram o exemplo", afirmou.

Os pesquisadores sugerem, no estudo, formas para que as redes sociais deixem de ser acusadas de favorecer certo grupo político. Em primeiro lugar, segundo eles, é preciso explicar melhor as decisões sobre moderação de conteúdo "para que o público entenda porque certas postagens e usuários são excluídos".

O estudo também sugere que as plataformas devem permitir que os usuários controlem e customizem seus feeds como bem entenderem – sem seguir um algoritmo padronizado.

A principal recomendação dos pesquisadores é para que as redes sociais contratem moderadores de conteúdo humanos, o que pode fazer com que o Facebook e outras plataformas consigam dividir o trabalho de definir quais postagens devem ou não ser mantidas.

 

Em outra parte do estudo, os especialistas sugerem que o Congresso e a Casa Branca trabalhem em conjunto com as companhias de tecnologia para reduzir a hostilidade existente entre Washington e o Vale do Silício

"As companhias precisam adotar uma moderação de conteúdo responsável. Deixe as pessoas verem como os algoritmos funcionam, e porque algumas pessoas podem ver materiais que outras não podem. Ninguém espera que as empresas mostrem todas as linhas de código, mas as pessoas deveriam conseguir entender o que é levado em conta na hora da tomada de decisão sobre o que eles podem ver em uma rede social", diz Berret.

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