Ratos: os roedores inteligentes se saíram melhor para reconhecer um rato que haviam visto no dia anterior, afirmaram os pesquisadores, e também se mostraram mais rápidos para aprender a localização de uma plataforma de fuga escondida (Alexey Krasavin/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 14 de agosto de 2015 às 13h35.
Londres - Cientistas modificaram geneticamente ratos para torná-los superinteligentes e perceberam que eles também são menos ansiosos, uma descoberta que pode ajudar nas pesquisas de tratamentos de distúrbios como a doença de Alzheimer, a esquizofrenia e o transtorno de estresse pós–traumático (PTSD, na sigla em inglês).
Pesquisadores da Grã-Bretanha e do Canadá descobriram que alterar um único gene para bloquear a enzima fosfodiesterase-4B (PDE4B) – encontrada em muitos órgãos, entre eles o cérebro – deixou os ratos mais espertos e menos medrosos.
“Nosso trabalho com os ratos identificou a fosfodiesterase-4B como um alvo promissor para novos tratamentos em potencial”, disse Steve Clapcote, conferencista de farmacologia da britânica Universidade de Leeds, que liderou o estudo.
Clapcote afirmou que agora sua equipe trabalha no desenvolvimento de drogas que irão inibir especificamente a PDE4B. Os medicamentos serão testados primeiro em animais para que se veja se algum deles pode servir para ser usado em testes clínicos com humanos.
Nos experimentos, publicados nesta sexta-feira na revista Neuropsychopharmacology, os cientistas realizaram uma série de testes comportamentais nos ratos com inibição da enzima PDE4B e descobriram que eles tendem a aprender mais rápido, lembrar de acontecimentos por mais tempo e resolver problemas complexos melhor do que os ratos normais.
Os roedores “cabeça” se saíram melhor para reconhecer um rato que haviam visto no dia anterior, afirmaram os pesquisadores, e também se mostraram mais rápidos para aprender a localização de uma plataforma de fuga escondida.
Eles ainda se revelaram menos capazes que os ratos comuns de lembrar um evento assustador depois de vários dias, e como a PDE4B também é encontrada em humanos isso pode ser útil na pesquisa de tratamentos para enfermidades cerebrais, assim como para a decadência mental ligada ao envelhecimento.
Os experimentos também evidenciaram que os ratos com inibição da PDE4B sofrem menos de ansiedade, preferindo passar mais tempo em espaços abertos e bem iluminados do que seus parentes normais, que optaram por espaços escuros e restritos.
E, embora os ratos tenham um medo natural de gatos, os roedores modificados reagiram com menos temor à urina dos felinos, dando a entender que inibir a PDE4B pode aumentar o comportamento de risco.