São Paulo - Um estudo feito por cientistas do Instituto de Pesquisa em Saúde e Meio Ambiente de Rennes, na França, alerta para o risco que o uso de inseticidas domésticos representa à saúde infantil.
Segundo a pesquisa, publicada esta semana no periódico científico Environment International, a exposição a estes produtos seria capaz de interferir no desenvolvimento de habilidades cognitivas nas crianças.
O perigo vem de certas substâncias pertencentes ao grupo químico dos piretróides — comuns em inseticidas domésticos, repelentes de insetos e em cremes e loções para matar piolhos.
Tais substâncias comportam-se como neurotoxinas em contato com o organismo humano, e também são encontradas em pesticidas usados na agricultura.
No ambiente doméstico, a exposição das crianças aos piretróides é bastante comum, devido à proximidade dos pequenos à poeira do solo (que armazena poluentes), ao fato de colocarem a mão na boca com frequência e, também, ao uso de produtos contra piolhos.
A absorção dos piretróides ocorre, principalmente, através do sistema digestivo. Mas essas substâncias também são absorvidas pela pele. Uma vez no organismo, elas são rapidamente metabolizadas no fígado e eliminadas na urina na forma de metabolitos dentro de 48 horas.
Segundo as análises laboratoriais, o aumento nos níveis de dois resíduos metabolitos dos piretróides na urina das crianças está associada a uma diminuição significativa nos seus desempenhos cognitivos, particularmente na compreensão verbal e memória de trabalho.
Cerca de 300 crianças participaram da pesquisa na região de Bretanha, na França.
"As consequências de um déficit cognitivo em crianças para a sua capacidade de aprendizagem e de desenvolvimento social constitui uma desvantagem para o indivíduo e para a sociedade", ressaltou Jean- François Viel, um dos co-autores da pesquisa. Segundo ele, é urgente a necessidade de se identificar medidas preventivas.
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1. Neurotoxinas invisíveis
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São Paulo – Autismo, déficit de atenção, dislexia, paralisia cerebral...A lista de problemas neurológicos que afetam milhares de
crianças em todo o mundo é tão extensa quanto as ameaças ocultas do cotidiano que podem deflagrar essas disfunções. Estudo publicado na revista científica
The Lancet Neurology alerta para "epidemia silenciosa" de perturbações neurológicas infantis causadas por substâncias invisíveis presentes em roupas, móveis e brinquedos. Segundo a pesquisa, feita pela Escola de
Saúde Pública de Harvard e a Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova York, a lista de químicos que, reconhecidamente, afetam o cérebro dos pequenos duplicou nos últimos sete anos, saltando de seis para doze. São produtos químicos tóxicos que “silenciosamente corroem a inteligência, perturbam o comportamento, e minam as conquistas futuras das crianças, principalmente nos países mais pobres, que têm pouca regulamentação a respeito dessas substâncias”, avaliam os autores do texto, Philippe Grandjean e Philip J Landrigan. Eles consideram que mesmo as atuais regulamentações dos químicos são inadequadas para proteger as crianças, cujos cérebros em desenvolvimento são particularmente vulneráveis aos produtos tóxicos presentes no ambiente.
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2. Chumbo
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2/14 (SXC.Hu)
As principais formas de contaminação pelo chumbo se dão pela ingestão de alimentos ou água contaminados e por inalação de partículas de poeira da substância. A exposição ao chumbo na infância está associada ao desempenho escolar reduzido e com comportamento deliquente no futuro. Segundo o estudo, não existem níveis seguros de exposição a essa substância.
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3. Tolueno ou metil benzeno
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3/14 (Ian Muttoo/ Flickr.com/CC)
Esta substância caracteriza o que ficou popularmente conhecido no Brasil como cola de sapateiro, apesar de estar presente em outros tipos de colas, como as utilizadas na marcenaria. Ela também é usada como solvente, em pinturas, revestimentos, borrachas e resinas. A exposição materna ao tolueno tem sido associada a problemas de desenvolvimento cerebral e déficit de atenção na criança.
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4. Metilmercúrio
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4/14 (Getty Images)
A exposição ao metilmercúrio, que afeta o desenvolvimento neurológico do feto, muitas vezes vem de ingestão materna de peixe que contém altos níveis de mercúrio. Segundo o estudo, a vulnerabilidade do cérebro em desenvolvimento à toxicidade do metilmercúrio é muito maior que a do cérebro adulto. Os efeitos perduram por anos. Problemas apresentados por crianças aos sete anos de idade ainda eram detectáveis com a idade de 14 anos. Outros exames em pessoas expostas no pré-natal a quantidades excessivas de metilmercúrio mostraram ativação anormal de regiões do cérebro em resposta a tarefas de estimulação sensorial e motora.
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5. Bifenilos policlorados – PCBs
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5/14 (GettyImages)
Esta família de produtos químicos tem sido rotineiramente associada à função cognitiva reduzida na infância. Muitas vezes, estão presentes em alimentos, principalmente peixes, carnes e lácteos contaminados, e podem ser repassadas ao bebê pelo leite materno. Essas substâncias também são encontradas em aparelhos elétricos velhos, onde agem como isolantes térmicos.
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6. Éteres de difenila polibromados (PBDEs)
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6/14 (Getty Images)
O grupo de compostos conhecidos como polibromados éteres difenil (PBDE) são amplamente utilizados como retardadores de chama, para proteger móveis, tapetes e roupas. Experimentos sugerem que os PBDEs também podem ser neurotóxicos. Estudos epidemiológicos na Europa e nos EUA têm
mostrado déficits de desenvolvimento neurológico em crianças com aumento da exposição pré-natal a estes compostos.
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7. Tetracloroetileno ou percloroetileno
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Em Massachusetts, nos Estados Unidos, uma pesquisa com crianças que foram expostas no pré-natal ao percloroetileno em água potável mostrou tendência para deficiências na função neurológica e risco aumentado de diagnósticos psiquiátricos. O tetracloroetileno é um líquido incolor e volátil à temperatura ambiente. É usado como desengraxante de peças metálicas, em lavagens a seco, na indústria têxtil, e produtos de limpeza e de borracha laminada.
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8. Bisfenol A ou BPA
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8/14 (Alex Silva)
O BPA é um composto usado na fabricação de policarbonato, que é utilizado na produção da maioria dos plásticos rígidos e transparentes, e também na produção da resina epóxi, que faz parte do revestimento interno de latas que acondicionam bebidas e alimentos. Em 2011, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu proibir, no Brasil, a venda de mamadeiras de plástico que tenham a substância. O BPA pode enganar o corpo e fazê-lo pensar que é hormônio real. Na literatura média, tem sido associado à diversos tipos de câncer e problemas reprodutivos, além de obesidade, puberdade precoce e doenças cardíacas.
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9. Clorpirifós e DDT (pesticidas)
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9/14 (Charles ORear/USDA)
Estes inseticidas estão ligados a anormalidades no desenvolvimento neurológico em crianças. Eles são proibidos em muitas partes do mundo, mas ainda utilizados em muitos países de baixa renda. Estudos recentes também o relacionam à doença de Alzheimer. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, em 2004, a industrialização, produção, distribuição, comercialização e entrega de inseticidas de uso doméstico e em ambientes coletivos à base do princípio ativo clorpirifós. O DDT foi banido nos EUA na década de 70, mas ainda é usado em alguns países. No Brasil, o uso do DDT foi proibido em 2009.
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10. Fluoreto
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10/14 (Andrés Nieto/Flickr)
Eles está presente em cremes dentais e anti-sépticos bucais para prevenir cáries, mas também é adicionado em inseticidas e venenos para ratos. Um dos usos que ganhou fama nos anos 1960 foi o de adicionar a substância em água, sob a crença de que a prática fortaleceria a saúde bucal. Mais de 27 estudos com crianças expostas a níveis elevados de flúor na água potável, principalmente da China, sugerem um decréscimo médio de QI de cerca de sete pontos.
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11. Ftalatos
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11/14 (SXC.Hu)
Todo os dias, milhões de células no nosso corpo morrem, e isso é perfeitamente saudável. Estudos têm mostrado, no entanto, que químicos chamados ftalatos também podem desencadear a "sinalização da morte" em células testiculares, fazendo-as morrer mais cedo do que deveriam. Comumente usados para dar mais flexibilidade aos plásticos, os ftalatos podem ser encontrados por todos os lados – na cortina do box do chuveiro, em cabos elétricos, na cobertura do chassi do carro e nos plásticos das portas. Outros estudos ligam os ftalatos a alterações hormonais, defeitos congênitos no sistema reprodutor masculino, obesidade, diabetes e irregularidades da tireóide.
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12. Arsênico
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12/14 (Stock.Xchange)
O arsênico é largamente empregado em processos de fundição de metais e na conservação de madeira. Em seu estado elementar, é um material cinza sólido, frequentemente encontrado no meio ambiente combinado com outros elementos. Seus compostos geralmente formam um pó branco ou incolor que não tem cheiro ou sabor, o que dificulta identificação do tóxico em alimentos, na água ou na atmosfera. Exposições pré-natal e pós-natal ao arsênico em água potável contaminada estão associados com déficits cognitivos em crianças com idade escolar e risco elevado de doença neurológica durante a vida adulta.
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13. Manganês
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13/14 (Getty Images)
Um estudo feito em Quebéc, no Canadá, expôs uma relação forte entre a concentração de manganês nos cabelos das crianças e hiperatividade. Pequenos em idade escolar que viviam próximo a áreas de mineração e processamento do minério demonstraram diminuição da função intelectual, deficiência em habilidades motoras e redução da função olfativa. Presente na água potável em Bangladesh, por exemplo, este produto químico, usado para fabricação de aço, tem sido associado à baixo desempenho em matemática, função intelectual diminuída e déficit de atenção.
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14. Ar nocivo
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14/14 (Getty Images)