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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h31.
Brasília, 6 de março (Portal EXAME) Uma das mais eficientes empresas públicas do país começa a enfrentar este ano um novo desafio. Trata-se da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), grande provedora de tecnologia para a agropecuária empresarial brasileira e principal responsável, dentro do governo, pela alta competitividade que o setor exibe hoje. A nova empreitada consiste em levar tecnologia e competitividade, com a mesma eficiência, também ao pequeno produtor. Já existem tecnologias avançadas para a agricultura familiar, mas é difícil fazer o pequeno produtor adotá-las. Precisamos de novos métodos de difusão , afirma Clayton Campanhola, novo presidente da Embrapa. A dúvida é: terá a companhia fôlego leia-se dinheiro e capital humano para abrir mais uma frente de atuação?
Campanhola é engenheiro agrônomo, doutor pelo Instituto de Economia da Unicamp e funcionário da Embrapa desde 1990. O desafio que ele agora se impõe está afinado com o novo governo. Seu orientador no doutorado, concluído em 1999, foi o ministro responsável pelo programa Fome Zero, José Graziano. O executivo tem consciência da dificuldade que é transformar a agricultura familiar no País: Além da falta de capital, há problemas de transporte, de saúde e de educação básica para a compreensão das novas técnicas .
É um trabalho difícil, mesmo considerando que, dentro do universo de pesquisa e desenvolvimento no Brasil, a Embrapa é uma potência. Seu orçamento para 2003 deve ser de 732 milhões de reais. São 2 045 cientistas distribuídos por 37 centros de pesquisa. Graças a essa estrutura, os produtores de soja, por exemplo, dispõem hoje de sementes adequadas a ambientes tão diversos quanto o Rio Grande do Sul e o Piauí. Só que a verba já é apertada para os programas em andamento. A Embrapa terá de perseguir as novas metas com gestão mais inteligente, e não com redistribuição de recursos. Seria um erro investir menos na agricultura empresarial para dirigir recursos para a agricultura familiar , afirma André Pessoa, diretor da Agroconsulting, empresa especializada em pesquisas de mercados agrícolas.
A falta de dinheiro não é problema quando o negócio é levar tecnologia ao grande produtor. Afinal, ele pode pagar por ela. A situação muda quando o cliente passa a ser o pequeno produtor e a propriedade familiar. Campanhola quer montar um novo sistema de gestão e venda do conhecimento criado na companhia. Nosso desafio será usar o conhecimento da Embrapa na área de difusão tecnológica, respeitando a capacidade de investimento de cada comunidade , diz o executivo. Eis alguns pontos de seu plano de ação:
O programa deverá ter início até junho em quatro áreas-piloto, nos estados de Paraná, Piauí, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Há investimentos previstos do Sebrae e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), além de compartilhamento de técnicas de desenvolvimento rural com o governo francês. Resta saber se tudo isso vai mesmo dar certo.