(Reprodução/Bloomberg/Bloomberg)
Lucas Agrela
Publicado em 28 de dezembro de 2018 às 05h55.
Última atualização em 28 de dezembro de 2018 às 05h55.
A Toyota Motor já vendeu tantos carros que há um na frente de cada casa japonesa. Agora a empresa quer colocar robôs dentro das casas.
Conhecida por suas linhas de montagem automatizadas, a Toyota vê um futuro não muito distante em que os robôs sairão da fábrica e se tornarão presenças habituais nas casas, ajudando nas tarefas domésticas -- e até mesmo fazendo companhia -- em uma sociedade envelhecida, onde um quarto da população tem mais de 65 anos e milhões de idosos moram sozinhos.
As máquinas se tornaram muito mais inteligentes nos últimos dez anos. No entanto, toda tentativa de construir uma capaz de fazer coisas simples como colocar roupa na máquina de lavar ou transportar alimentos encontra o mesmo problema físico: quanto mais forte é o robô, mais pesado e perigoso ele se torna.
A Toyota destina ao projeto US$ 29 bilhões em reservas de caixa, um novo centro de pesquisa de inteligência artificial e um renomado inventor, Gill Pratt, que dirige o projeto.
“É uma empresa com tantos recursos que você nunca pode ignorá-los”, disse Morten Paulsen, um analista da CLSA Japan Securities em Tóquio que acompanha o setor de robótica há décadas.
A Toyota vem experimentando robôs desde pelo menos 2004, quando revelou um humanóide que tocava trombeta com dedos móveis, pulmões e lábios artificiais que podiam acompanhar uma orquestra humana de verdade.
Em 2015, a montadora gastou US$ 1 bilhão para abrir seu Toyota Research Institute, no Vale do Silício, que se concentra em inteligência artificial. No ano passado, criou um fundo de US$ 100 milhões para investir em startups e novas tecnologias robóticas. Este ano, a empresa reestruturou sua divisão Partner Robot para agilizar a tomada de decisões e reduzir o tempo de desenvolvimento.
"Há uma pressão interna repentina para avançar mais rápido", disse o gerente Keisuke Suga em um fórum recente do setor perto da Toyota City, sede da montadora.
O Robô de Suporte Humano (HSR, na sigla em inglês) da Toyota é a máquina que a empresa considera mais próxima de dar o salto do laboratório para a sala de estar. Trata-se do equivalente robótico de um Corolla -- pura funcionalidade, sem coisas supérfluas --, o HSR é basicamente um braço retrátil sobre rodas com uma tela de vídeo na parte superior e dois grandes olhos de câmera que lhe dão os rudimentos de um rosto.
Tem o peso de meia dúzia de bolas de boliche, mas só consegue levantar uma carga útil de 1,2 kg, o peso aproximado de uma garrafa média de água.
No entanto, carregada com o software certo, a máquina pode fazer algumas coisas interessantes.
Em uma demonstração feita neste trimestre por uma das parceiras da Toyota, uma startup de IA chamada Preferred Networks, o robô foi capaz de aprender o lugar de livros, canetas e outros itens em uma prateleira e de limpar uma sala que parecia ter sido virada de cabeça para baixo por uma criança pequena. Usando seus olhos sensores e sua pinça, a máquina arrumou um par de chinelos no chão um ao lado do outro, com os dois pés apontando na mesma direção.
A Toyota não disse quando seus ajudantes domésticos estarão disponíveis para os consumidores. Mas o assessor Masanori Sugiyama, ex-gerente do programa de robôs, diz que o HSR pode estar pronto para hospitais e casas de repouso dentro de dois ou três anos para realizar tarefas simples, como arrumar quartos ou entregar refeições. Para máquinas com mais habilidades, a espera será maior.
“Os robôs precisam entender o que as pessoas pensam e ter empatia”, disse Sugiyama. “A ideia é que o robô seja um amigo.”