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Para IPCC, esperar mais evidência do aquecimento é escapismo

Rajendra Pachauri considera que países não devem esperar novas provas para tomarem as medidas necessárias contra a mudança climática

Segundo o IPCC já existem provas suficientes que as emissões causam o aquecimento global (Stock.Xchange)

Segundo o IPCC já existem provas suficientes que as emissões causam o aquecimento global (Stock.Xchange)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2014 às 19h18.

Durban, África do Sul - Líderes que esperam ter mais evidências sobre o perigo do aquecimento global flertam com o escapismo, alertou esta quinta-feira, em Durban, Rajendra Pachauri, chefe do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), grupo de cientistas da ONU ganhador do Nobel da Paz e que em 2007 emitiu o alerta sobre a ameaça que as mudanças climáticas representam para o planeta.

Cento e noventa e quatro países estão reunidos em Durban para encontrar os meios de limitar a elevação da temperatura da Terra a 2ºC.

Alguns negociadores sugeriram aguardar o próximo relatório do IPCC, em 2014, antes de adotar decisões mais fortes no combate às mudanças climáticas. Eles alegam que esperariam as determinações como um nível mais exato do aquecimento que o planeta resistiria.

Pachauri discorda: o último relatório do painel, publicado em 2007, "traz elementos suficientes nos quais se apoiar para agir. Não é possível imaginar que tenhamos que esperar indefinidamente por novas provas", disse o cientista em entrevista à AFP, à margem das negociações de Durban que devem terminar esta sexta-feira.

"Se o mundo aceita esta realidade científica, então a comunidade internacional deve reagir", acrescentou.

O IPCC considera que a evidência de aquecimento climático é inequívoca, com mais de 90% de probabilidade de que as causas sejam as atividades humanas. Daí a necessidade de aplicar medidas globais que detenham as emissões em setores como energia, indústria e desmatamento.

"Certamente o próximo documento permitirá, talvez, melhorar algumas coisas, fazer alguns ajustes (...), mas dizer que temos que esperar é negar a realidade", afirmou.


O chefe da organização de cientistas saudou a declaração do presidente sul-africano e anfitrião da conferência climática de Durban, Jacob Zuma, que pediu que "o nível de ambição - na redução das emissões de gases de efeito estufa - deveria ser determinado pela ciência".

Criado há mais de 20 anos, o IPCC conquistou o prêmio Nobel da Paz em 2007, junto com o vice-presidente americano, Al Gore.

Em um relatório especial publicado antes da Conferência de Durban, o IPCC destacou que o aquecimento global intensificará a frequência e a intensidade dos eventos climáticos extremos: inundações, secas e ondas de calor.

"Acho que a ciência traz elementos suficientes que deveriam criar uma forma de senso de urgência para reagir", disse Pachauri, questionado se a questão climática teria perdido este sentido de urgência devido às trabalhosas e demoradas negociações na conferência e à crise econômica em várias partes do mundo.

"Acho que poderia ser útil, nas negociações, que cada dia começasse com uma apresentação de vários fatos científicos" que demonstrassem a gravidade da situação, sugeriu.

Um estudo alemão apresentado em Durban revelou que as promessas de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa que os países colocaram sobre a mesa levariam a um aquecimento do planeta a 3,5ºC, muito além da meta estabelecida pela comunidade internacional de limitar o aquecimento a 2ºC.

Pachauri, no entanto, concluiu que mantém viva a esperança de que "os seres humanos decidirão coletivamente, de uma forma ou de outra, agir para enfrentar o desafio".

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