Vitória: animal símbolo do movimento conservacionista acaba de sair da lista de espécies "criticamente ameaçadas". (Getty Images)
Vanessa Barbosa
Publicado em 5 de setembro de 2016 às 13h00.
São Paulo - Um dos animais símbolos do movimento conservacionista, o panda gigante acaba de sair da lista de espécies em perigo de extinção. O feito, anunciado pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), mostra que a luta para preservar a rica biodiversidade do planeta é promissora, principalmente quando levada a sério pelos governantes.
Na lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, o panda gigante perdeu o status de "criticamente ameaçado" de extinção para "vulnerável", condição que ainda exige cuidado, mas nada que se compare ao status anterior. Segundo a IUCN, a população da espécie cresceu 17% entre 2004 e 2014, atingindo 1.864 pandas gigantes em estado selvagem na China.
Hoje venerado por todo o país, o icônico animal preto e branco não apenas viu seu habitat ser violentamente fragmentado pelo avanço das cidades chineses, no passado, como foi caçado indiscriminadamente por sua carne e pele. Essa situação começou a mudar em 1970, quando uma intensa campanha ambiental alertou o mundo sobre a dizimação da espécie.
Finalmente, em 1988, a China proibiu a caça de pandas gigantes no país, alçando a espécie ao mais alto nível de proteção. A partir daí, o panda gigante passou a tesouro nacional.
Esforços integrados entre o governo, ONGs ambientais, comunidades locais e a inicitiativa privada ajudaram a reverter o declínio da espécie.
A criação de um sistema de áreas protegidas e ações de reflorestamento foram essenciais para conter a perda de habitat: hoje, há 67 reservas no país, que protegem 67% da população, somando cerca de 1,4 milhão de hectares.
No entanto, segundo a IUCN, estima-se que as mudanças climáticas devem eliminar mais de 35% do habitat dos pandas gigantes nos próximos 80 anos e, portanto, a população poderá diminuir, revertendo os ganhos obtidos durante as últimas décadas.
"Para protegê-los, é fundamental que as medidas eficazes de proteção das florestas continuem sendo implementadas e que as ameaças emergentes sejam abordadas. O plano do governo chinês para expandir a política de conservação existente para a espécie é um passo positivo e deve ser fortemente apoiado", diz a entidade.
O grupo conservacionista WWF, que tem o panda gigante como símbolo, vibrou com a vitória da espécie. "É um momento emocionante para todos os comprometidos com a conservação da vida selvagem do mundo e seus habitats ", disse Marco Lambertini, diretor geral do WWF, em nota.
"A recuperação da panda mostra que quando a ciência, a vontade política e o engajamento das comunidades locais andam juntos, podemos salvar animais selvagens e também melhorar a biodiversidade", acrescentou.
Confira abaixo cinco curiosidades sobre os pandas gigantes, segundo o WWF:
Pandas recém-nascidos têm cerca de 1/900 do tamanho de suas mães, quase um pacotinho de manteiga. Mas um dia eles ficam grandes, passando fácil de 150 quilos quando adultos.
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Pandas gigante vivem em média de 14 a 20 anos. A maioria deles deixam suas mães quando elas engravidam novamente, o que acontece geralmente após os 18 meses.
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Eles são fominhas e podem subsistir quase inteiramente só comendo bambu: o "pf" varia de 11 quilos a 38 quilos por dia, dependendo do apetite.
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Apesar de não serem muito chegados a grupos, pandas se comunicam entre si através de vocalização e marcação por odor. Eles urinam na forma de jatos contra superfícies e troncos de árvores para marcar seus caminhos.
A espécie também desempenha um papel essencial nas florestas de bambu da bacia do Yangtze, na China, espalhando sementes com seu deslocamento e contribuindo com a vegetação local.
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