Alex Karp: CEO da Palantir Technologies afirma que modelo universitário limita inovação e defende formação prática no setor de tecnologia
Redatora
Publicado em 13 de novembro de 2025 às 06h36.
A Palantir Technologies abriu na última segunda-feira inscrições para a segunda edição do programa Meritocracy Fellowship, que oferece estágio remunerado a jovens recém-formados no ensino médio. Para o CEO Alex Karp, a iniciativa entra como uma alternativa ao modelo tradicional de ensino superior e parte de sua visão de que o sistema educacional atual inibe a inovação.
O programa, sediado em Nova York, terá duração de agosto a dezembro de 2026, com bolsa mensal de US$ 5.400. Segundo informações do Business Insider, mais de 500 pessoas participaram da seleção anterior e 22 foram aprovadas. Parte desse grupo deve ser contratada em tempo integral após o término do estágio, previsto para dezembro deste ano.
O Meritocracy Fellowship propõe que os participantes iniciem a carreira diretamente no setor de tecnologia, sem cursar faculdade. A proposta reflete o aumento do ceticismo no Vale do Silício sobre o custo e a relevância do ensino superior tradicional. Em uma publicação no blog da Palantir, a empresa defendeu que as universidades seguem um modelo padronizado de formação, com currículos extensos e endividamento estudantil, enquanto o programa busca oferecer uma alternativa para a prática e à inovação.
Durante o processo de seleção, a chefe de talentos Marge York destacou que o objetivo é encontrar candidatos com “verdadeira diversidade de pensamento”. Ela explicou que os perfis mais valorizados combinam domínio técnico, proatividade e maturidade. Segundo York, muitos participantes da primeira turma demonstraram habilidades de programação superiores às de recém-formados contratados pela empresa.
Nas primeiras semanas, o programa oferece um módulo introdutório de humanidades, com leituras obrigatórias, debates e palestras ministradas por funcionários e convidados. Entre eles estão Bob McGrew, diretor de pesquisa da OpenAI, e Edward Wittenstein, professor da Universidade de Yale especializado em inteligência artificial e segurança nacional.
Após essa fase, os bolsistas passam a atuar em equipes de engenharia e atendimento ao cliente, executando tarefas semelhantes às de empregados efetivos.
No entanto, alguns participantes do programa relataram ter recebido críticas por escolher o estágio em vez da universidade. Karp afirmou que essa reação é esperada e faz parte do impacto pretendido pela iniciativa. Ele disse acreditar que, se o programa for mantido por alguns anos e atingir um número maior de participantes, poderá representar um desafio concreto para o sistema universitário.
O executivo, que é doutor em teoria social pela Universidade Goethe de Frankfurt, também declarou que "todos os sistemas são parasitários" e que, segundo ele, o papel da Palantir é romper com esse padrão por meio de novas formas de formação e trabalho.