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Oyo firma parceria com a Creditas para ajudar hotéis a obter empréstimos

Startup indiana que chegou ao Brasil no ano passado vinha crescendo agressivamente no país. Agora tenta recuperar o setor hoteleiro impactado pela crise

Oyo: empresa indiana fundada por Ritesh Agarwal já captou mais de 3 bilhões de dólares em aportes (Mint / Colaborador/Getty Images)

Oyo: empresa indiana fundada por Ritesh Agarwal já captou mais de 3 bilhões de dólares em aportes (Mint / Colaborador/Getty Images)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 6 de agosto de 2020 às 14h21.

Última atualização em 6 de agosto de 2020 às 15h04.

Em uma tentativa de aliviar os impactos econômicos da crise do novo coronavírus no setor hoteleiro, a startup indiana Oyo está firmando uma parceria com a fintech Creditas para facilitar a obtenção de crédito para os hotéis que fazem parte da rede. Conforme apurado com exclusividade pela EXAME, as duas companhias vão trabalhar para oferecer carência de até seis meses em empréstimos de até 3 milhões de reais aos hotéis.

A parceria com a Creditas foi iniciada no dia 5 de agosto e vai permitir que a Oyo ofereça linhas de crédito especiais com juros mais baixos do que os praticados no mercado. Com todo o processo feito pela internet, desde a solicitação até o recebimento, é possível pedir empréstimos de valores entre 5.000 e 3 milhões de reais em taxas de 0,84% ao mês. O prazo para quitar a dívida é de até 20 anos e o solicitante ganha carência de seis meses após fazer o empréstimo.

Fundada em 2013 por Ritesh Agarwal, na época com 19 anos, a Oyo Rooms é uma das principais startups da Índia. A companhia já captou mais de 3,2 bilhões de dólares em aportes recebidos por investidores como o banco japonês SoftBank, o grupo hoteleiro Huazhu Hotels, as startups Airbnb e Grab e a gigante chinesa Didi Chuxing, que comanda a operação da empresa de aplicativo de transporte 99 aqui no Brasil.

Com negócios em mais de 800 cidades de 80 países, a Oyo conta com uma rede de mais de 43.000 propriedades e possui 1 milhão de quartos sob sua gestão. A companhia trabalha com redes de hotéis independentes para facilitar a busca por hospedagens em uma plataforma digital que oferece vantagens aos hóspedes.

A diferença para sites como Trivago e Decolar, por exemplo, é que a Oyo realiza algumas mudanças nos hotéis para permitir que a experiência de hospedagem seja padronizada em toda a rede conveniada. A operação do hotel continua sendo gerida pelo próprio estabelecimento, mas a Oyo empresta sua marca, faz o agendamento de hospedagens em sua plataforma e padroniza os ambientes.

No Brasil, as operações da empresa começaram há um ano e o país é visto como um dos principais mercados da empresa na América Latina, ao lado do México. Por aqui são mais de 400 propriedades e 13.000 quartos ofertados e mais de 1 milhão de pessoas já se hospedaram em hotéis da rede no país. “Há um crescimento bastante forte no Brasil, 90% do mercado de hoteleiro brasileiro é composto de empresas independentes”, diz Eduardo Zucareli, vice-presidente de operações da Oyo no país.

Os números da empresa no mercado brasileiro já preocupam rivais do setor. Em 2019, o levantamento Raio-X da Hotelaria Brasileira, que analisou o crescimento das redes hoteleiras no país, colocou a AccorHotels na liderança do setor com 312 empreendimento e 50.000 apartamentos em operação. A segunda colocada era a Atlatica Hotels, com 126 empreendimentos e 20.000 quartos.

O problema é que a crise do novo coronavírus que impactou diretamente o mercado de turismo e, consequentemente, o setor hoteleiro, veio em um momento que a empresa crescia de forma agressiva no Brasil. Em abril, a companhia precisou fazer cortes de pessoal em sua operação brasileira. O número exato não foi informado, mas relatos em redes sociais apontam que pelo menos 500 pessoas foram demitidas. A companhia tinha cerca de 700 funcionários no país na época.

A Oyo é apenas uma das empresas afetadas pelos impactos econômicos gerados pela crise da covid-19. De acordo com a Associação Brasileira de Indústria Hoteleira (Abih), houve uma queda de 96% na ocupação após o dia 10 de março. O setor brasileiro de hotéis é responsável por 380.000 empregos diretos e emprega ainda cerca de 1,3 milhão de pessoas indiretamente.

EXAMINANDO: COMO SERÃO AS VIAGENS DEPOIS DA PANDEMIA?

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