Tecnologia

Os brasileiros por trás de "Surgeon Simulator", jogo da Bossa Studios

Henrique Olifiers e Roberta Lucca, que saíram da Rede Globo para desenvolver jogos na Europa, se preparam para novo lançamento

Bossa Studios: empresa de brasileiros lançará sequência do jogo "Surgeon Simulator" (Bossa Studios/Reprodução)

Bossa Studios: empresa de brasileiros lançará sequência do jogo "Surgeon Simulator" (Bossa Studios/Reprodução)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 20 de agosto de 2020 às 15h34.

Última atualização em 21 de agosto de 2020 às 15h53.

Desde esportes eletrônicos até os clássicos jogos de console, o mercado de games está em uma ascensão desenfreada — e deve terminar o ano de 2020 com um faturamento de 2,7 bilhões de dólares. No Brasil, existem mais de 87 milhões de jogadores ativos em todas as plataformas. Mas o país nem sempre foi um mercado tão positivo para os jogos — especialmente nos anos 2000, quando a pirataria de videogames era frequente.

É por isso que, ainda no começo do século, Henrique Olifiers e Roberta Lucca saíram dos estúdios do Big Brother Brasil diretamente para a Europa. O designer de jogos e a empreendedora trabalhavam com jogos online para o programa e outras áreas da Rede Globo por alguns anos, quando decidiram partir em busca de uma nova experiência profissional: o desenvolvimento de jogos eletrônicos.

Após passarem por algumas empresas durante a chegada na Europa, Olifiers e Lucca resolveram montar sua própria desenvolvedora de jogos, chamada Bossa Studios. Criada em 2010, na Inglaterra, a empresa desenvolveu jogos que viraram febre entre os gamers — como Surgeon Simulator e I Am Bread.

Segundo Olifiers, a ida para a Inglaterra foi sua influência, já que acompanhava desde 1990 o mercado de jogos independentes no país. "Existem quatro mercados com bastante destaque na criação de jogos — Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e Inglaterra. Mas o foco criativo e de inovação neste último era o mais atrativo, por estar liderando a produção de jogos indies — que era nosso objetivo", comentou o designer.

Em Surgeon Simulator, o jogador atua como um cirurgião em situações de emergência, fazendo com que a experiência seja imersiva — e que exige muita concentração. Já em I Am Bread, que também viralizou, permite que o jogador se sinta como um pedaço de pão, cujo único objetivo é alcançar a torradeira para se tornar uma torrada. Confira, abaixo, um vídeo do game:

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Embora os fãs do jogo tenham de esperar mais um ano para receber a sequência I Am Fish, que lançará em 2021, a aposta da Bossa Studios para 2020 é a continuação de Surgeon Simulator. Com lançamento previsto para o dia 27 de agosto, Surgeon Simulator 2 terá um modo cooperativo com até quatro jogadores, que tentarão impedir que o desastre aconteça.

A primeira versão do jogo conta com mais de 5 milhões de jogadores desde o seu lançamento, e a equipe recebeu um prêmio do British Academy Games Awards em 2012 — considerado o maior prêmio de jogos da Europa. 

Segundo Roberta Lucca, o segredo para conquistar uma base sólida de jogadores é trabalhar, constantemente, para que as condições favoreçam o player. "Você faz o melhor que pode para cuidar e dar atenção aos jogadores. Embora o foco inicial não seja um sucesso imediato, a gente sempre trabalha para que o cenário possibilite um destaque maior", disse a empreendedora para a EXAME.

Embora com uma base maior de jogadores nos Estados Unidos, Olifiers comentou que o sucesso de Surgeon Simulator é global — mais de 500.000 pessoas ainda assistem a vídeos sobre o jogo diariamente. A dupla ressaltou que essa é a primeira sequência de um jogo que realizam. A ideia surgiu de forma natural, em uma das sessões de brainstorm que realizam com os funcionários do estúdio.

Confira, abaixo, o trailer do jogo multiplayer.

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Embora a pandemia tenha dificultado o trabalho coletivo para o lançamento do jogo, o estúdio conseguiu achar uma forma de trabalhar de forma híbrida — metade no escritório e metade em suas casas — para que o game pudesse ser lançado no tempo correto. Olifiers acrescentou que, embora profissionais de algumas áreas — como os devs — precisem estar mais fisicamente presentes, a tecnologia atual permite que um game seja finalizado remotamente.

Isso, porém, não significa que o estúdio possa existir de forma totalmente remota. "Como a Bossa é publicadora dos jogos que desenvolve, é importante estarmos de forma presencial em mercados como a Inglaterra, onde conseguimos atuar no desenvolvimento de negócios mais facilmente", disse Lucca.

Além disso, Olifiers também ressaltou que, embora a barreira das fronteiras esteja diminuindo, o acesso para financiamento e conhecimento tecnológico de jogos ainda é mais fácil fora do Brasil. "O maior evento profissional da área é a Game Developers Conference em São Francisco, nos Estados Unidos, seguido pela Gamescom", disse. "Ainda permanece sendo o melhor local para conseguir contatos profissionais, embora artistas e músicos tenham mais liberdade para trabalharem remotamente.

Ao final da entrevista, a dupla comentou existir o interesse de montar uma filial no Brasil futuramente — mas ainda é um projeto distante. O que não falta, porém, é investimento na área: até 2025, especialistas acreditam que o mercado de games brasileiro terá uma receita anual de 1 bilhão de dólares.

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