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Os aplicativos de carro são bons para a cidade? Este estudo diz que sim

Pesquisa da FIPE indica que as corridas dos aplicativos liberam até 78 mil vagas de estacionamento na região metropolitana de São Paulo

Trânsito em São Paulo: aplicativos podem reduzir a demanda por vagas de estacionamento (Oswaldo Corneti/Fotos Públicas)

Trânsito em São Paulo: aplicativos podem reduzir a demanda por vagas de estacionamento (Oswaldo Corneti/Fotos Públicas)

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Filipe Serrano

Publicado em 30 de agosto de 2018 às 07h23.

Última atualização em 30 de agosto de 2018 às 07h23.

São Paulo — Os aplicativos de transporte privado têm gerado um efeito positivo para a economia e o trânsito na região metropolitana de São Paulo. É o que diz um estudo inédito da feito por pesquisadores da Fundação Instituto Pesquisas Econômicas (FIPE), ligada ao departamento de Economia da Universidade de São Paulo. Segundo a pesquisa, os aplicativos reduzem a demanda por vagas de estacionamento na cidade, ajudam as pessoas a se locomover até estações de trem ou metrô, aumentam o acesso a vagas de emprego e também geram um benefício de 34,2 milhões de reais para a economia da Grande São Paulo.

Segundo a pesquisa, que foi encomendada à FIPE pela empresa de transporte individual 99, as corridas de aplicativo fazem com que a demanda por estacionamento caia, liberando  78.000 vagas na região — o equivalente a 20 garagens de shoppings centers. Isso ocorre porque, uma vez que os passageiros trocam o carro próprio por uma corrida de aplicativo, eles deixam de usar as vagas nas ruas e em estabelecimentos comerciais da cidade.

Outro ponto analisado pela pesquisa é que os aplicativos também facilitam o acesso das pessoas ao transporte público de massa. Com os aplicativos, as pessoas que moram ou trabalham em regiões mais distantes de estações metrô ou trem acabam tendo uma opção mais veloz para se deslocar até elas. Segundo a 99, 13% das viagens na Grande São Paulo começam ou terminam em estações de trem, de metrô ou em terminais de ônibus.

O estudo foi feito com base em simulações de deslocamento das pessoas em diferentes modos de transporte na Grande São Paulo. Nessas simulações, os pesquisadores incluíram os dados das corridas da 99 e calcularam seus impactos. “O que nós percebemos é que os benefícios variam de acordo com os bairros”, diz o economista Eduardo Haddad, do Núcleo de Economia Regional e Urbana da USP, que liderou a pesquisa. “No centro expandido, o maior ganho é a liberação de vagas de estacionamento. Nas áreas carentes de infraestrutura de transporte público, a maior vantagem é poder chegar às estações de trem e metrô.”

Com uma redução no tempo de deslocamento até os bairros onde estão concentradas as empresas, os passageiros de aplicativo também acabam tendo mais oportunidades de trabalho. Segundo a pesquisa da FIPE, quem utiliza aplicativo tem acesso a 2.000 empregos a mais do que as pessoas que não utilizam.

Ao todo, esses benefícios de aumento de eficiência — o acesso a mais vagas de emprego, a maior facilidade de chegar ao transporte público e a liberação de vagas de estacionamento — equivalem a um impacto econômico de 34,2 milhões de reais para a Grande São Paulo, sem incluir o rendimento dos motoristas. O PIB anual da região metropolitana de São Paulo é estimado em 1 trilhão de reais.

Para Ana Guerrini, diretora de políticas públicas da 99, o estudo é importante porque ajuda a definir algumas estratégias da empresa, para ajudar a servir melhor os passageiros que combinam as corridas do aplicativo com as viagens de metrô e trem para se deslocar na cidade. “A gente almeja integrar mais o aplicativo com o transporte público, porque isso é importante para a cidade e pode ser importante também para os nossos negócios. A ideia da 99 é ser cada vez mais uma plataforma de integração de transporte, e não apenas um aplicativo de carros”, diz.

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