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Órgão dos EUA aponta que Amazon usou algoritmo secreto para manipular preços e elevar lucro

Reguladores da FTC acusam a gigante de tecnologia de abuso de poder de mercado para prejudicar consumidores e vendedores

 (picture alliance/Getty Images)

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André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 3 de novembro de 2023 às 14h43.

Última atualização em 3 de novembro de 2023 às 15h10.

Reguladores antitruste dos Estados Unidos acusaram a Amazon de gerar mais de US$ 1 bilhão em lucros adicionais por meio de um algoritmo secreto que ajustava preços na plataforma. A acusação consta em uma ação movida pela Comissão Federal de Comércio (FTC), que alega o uso de poder monopolista pela empresa para causar prejuízos a consumidores e vendedores.

O processo, apresentado em setembro e cujos detalhes foram expostos na última quinta-feira, 2, descreve o uso do algoritmo conhecido internamente como "Projeto Nessie". A ferramenta, segundo a FTC, era capaz de elevar os preços dos produtos, influenciando assim o mercado como um todo.

O modelo em questão, conforme os reguladores, identificava itens cujos preços poderiam ser igualados por outras lojas online. Ao ser ativado, o "Projeto Nessie" elevava o custo desses produtos, mantendo os preços altos mesmo quando as outras plataformas se ajustavam aos novos valores.

A FTC também colocou em evidência a estratégia da Amazon de desativar pontualmente o algoritmo, em momentos de maior escrutínio público, para depois reativá-lo discretamente. Doug Herrington, CEO da Amazon mundial, teria sugerido a reativação do "Projeto Nessie", com uma lógica de mira renovada, em um período de queda no consumo e alta inflação.

Por outro lado, Tim Doyle, porta-voz da Amazon, defendeu que a queixa da FTC "distorce significativamente" a finalidade da ferramenta, que seria prevenir preços insustentavelmente baixos. Segundo ele, o algoritmo teria sido abandonado há anos.

O caso original apontava ainda que a Amazon penalizava vendedores que ofereciam preços inferiores aos seus e os obrigava a aderir à sua rede logística, considerada custosa, além de direcionar os consumidores para produtos mais caros. A ação é um dos desafios mais significativos da administração de Joe Biden contra o poder de mercado das Big Techs e um teste crítico para a teoria antitruste mais abrangente da presidente da FTC, Lina Khan.

Outras informações desclassificadas incluíam detalhes sobre o crescente negócio de publicidade da Amazon. Jeff Bezos, fundador da empresa, teria orientado os executivos a aumentar os anúncios do tipo "pay to play", que promovem os produtos nas buscas, apesar de alguns serem classificados internamente como  “anúncios indesejados e irrelevantes”.

Essa prática, de acordo com a FTC, gerou impactos negativos para os consumidores, tornando os resultados de busca menos relevantes. O documento cita exemplos de resultados prejudiciais e às vezes "bizarros" dessa estratégia de anúncios, como a exibição de urina de cervo no topo dos resultados patrocinados para um pesquisa de "garrafas de água".

A receita de publicidade da Amazon nos Estados Unidos foi de US$ 1 bilhão em 2015, crescendo para US$ 37,8 bilhões globalmente em 2022.

A FTC ainda citou preocupações de executivos da Amazon sobre as consequências de não pressionar vendedores a utilizar seu serviço de logística e entrega. Um executivo teria expressado uma reação de preocupação ao perceber que uma abordagem mais flexível com os vendedores poderia enfraquecer a vantagem competitiva da empresa nos Estados Unidos.

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