Ônibus britânico: biocombustível que usa borra de café será usado no veículo (johnkellerman/Thinkstock)
Victor Caputo
Publicado em 21 de novembro de 2017 às 14h58.
Os icônicos ônibus vermelhos de dois andares de Londres em breve rodarão com um biocombustível feito parcialmente de borra de café.
O combustível será fornecido por um projeto de demonstração criado pela Bio-bean, uma empresa com sede em Londres que se uniu à Royal Dutch Shell para a iniciativa. Serão produzidos 6.000 litros do combustível por ano.
“A borra de café tem um conteúdo de óleo elevado, 20 por cento de óleo em peso, por isso é, de fato, uma matéria-prima excelente para o biodiesel”, disse Arthur Kay, fundador da Bio-bean, em entrevista, por telefone.
Com o aumento da pressão pública contra o uso de alimentos como combustível, as empresas estão se concentrando cada vez mais em biocombustíveis produzidos a partir de resíduos, como óleo de cozinha usado e plantas não comestíveis. Algumas culturas, como o milho e a cana-de-açúcar, são transformadas em etanol para serem queimados nos motores, com mercados consideráveis em algumas partes dos EUA e da América do Sul.
A Bio-bean fechou parcerias com milhares de cafeterias no Reino Unido, como Costa Coffee e Caffe Nero, para a coleta de borra. O Reino Unido produz 500.000 toneladas por ano, segundo Kay. A empresa controladora da Caffe Nero é a Italian Coffee Holdings, com sede em Londres.
A borra é convertida em biocombustível na fábrica da empresa em Cambridgeshire e misturada ao diesel comum, representando 20 por cento do produto final. Em seguida, o material é enviado a um tanque central no qual os ônibus de Londres são reabastecidos.
A empresa também fabrica um pellet sólido de biomassa e briquete para uso em aquecimento doméstico e fogões, produzindo 50.000 toneladas por ano.
“Trata-se de uma matéria-prima boa também para os nossos outros produtos, por exemplo, porque está cheia de energia, tem um conteúdo calorífico superior ao da madeira”, disse Kay.
A Bio-bean foi fundada em 2013 e tem recebido financiamento do governo britânico, da Shell e de investidores privados. A empresa planeja expandir-se pelo Reino Unido e, futuramente, pela Europa continental e pelos EUA.
“Basicamente procuramos lugares onde se beba muito café”, disse Kay. “Nossos planos de expansão primários estão baseados ao redor de onde há fábricas de café instantâneo.”