Rafael Cintra, da Samsung; César Padilha Filho, da NET; Lúcio Pereira, da Sony; e José Dias, da Rede Globo, falam sobre o 3D com o jornalista Maurício Grego, redator-chefe da revista Info (.)
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2010 às 19h49.
São Paulo - Na década de 1950, a indústria do cinema descobriu o 3D, e a novidade parecia ter revolucionado o modo de fazer filmes - até 60 produções com o efeito chegaram a ser produzidos por ano na época. Mas a onda não passou de modismo, e o 3D acabou no limbo durante quase seis décadas. Agora, com uma série de novas tecnologias, as produções que saltam das telas voltaram a ganhar atenção da indústria, que passou a investir no lançamento de tevês, projetores, câmeras e games, entre outros produtos, que trazem o efeito da tridimensionalidade. Será que o 3D finalmente vai moldar a indústria do entretenimento ou tudo não passa de uma nova nuvem passageira?
A pergunta foi o tema central de um debate realizado hoje no evento Info@Trends, em São Paulo. E entre Rafael Cintra, gerente sênior de produto para TVs da Samsung; Lúcio Pereira, gerente de comunicação e propaganda da Sony; José Dias, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Rede Globo; e César Padilha Filho, diretor de produtos da NET, é consenso: agora o 3D veio para ficar.
Todas as empresas representadas no painel têm iniciativas voltadas para a consolidação do modelo. "No cinema o 3D já é uma realidade consolidada. Filmes como foi com Alice no País das Maravilhas e Fúria de Titãs [gravados em 2D e convertidos para 3D] mostraram que o ideal é fazer a gravação com duas câmeras [o chamado 3D nativo]. Na televisão ainda falta a definição de um padrão para a transmissão", explicou Dias. A Rede Globo, em parceria com a NET e a Sony, já realizou testes de transmissão do carnaval deste ano em 3D. Na ocasião, a tecnologia adotada foi a chamada "side-by-side", na qual duas imagens - que representam a visão do olho direito e esquerdo - são transmitidas em um mesmo canal, com a metade da banda para cada uma.
A afirmação dos entrevistados quanto a consolidação definitiva do 3D não é mera especulação. Cintra, da Samsung, levou dados que mostram uma tendência de inserção cada vez maior do modelo no mercado do entretenimento. A empresa, primeira a vender televisores 3D no Brasil, disse que nos Estados Unidos, a venda de aparelhos 3D representa 10% do mercado neste ano. A previsão para 2011 é que 30% das tevês vendidas tenham o recurso. No cinema, enquanto apenas 15 filmes foram produzidos em 3D entre 2005 e 2008, somente neste ano serão 70. "As novas tecnologias são adotadas com cada vez mais rapidez", afirmou Cintra. Segundo ele, o crescimento no uso de tevê digital e televisores de LED comprovam essa tendência.
No segmento de videogames, o 3D também tem tudo para emplacar, segundo o representante da Sony, fabricante do PlayStation 3. De acordo com Pereira, com um televisor compatível com a tecnologia, as dezenas de milhões de usuários do PS3 só precisam atualizar o firmware (software) do console para poder rodar jogos tridimensionais. "Assim, a curva da adoção da tecnologia já começa lá em cima", disse.
Além do preço proibitivo, por enquanto, a falta de conteúdo disponível em 3D é o principal obstáculo para a adoção em massa da tecnologia por parte dos consumidores. Padilha, da NET, garantiu que até o fim do ano a empresa começa a resolver esse problema, disponibilizando conteúdo próprio para televisores 3D, embora ainda não 24 horas por dia. "Em um primeiro momento teremos material disponível sob demanda", disse. Por enquanto, ele estima que a produção de um vídeo em 3D é entre 20% e 30% mais caro do que o de um filme convencional. "Mas essa diferença obviamente cai a medida que a tecnologia passa a se tornar mais popular".
Enquanto não há muita produção em 3D, uma saída é fazer a conversão de imagens produzidas em 2D. A Rede Globo já fez testes nesse sentido com partidas de futebol e capítulos da novela Caminho das Índias. "Embora não seja a mesma coisa que um 3D nativo, o resultado é bastante agradável", afirmou Dias. Televisores da Samsung vendidos no Brasil trazem o recurso de conversão automática integrado ao próprio aparelho. Por enquanto, a tecnologia está presente em nos produtos top de linha da empresa, mas a partir do ano que vem ela também deve chegar aos aparelhos mais baratos, segundo Cintra.
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