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Procurador-geral dos EUA reclama do uso de criptografia por empresas de tecnologia

Procurador-geral e responsável pelo Departamento de Justiça no governo Obama defendeu a existência das backdoors para facilitar o trabalho de oficias da lei

eric (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2014 às 19h07.

A popularização da criptografia entre as principais empresas de tecnologia não deixou oficiais da lei e da justiça dos EUA muito contentes. Tanto que, depois de Google e Apple anunciarem novidades relacionadas à proteção de dados de seus usuários, o diretor do FBI James Corney veio a público para demonstrar seu descontentamento. E nesta última terça-feira, ele ganhou a companhia de Eric Holder, procurador-geral e responsável pelo Departamento de Justiça no governo Obama.

Holder defendeu sua posição durante uma convenção sobre abuso sexual de menores. De acordo com o The Washington Post, o oficial afirmou, no evento, que essas novas formas de criptografia adotadas pelas empresas para manter oficiais longe “dificultam a investigação de casos envolvendo sequestradores e pedófilos, colocando crianças cada vez mais em risco”.

Segundo ele, as empresas seriam capazes de proteger a privacidade dos usuários sem atrapalhar o trabalho de policiais e investigadores. “Quando uma criança está em perigo, oficiais da lei devem ser capazes de tomar toda e qualquer medida legal para encontrar rapidamente e proteger o menor”, disse o procurador durante a conferência. “É preocupante ver empresas dificultando esse processo."

A justificativa e o argumento contrário ao bloqueio completo de acesso, segundo a reportagem, vieram depois. Holder afirmou que, “em alguns casos, criminosos têm usado o armazenamento em nuvem para armazenar dezenas de milhares de imagens e vídeos facilmente longe de suas casas ou empresas". E muitos deles "se aproveitam de tecnologias de criptografia e anonimato para disfarçar a troca de materiais e suas localizações", concluiu. Por isso, as backdoors – portas de entrada deixadas para a entrada da polícia – em software e produtos seriam tão necessárias.

Mas apesar de tocar no assunto, Holder não chegou a citar nomes de empresas e nem o monitoramento em massa dos EUA, que veio à tona no ano passado. Arquivos vazados por Edward Snowden mostraram que algumas empresas chegaram a abrir esses “buracos” para oficiais, que também os criavam por conta própria em alguns produtos. O problema é que, se descobertas, as brechas possivelmente abertas para a lei poderiam servir como porta de entrada para invasores – e, consequentemente, representar um risco para a segurança dos usuários.

Ainda assim, apesar dos esforços de algumas empresas de tecnologia, o governo norte-americano ainda tem acesso a uma boa quantidade de informações, como destacou o Washington Post. Arquivos mantidos na nuvem do iCloud, por exemplo, ainda podem ser acessados com um mandato, assim como registros de ligações mantidos por operadoras de telecomunicação. Fora que não há nada que impeça agentes de utilizar programas que ajudam decifrar conteúdos bloqueados.

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