EXAME.com (EXAME.com)
Maurício Grego
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h30.
Agora que o Windows XP está nas lojas, é hora de decidir se vale ou não a pena fazer esse upgrade. Para ajudá-lo a responder a essa pergunta, o INFOLAB avaliou a edição Home do sistema operacional, recomendada para uso pessoal, já na sua versão final em português. O teste confirma o que já havia sido observado nas versões beta: os travamentos do micro, que tanto incomodam os usuários de Windows 98 e Me, praticamente somem com o XP. Mas, ao lado dessa ótima notícia, há outras desagradáveis. Existem softwares e componentes de hardware mais antigos que não são compatíveis com o novo sistema. E o usuário ainda tem de engolir o incômodo processo de ativação implantado pela Microsoft para dificultar a pirataria. Leia, a seguir, os detalhes do teste. E decida se esse upgrade é mesmo para você.
Para o usuário doméstico, a principal novidade do Windows XP e a razão número 1 para fazer o upgrade é a melhor confiabilidade. Nos testes feitos pelo INFOLAB desde as versões beta, o Windows XP não travou nenhuma vez. Isso não significa que não possa travar. Não existe um sistema 100% confiável. Mas o avanço em relação ao Windows 98 ou Me é notável. O XP só não ganha a nota máxima nesse item por causa de uma deficiência no tratamento de certos erros. Às vezes, o sistema congela temporariamente enquanto espera pela resposta de algum programa ou de um servidor de rede, o que acaba irritando o usuário. Isso também acontece no Windows 2000, que tem praticamente o mesmo núcleo do XP. Nos casos observados pelo INFOLAB, o sistema voltou a funcionar depois de um certo tempo. Além de ser mais confiável, o XP aproveita melhor o hardware que o Windows 98 ou Me. O resultado é que aplicativos como o Word e o Excel, da Microsoft, e o Photoshop, da Adobe, têm um ganho de velocidade entre 5 e 15%.
A interface com o usuário foi redesenhada e ficou mais elegante e funcional no XP. As mudanças começam no menu Iniciar. Os ícones que representam os programas e as pastas foram agrupados em categorias. Além disso, o sistema coloca em evidência os aplicativos recentemente utilizados e mantém os outros inicialmente ocultos. Os ícones, também redesenhados, mostram mais claramente a que se referem. Em comparação com as longas listas exibidas pelo menu Iniciar do Windows 98, ficou mais fácil encontrar um determinado programa ou pasta. Uma reorganização semelhante foi feita no Painel de Controle, onde os ícones estão, agora, agrupados em categorias.
A aparência-padrão do Windows XP, onde predomina um azul berrante, chama bastante a atenção. Mas o usuário pode alterar a tela aplicando temas ou criando suas próprias combinações de cores. Existe, inclusive, um tema que deixa o XP com a aparência do Windows 98. Uma mudança mais importante está na organização das janelas que mostram o conteúdo das pastas. Como o menu Iniciar, elas são divididas em múltiplos painéis. Numa faixa vertical à esquerda, são exibidos comandos referentes ao arquivo selecionado. No caso de um arquivo de imagem, por exemplo, aparecem comandos para imprimir, enviar por e-mail, copiar e outros.
Há algumas funções e utilitários novos no Windows XP. Ele pode, por exemplo, gravar cds, algo que exige um programa à parte no Windows 98 ou Me. Sem dúvida, o Assistente para Gravação de cd do XP não chega aos pés, por exemplo, do Easy CD Creator, da Adaptec, mas é suficiente para a maioria dos usuários. Seguindo o exemplo da Apple, a Microsoft também agregou um editor de filmes ao sistema operacional, o Movie Maker. Não é, assim, um Adobe Premiere. Mas, para o usuário doméstico, que quer dar um trato no filminho que fez no fim de semana, funciona. Alguns utilitários estão em versões novas. É o caso do Windows Media Player e do Desfragmentador de Disco.
O Windows XP facilita as coisas quando várias pessoas usam o mesmo computador. De forma semelhante ao Mac OS X, ele apresenta, quando o micro é ligado, uma tela de login com ícones representando cada usuário. Um administrador pode estabelecer restrições ao que cada pessoa pode fazer no sistema e ainda criar senhas para proteger as configurações feitas.
Dois acréscimos que são um prato cheio para quem gosta de acusar a Microsoft de abusar do seu monopólio são o Windows Messenger, para mensagens instantâneas, e o MSN Explorer, um browser para leigos. Ambos remetem o usuário à MSN, o portal da Microsoft na web. Há outros links que tentam empurrar serviços da Microsoft. Na pasta Minhas Músicas, por exemplo, há um comando para comprar música online. Quando ele é ativado, o navegador abre o site WindowsMedia.com. De qualquer modo, o Messenger e o MSN Explorer podem ser removidos do sistema. Aliás, o navegador Internet Explorer, diferentemente do que acontece no Windows 98, também pode ser removido.
A Microsoft desenvolveu o Windows XP sobre o núcleo do Windows 2000, que é 100% 32 bits. Finalmente, o usuário pode se livrar do código de 16 bits que se mantinha, no Windows 98, como uma incômoda herança dos tempos do DOS. Isso melhora a confiabilidade e o desempenho, mas traz uma perda de compatibilidade com aplicativos antigos. De fato, uma verificação de compatibilidade deve ser feita antes da instalação do Windows XP. O próprio programa instalador se encarrega disso, mas o usuário também pode iniciar essa verificação manualmente. Se houver uma conexão com a internet disponível, o programa faz o download de drivers atualizados para alguns dispositivos.
Num dos testes do INFOLAB, a verificação apontou, por exemplo, que o firewall BlackIce Defender precisaria ser atualizado e o Musicmatch Jukebox reinstalado. O verificador, chamado de Supervisor de Atualização, também indicou que o Norton AntiVirus deveria ser desinstalado e alertou para possíveis problemas com o Partition Magic. O Outlook 2000 também precisou ser reinstalado após o upgrade, apesar de ser um aplicativo da própria Microsoft e relativamente recente.
O INFOLAB não teve problemas para rodar jogos como Unreal Tournament ou Red Alert 2, que usam tecnologia DirectX ou OpenGL. Browsers como o Netscape e o Opera, aplicativos de empresas como Adobe e Macromedia e vários sharewares também funcionaram sem problemas. Mas, se você é adepto de velhos jogos em DOS, como Quake 1 e Abuse, pode esquecer o Windows XP. Eles não funcionam no novo sistema. E softwares como antivírus e utilitários de backup vão, quase com certeza, precisar ser atualizados, o que pode implicar gastos adicionais.
Após várias instalações em micros diferentes, foi possível constatar que quem tem um micro, digamos, com menos de três anos de idade, deve conseguir fazer a atualização sem grandes traumas. Quase todos os problemas podem ser resolvidos com alguma atualização de software. Para máquinas mais velhas, as chances são maiores de algum componente de hardware não funcionar corretamente. Se isso acontecer, o caminho é procurar o site do fabricante desse componente na web e tentar achar um driver atualizado.
Há dois pontos negativos que merecem ser mencionados. O primeiro é o mecanismo de ativação implantado pela Microsoft para dificultar a pirataria. Esse mecanismo - o mesmo que é usado no Office 2000 e no Office XP - pode impedir o funcionamento do sistema se houver uma mudança significativa no hardware. Neste caso, o usuário vai ter de entrar em contato com a Microsoft. A ativação também impede que alguém use a mesma cópia do Windows em duas máquinas. O outro ponto negativo é o preço. Para quem comprou o Windows Me há menos de dois anos, gastar mais 306 reais para fazer outro upgrade é duro de engolir.
Considerando tudo isso, a atualização vale a pena? Se seu micro tem uma configuração à altura do XP (veja o quadro Seu micro encara o XP?), você não tem a intenção de rodar aplicativos antigos e tem problemas constantes de travamento da máquina, então vale. O ganho de estabilidade deve proporcionar a sensação de estar usando um computador melhor. Se você tem um PC meio antigo ou está razoavelmente satisfeito com seu Windows atual, é melhor esperar pela próxima troca de micro para ter o XP.
| Windows XP Home Edition |
Fabricante | Microsoft |
O que é: sistema operacional para PCs de uso pessoal | |
Pró: mais estável que o Windows 98/Me | |
Contra: parte do hardware e dos aplicativos existentes não funcionam bem com o novo sistema | |
Interface com o usuário |
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Aplicativos e ferramentas incluídos |
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Estabilidade |
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Compatibilidade com aplicativos e hardware |
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Avaliação final(1) |
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Preço (R$)(2) | Instalação completa: 589 Atualização: 306 |
Onde encontrar | Microsoft www.micro soft.com/brasil (11) 5853-2345 |
PÉSSIMO FRACO REGULAR BOM ÓTIMO | |
(1) Média ponderada considerando os seguintes itens e respectivos pesos: Interface com o usuário (25%), Aplicativos e ferramentas incluídos (25%), Estabilidade (25%) e Compatibilidade com aplicativos e hardware (25%) (2) Média dos preços nas lojas Americanas.com, Brasoftware e Submarino no dia 19 de outubro |
Seu micro encara o XP?
Para um bom desempenho com Windows XP, é preciso ter pelo menos um processador de 500 MHz, 128 MB de memória e um monitor de 15 polegadas. A instalação requer 1,5 GB de espaço livre no disco. A atualização só é possível em micros que rodam Windows 98 ou Me. Para verificar se há componentes incompatíveis, o caminho é procurar pelos itens de hardware e software suspeitos no site da Microsoft em inglês (windows.microsoft. com/windowsxp/compatcenter/ en). Quem tiver o cd do Windows XP à mão deve rodar o Supervisor de Atualização para fazer essa verificação. Quem usa o Windows em inglês pode fazer o download de uma versão desse programa específica para esse idioma no site da Microsoft (www.microsoft. com/windowsxp/ home/howtobuy/ upgrading/ advisor.asp).