Tecnologia

O que aconteceu com a CCE? Marca de eletroeletrônicos chegou a vender notebooks antes de sumir

Empresa marcou a história do mercado nacional com produtos acessíveis, mas não conseguiu se adaptar às rápidas mudanças tecnológicas e à crescente concorrência, resultando no seu desaparecimento do varejo

Publicado em 29 de julho de 2025 às 14h06.

Fundada em 1964, por Isaac Sverner, a CCE (Comércio de Componentes Eletrônicos) foi uma marca brasileira que desempenhou um papel importante na popularização da tecnologia no país, principalmente por ofertar alternativas de menor custo para o consumidor local.

Originalmente focada na importação e comercialização de componentes eletrônicos, a empresa se diversificou ao longo das décadas, passando a fabricar sistemas modulares de áudio, televisores e videogames. Focando na acessibilidade, muitos de seus produtos eram considerados inferiores aos da Gradiente.

Em 2006, CCE entrou no mercado de notebooks com a divisão "CCE Info" (Internet / Reprodução)

Nos anos 1980, a CCE ganhou destaque ao lançar consoles compatíveis com o Atari 2600 e o Nintendo 8 bits, criando uma base fiel de consumidores, especialmente entre a classe média. Na década seguinte, a empresa expandiu sua atuação para o mercado de eletrodomésticos, fabricando freezers, geladeiras e micro-ondas, consolidando sua presença nas casas brasileiras com produtos acessíveis.

Entrada no mercado de notebooks

Em 2006, a CCE entrou no mercado de notebooks com a divisão "CCE Info", focando em computadores pessoais de baixo custo. A marca procurava diversificar sua oferta para se manter competitiva em um mercado transformado pela popularização desses dispositivos.

Apesar da proposta de oferecer produtos com bom custo-benefício, a qualidade inferior e a forte concorrência, especialmente de marcas internacionais, prejudicaram a trajetória da empresa. A falta de adaptação às rápidas mudanças tecnológicas fez com que a marca perdesse relevância no mercado.

Em 2012, a CCE chegou a ser vendida para a chinesa Lenovo por R$ 300 milhões (atualmente, pouco menos de R$ 700 milhões), que a adquiriu em uma tentativa de fortalecer sua presença no Brasil. No entanto, após três anos, o controle foi devolvido para a família Sverner, devido à falta de sucesso na operação. Ainda em 2015, a CCE deixou de lançar televisores próprios, encerrando sua linha de produtos mais populares.

Hoje, a CCE praticamente desapareceu das prateleiras do varejo, mas sua contribuição para a indústria de eletrônicos e para o acesso à tecnologia no Brasil ainda é lembrada, embora também seja associada a apelidos pejorativos como "Começou Comprando Errado" e "Conserta, Conserta, Estraga".

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